Era da informação e uma civilização ansiosa
Todo ser tem um limite de informações que consegue processar num determinado espaço de tempo, assim como é limitada a quantidade de água e alimento que conseguimos ingerir de uma vez sem prejuízos para nossa saúde e integridade.
O fato é que a quantidade de informação disponível e as formas de acessá-la aumentou muito, e continua aumentando. E não fomos e, continuamos não sendo, capazes de administrar esta enxurrada de dados sobre tudo. Não é à toa que a Inteligência Artificial está sendo tão aclamada como a solução para toda operação que envolve um volume de informações maior do que um homem é capaz de processar em uma vida.
"Três artigos recentes publicados pela Nvidia, pela Google DeepMind e pela Huawei apresentaram métodos de machine learning que são capazes de prever o tempo tão precisamente quanto métodos tradicionais, só que muito mais rápido. Ainda este mês, eu escrevi uma matéria sobre o Pangu-Weather, modelo de IA desenvolvido pela Huawei que é capaz de prever não apenas o tempo, como também as rotas de ciclones tropicais."1
Mais do que isso, existe uma coerção social, velada ou explícita, para que estejamos sempre atualizados e disponíveis a receber, acessar e enviar informação. Nathan Shedroff em seu artigo Formas de ansiedade de informação, afirma o seguinte:
Recebemos poucos recursos para lidar com a ideia generalizada, mas equivocada, de que quanto mais uma pessoa sabe, mais vantagens ela obtém e melhor ela será. Só alguém com muita personalidade consegue contrariar a supremacia deste requisito cultural tácito da cidadania pós-1900.
E Shedroff conclui:
Para terminar, a ansiedade de informação tem a ver com a maneira de nos relacionarmos com os dados à nossa volta. É algo pessoal.
Como tudo na vida, precisamos dedicar tempo e atenção a como lidamos com esse volume expressivo de dados, assim como administramos a quantidade de dinheiro que ganhamos e o volume de energia disponível para todas as atividades que planejamos. Afinal, todos queremos ter sucesso e, muitas vezes, ele é atrelado ao fato de sabermos de tudo, de estarmos hiperatualizados. No entanto, o que pode significar êxito no trabalho, pode representar fracasso nos relacionamentos ou na saúde.
Por isso, prefiro tratar de máxima performance ao invés de sucesso, mas vamos entender o porquê.
Sucesso no conceito da sociedade contemporânea
O termo sucesso pode ser traduzido como ter êxito em alguma coisa; ter um resultado feliz em algo; conseguir chegar ao fim de uma empreitada. No entanto, a palavra sucesso é principalmente atrelada à carreira e à profissão de uma pessoa, ou à quantidade de dinheiro que ela é capaz de acumular, não importando, por exemplo, como a pessoa está em outras áreas da vida, como em sua saúde física e mental, em seus relacionamentos com a família, com os amigos e consigo mesma.
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Podemos ver sucesso como o alcance de qualquer resultado que almejamos fruto de nossas ações. Se tivermos como pressuposto que estamos em constante aprendizado e, que, o erro vai apenas nos permitir eliminar uma das milhares de opções e caminhos possíveis, isso vai nos aproximar do resultado que queremos.
Ter êxito ou resultado satisfatório em algo pode ser, por exemplo, conseguir uma demissão. Embora este resultado pareça intrinsecamente ruim, caso o funcionário esteja insatisfeito com seu emprego, ser mandado embora será uma vitória. Tudo vai depender das expectativas do indivíduo e de seu propósito.
Por isso, faz-se necessário diferenciar sucesso no ponto de vista da sociedade contemporânea, de máxima performance.
O conceito de máxima performance é o de um desempenho excelente em tudo o que o indivíduo fizer. Significa ser o mais bem sucedido profissionalmente que você puder ser mantendo bons relacionamentos, estabilidade financeira, saúde e qualidade de vida. E, é claro, que não estaremos sempre 100% na curva do sucesso. A vida é movimento e cada área da vida sofre influência das demais.
Assim, concluímos que, para o sucesso que a sociedade espera de nós, não precisamos necessariamente saber descontrair, mas para alcançar nosso máximo potencial naquilo que escolhermos, sim. Caso contrário, descontaremos o cansaço e o estresse (para atingir o melhor desempenho profissional e remuneração, por exemplo), nas pessoas que mais amamos, cônjuges, amigos, familiares. Quando isso acontece, existe uma divergência entre a satisfação por atender às exigências do grupo e desrespeitar seus próprios valores e princípios.
Mas, por que temos tanta necessidade de atender às expectativas da sociedade?
O próximo artigo fala sobre isso.
****Notas