A EPIFANIA DE UM LIDER
Disseram que liderança é arte, magia, erupções de genialidade e muito mais e ele, o sujeito que apenas queria ser um bom líder, acreditou. Querendo saber mais, consumiu dias e noites em leituras sobre “democracia”, “autocracia”, “laissez-faire” e coisinhas do gênero, que faziam sucesso nas livrarias e cursos sobre liderança desde os primeiros dias dos anos 1950. Quando pensou que tinha aprendido, impuseram o comportamento situacional na Liderança, uma pérola dos anos 1980, e ele ainda teve que livrar-se do Líder-Minuto, febre solta, sorrateira, que veio lá do hemisfério norte nos anos 1970. Atônito, tentou ser situacional como líder e, diante dos estilos situacionais que cultivou, teve que amargar acusações de que “não tinha personalidade”, que era “um maria-vai-com-as-outras” e um “morde e assopra”, Sempre bem intencionado, procurou ajustar-se ao que via, ouvia e lia a respeito de padrões de liderança: o que estava em voga, qual o comportamento de liderança capaz de levar os funcionários para desempenhos de alto nível? Seu coração quase parou quando viu na vitrine da livraria do aeroporto dois livros em que supôs estar a resposta: um falava de um sujeito que virou monge ou de um monge que virou líder, nunca entendeu direito, e o outro louvava o líder seguidor. Lendo o primeiro ficou confuso ao autoavaliar-se como pouco tendente para comportamentos monásticos ou próximos disso e, imediatamente após, entendeu que jamais seria um bom líder porque lhe faltavam predicados mais aderentes a paradigmas de virtudes. Mais adiante deparou com a louvação aos modelos femininos de liderança, diante dos quais se viu miúdo, por questões puramente biológicas e, mal refeito do impacto, teve que acompanhar palestras que postulavam o aprender com os animais as formas pela quais lideravam os demais das suas espécies e que, em outras atividades de treinamento, teve que estudar o Código Bushidô dos samurais . E quase desistiu de vez, ao receber o golpe inesperado na sua lucidez: durante duas horas ouviu um palestrante louvando o código de conduta e lideranças nos presídios, segundo ele, simples,direto e 100% eficaz!.Então, no silencio de pós expediente, na quietude e desamparo da sua sala, já começando a digitar seu pedido de renúncia a funções de gestão de pessoas, eis que o “líder perdido” sentiu ventos de inspiração, um alento vindo não sabia de onde, mas que se lhe despejou pela mente de maneira suave uma espécie de luz. E foi ela que o fez perceber que para ser um bom líder não precisava nada de mágico, supra-humano, metafísico, quântico, místico-transcendental ou ser um messias disruptor! Então se deu conta de que o bom líder é um profissional que se mantém nos estritos limites da ética que envolve os direitos e valores humanos, que fomenta e sustenta o espírito de equipe, que estimula e apoia o esforço para alcançar metas e objetivos, enquanto desenvolve competências e liberta o talento daqueles com quem trabalha!