Era apenas um jogo?

Era apenas um jogo?

São 22:20 de uma quarta-feira. Você está assistindo a um jogo de futebol onde o seu time está numa fase eliminatória da competição. No primeiro jogo o time adversário ganhou por 1x0. O jogo está truncado, difícil. Você está torcendo muito mas, tem sido em vão.  

O oponente está na vantagem mas, não parece. Vai pra cima, os jogadores estão atentos a cada jogada. Disputam cada bola como se fosse a última.

O técnico do seu time esbraveja na beira do campo. Passa as instruções - "Gira a bola! Gira a bola", "Avança!", "Vamos lá, Fulano!", "Desce, Sicrano!" - mas não é ouvido. Talvez, o som da torcida esteja abafando a sua voz.

Você olha pra seu time em campo e não acredita. Um jogador toca a bola e o outro deixa a bola passar por baixo do pé. Restam 15 minutos para encerrar a primeira etapa. A bola sai na lateral e a reposição é demorada. Tiro de meta e o goleiro não sabe se dá chutão ou se inicia ali mesmo, com o zagueiro central? Você já não tem mais unha! Já reclamou do juiz, jogador, técnico, presidente de clube... O juiz apita o fim do primeiro tempo e não dá nada de acréscimo. Revoltante!

No intervalo, o técnico muda o esquema tático. Conversa com seus jogadores, pede foco e mostra o direcionamento, o objetivo final! - "Temos chances!" - Ele não faz substituição pois, entende que os jogadores que estão em campo são os melhores. Deseja que o time volte a campo com outro espírito. Com garra e determinação para vencer! Ele sabe que mantendo essa equipe as vaias e as reclamações sobre ele, aumentarão. Ele é co-responsável pela vitória ou derrota. Mas, não o único. Na história do porco e da galinha ele, certamente, é porco!

O time volta a campo. Parece outro time, mais engajado, movimentação intensa. O descanso no intervalo fez bem! Talvez todos tenham lembrado da importância de cada um no resultado. Do que isso implicaria em suas vidas e na dos seus familiares. Estão, literalmente, com sangue nos olhos.

Num avanço do meia-central, ele recebe a bola, chuta cruzado no meio da área e o atacante, que achávamos nem ter entrado em campo, coloca para dentro. 1 x 1, ainda tem jogo!

A torcida vibra, você vai a loucura, acredita fielmente que os ventos mudaram e agora sopram a favor! Sua alegria é tamanha, a raiva virou uma pequena apreensão em cada avanço do time adversário, frustrado por uma zaga atenta, rápida na saída e laterais disponíveis avançando como se não tivessem jogado os primeiros 45min.

Agora, vou te dar duas escolhas de continuação dessa história:

  1. [Não deu outra. Time forte, focado, atento em cada jogada, disputando todas as bolas... no final tudo deu certo. 2x1, podia ter doído menos!]
  2. [Mas, nem todos estavam nessa mesma "vibe". O volante recebe a bola no meio de campo e vai fazer um recuo sem nem olhar para os lados. A bola vai meio que "lascada". O atacante adversário, ainda com a vibração do primeiro tempo que fez, corre, chega primeiro que o goleiro. Já não dá mais. Gol do time adversário! Minutos finais e o jogo acaba. Você não entende. Sua euforia de outrora se mistura a frustração de agora. Você não esboça nenhuma reação, desliga a TV e vai embora dormir.]

Não tem apenas esses dois finais. Vários são possíveis. Crie o seu, coloque aqui nos comentários ou me marca em sua publicação.

A questão é que é assim que muitas equipes estão funcionando atualmente. Para para conversar, aliviar o stress de estar vidrado na tela do computador vendo linhas de código, mas não repõe a bola rapidamente para retomar o jogo e partir para cima do adversário. Para para tomar um café, olhar a rua, comer um biscoito, mas quando volta para o campo, já não sabe que lado do campo é o seu ataque. Se perde nas olhadas nas redes sociais, divaga entre uma imagem e outra, um vídeo e outro, uma história e outra. 

Falta foco, objetividade e, por que não dizer, comprometimento.

Quando perceber, o adversário já terá feito outro gol e liquidado a partida. Seu time está eliminado! Sua decepção é evidente. Mas, agora não tem do que reclamar. É esperar o próximo campeonato ou, quem sabe, um novo time.

E aí, que time você está jogando? Você entrou em campo ou está dando mole para a equipe adversária?

Para você, isso é apenas um jogo?

Daniel Machado

Consultor de Implantação | CS | Sql Server | VBA | Access |

5 a

Grande Noaldo Sales , excelente comparação desta realidade de muitas empresas. Como estamos falando de pessoas, eu acredito que comprometimento do colaborador é o alicerce pra um bom desempenho profissional. Mas o técnico como foi mencionado no texto ou até mesmo as empresas, precisam conhecer o perfil comportamental do seu colaborador. De repende a equipe não está entrosada ou rendendo o esperado devido a uma escalação errada. Vou além pegando um gancho no seu texto. É correto culpar a crise financeira no mundo como causa principal do fracasso de muitas empresas ? Será se a empresa está fazendo o seu dever de casa tanto na gestão administrativa como na gestão das PESSOAS ?

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