A Era das Reprises
Em um final de semana próximo você pode ir ao cinema assistir As Panteras, sair para um show de Sandy e Junior, ou até mesmo viajar para acompanhar uma das novas apresentações dos Jonas Brothers. Não, você não voltou no tempo, nem tampouco, está sonhando. Os clássicos são a grande novidade do mercado.
Grandes sucessos de vendas estão recebendo reedições na moda, no cinema, na indústria fonográfica e em diversas outras esferas do mercado. Mas qual seria o principal motivo disso? Uma simples coincidência, uma nova tendência, ou uma clara dificuldade de lançamentos de novos hits.
Já abordei a temática da Cauda Longa de Chris Anderson em alguns outros artigos, mas acredito que ela está muito presente nesse novo momento. Segundo o autor, haveria uma migração de um mercado de hits, para um mercado de nichos. Com o desenvolvimento da tecnologia, não seriam mais necessárias produções milionárias de um filme para que fosse um sucesso absoluto de bilheteria no cinema e nas locadoras, tendo em vista que os sistemas de streaming não possuem mais quase custo algum para armazenar uma infinidade de títulos. Sendo assim, cada vez mais, seriam produzidos materiais específicos para públicos específicos em todas as áreas.
Isso de fato aconteceu. Hoje cada nicho de público tem o direito de consumir exatamente algo feito para seu gosto individual. O que diminuiu a presença de produtos globais, ou mesmo nacionais. Hoje cada segmento possui o seu próprio hit.
Porém, o mercado ainda teima em se adequar a essa realidade e, diante de uma série de insucessos em criar a próxima estrela pop ou o próximo sucesso de bilheteria, a estratégia do momento é a reedição de ícones globais.
Tal fundamentação gerará lucros a curto prazo e agradará milhares de fãs. Mas só torna seus realizadores tão atrasados quanto os sucessos que estão reeditando. As organizações que, em contrapartida, estão preocupadas em desenvolver produtos para públicos específicos e, assim, gerar valor em uma cadeia maior, estão passos a frente das que seguem a atual tendência de mercado. Você dificilmente encontrará um filme original Netflix que tenha sido um sucesso global, mas seus diversos títulos abrangem individualmente uma gama imensa de consumidores de nichos particulares. Essa tendência deverá se estender para todas as áreas do mercado.
Uma organização é tão inovadora quanto os produtos que ela vende a seu consumidor.
O elenco mais valioso da atual principal plataforma de filmes e séries do mundo não conta com nomes como Brad Pitt e Leonardo DiCaprio, quem define o sucesso de suas produções são os milhares de nomes de sua base de dados. Hoje, o Netflix entende em que momento você começa a maratonar uma série, quando para de assistir, ou o episódio que decide pular. Com essas informações, quem seria o melhor player para produzir os principais sucessos de bilheteria nos dias atuais?
Migramos de uma era em que o conteúdo era o rei, para a era do contexto. O talento continua existindo e encantando, mas é a estratégia que vai definir os próximos hits.