Entre o Cuidado e o Controle: Reflexões sobre Autonomia e Segurança Psicológica nas Organizações"

Entre o Cuidado e o Controle: Reflexões sobre Autonomia e Segurança Psicológica nas Organizações"

O filme Si può fare, ao retratar a transformação das práticas psiquiátricas na Itália, nos convida a refletir sobre a lógica manicomial e o quanto ela ainda pode se manifestar, de forma sutil, em diferentes contextos institucionais, incluindo as organizações. Durante a reforma psiquiátrica iniciada na década de 1970, tanto na Itália quanto no Brasil, o objetivo era humanizar o cuidado em saúde mental, rompendo com práticas de isolamento e controle rígido. No entanto, a persistência de uma lógica autoritária pode ser percebida, não apenas na saúde, mas também na gestão de equipes em empresas e organizações.

 Dentro do contexto organizacional, práticas de microgerenciamento e controle excessivo muitas vezes justificam-se como “cuidado” ou “acompanhamento”, mas podem comprometer a autonomia e inibir a inovação dos profissionais. Este ambiente de controle é o oposto do que Amy Edmondson chama de “segurança psicológica”: um estado onde a equipe sente liberdade para expressar ideias e cometer erros sem medo de retaliação. Sem essa segurança, o medo e a tensão dificultam a cooperação genuína e a criatividade.

 Assim como os movimentos antimanicomiais buscaram uma abordagem mais inclusiva e respeitosa para as pessoas em sofrimento psíquico, as organizações também podem refletir sobre formas de promover ambientes mais acolhedores. Uma gestão que realmente valorize a equipe deve encorajar a autonomia e cultivar uma cultura de apoio e respeito. Em um ambiente psicologicamente seguro, a escuta e a liberdade de expressão se tornam essenciais, promovendo um espaço onde todos se sintam valorizados e possam contribuir de forma plena.

 

Grace Oliveira

Especialista de Desenvolvimento Humano e Organizacional | Consultora de Educação Corporativa | Gente e Gestão | T&D | Psicóloga

1 m

Excelente! Esse controle excessivo além de limitar a autonomia e segurança psicológica, passa a descaracterizar o indivíduo, o distanciando de sua satisfação pessoal.

Belo texto Sil! Gostei muito da conexão no seu texto da pauta antimanicomial com a atual relação dos trabalhadores no ambiente organizacional. Abordar discussões sobre este contexto, adentra para várias nuances e vertentes, que seguem a mesma lógica.

Gabriella De Andrade Almendros Rego

Psicóloga Recém formada- Acompanhante Terapêutico

1 m

Orgulho em fazer parte dessa liga

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