Errar é humano. Medo de errar, é desumano.

Errar é humano. Medo de errar, é desumano.

Tenho resgatado alguns arquivos de sessões realizadas no período em que exerci a atividade de Executive Coach. Dentre várias horas de conversa, uma me chamou a atenção. Um desabafo franco de um coachee: ”Não posso errar. E quando erro, tenho a maior dificuldade em admitir. Só que, mais cedo ou mais tarde, cai o pano e alguém descobre que o erro partiu de mim. E aí, a coisa fica mais feia ainda. Quero interromper esse ciclo, não dá mais.”

Lendo aquilo, me veio a pergunta que nunca cala: Porque tanto medo do erro, do fracasso, de ter que admitir que uma ou outra decisão tomada foi equivocada? Todo o grande executivo tem um histórico de fracassos. Na pesquisa para esse artigo, vejo que não há exatamente um padrão para avaliar quantos destes executivos desapareceram em decorrência de seus erros, mas é certo que nem todos deixaram a peteca cair. Veja:

Walt Disney pulava de emprego em emprego. Perdeu seu último emprego em um jornal por "não ter criatividade" e ficou falido após ter os diretos do seu primeiro grande personagem (O Coelho Oswald, o sortudo) roubado por Charles Mintz, distribuidor das histórias. Só então criou o Mickey e o restante da história, nós conhecemos.

Charlie Schultz, pai do cachorrinho Snoopy, nunca teve uma tirinha sequer publicada no anuário da escola, apesar de se inscrever todos os anos. Também nunca conseguiu trabalhar na Disney como cartunista, apesar de diversas tentativas. Tudo isso, antes de Snoopy se tornar um sucesso em mais de 75 países e arrecadar mais de 1 bilhão de dólares para o bolso do seu criador. 

Em 1954, Elvis Presley ouviu do dono de um famoso clube noturno, após terminar sua apresentação, uma avaliação dura: que ele voltasse a dirigir caminhões, pois não demonstrava o mínimo talento para a música. 

Thomas Edison gastou uma fortuna na procura de um filamento que tivesse mais vida útil. Testou mais de 6.000 materiais em dois anos e, em cada fracasso, planejava novas tentativas. Quase quebrou, mas acreditava ser possível colocar uma lâmpada em cada residência. E assim foi. 

Michel Jordan certa vez declarou: “Errei mais de 9.000 cestas e perdi quase 300 jogos, mas isso ninguém comenta. Em 26 diferentes finais de partidas fui encarregado de jogar a bola que venceria o jogo… e falhei. Eu tenho uma história repleta de falhas e fracassos em minha vida. E acredito que essas falhas me ensinaram o caminho para o sucesso.”

Empresas querem profissionais de atitudes arrojadas e inovadoras? Sim. Querem resolvedores. Porém arrojo e inovação necessitam de mãos que queiram correr riscos. O medo de arriscar-se está frequentemente associado ao medo de rótulos como “inconsequente”, “precipitado”, “agressivo demais”, “complacente demais” e outros tantos. Porém, quem deseja fazer carreira na área comercial deve saber que a exposição e a necessidade de tomar decisões arriscadas fará parte do seu dia a dia.  

Não arriscar por medo de errar é, por outro lado, assumir não dar um passo sequer na direção de atitudes que mudem um determinado cenário. Analisando os ilustres “fracassados” acima, como fazer dos erros um aprendizado que empurre para cima e não para baixo? Vamos pensar o seguinte:

Errar é humano – repetir o erro é caro...e é burrice

O erro ocorre, mas não é essencial para o aprendizado. Por isso não se deve fazer do erro algo banal e sempre justificável. Nas empresas, uma atitude comum é a repetição dos erros em nome de um “aprendizado” que não existe. As pessoas, por motivos diversos, como falta de capacitação, processos falhos, falta de disciplina ou gestão deficiente, seguem cometendo os mesmos erros e, com isso, desperdiçando recursos das empresas. Não deve existir erro sem aprendizado – isso diminui o risco dessa repetição. 

Corra riscos calculados

Toda experimentação requer algumas precauções. Contar apenas com a sorte não é arrojo, é irresponsabilidade. Por isso, Junto com o arrojo, deve vir a disciplina de não jogar simplesmente recurso pela janela praticando tiro ao alvo (tentativa e erro). É buscar uma forma de testar barato.

O consultor Jairo Siqueira, em seu livro “Desperte e Explore a sua Criatividade”, dá dicas sobre como correr risco de forma calculada:

  • Estruture suas ideias, desde a seleção até a conclusão, passando por etapas intermediárias bem definidas.
  • Comece com um desafio específico, de forma a assegurar a relevância do processo e dos resultados.
  • Defina como avaliar os resultados – ter KPis para monitorar o que você deseja provar é fundamental. Não há projeto sem termômetro. Isso permitira embasamento e vai evitar acusações infundadas, com base em apenas impressões.
  • Faça pilotos de suas ideias, em menor escala e com menos dinheiro envolvido. Assim, corrigir erros sairá mais barato e permitirá aprender e melhorar a ideia. No momento em que você tiver um MVP (produto viável mínimo) para apresentar, poder mostrar as conclusões dos seus testes, com nível de risco controlado e sem gastos exorbitantes, leva seu projeto a outro patamar de discussão.
  • E se tiver que abortar a ideia, não pense duas vezes. Mas documente todo o aprendizado.
  • Converse com os mais experientes e criativos - troque impressões com algumas outras pessoas as quais admira e que tenham cases de sucesso e fracasso na ficha corrida de realizações. Os mais experientes podem ajudar a sinalizar situações não previstas e alternativas para errar menos. 

O processo para uma boa colheita passa pela aquisição da experiência necessária. A sutil diferença entre o erro e o desastre é a forma como nos movemos em direção a um para evitar o outro. Estamos carecas de ver pessoas e empresas pisarem feio na bola e serem redimidas pelo próprio cliente (ou colega, ou chefe…) porque a postura e a atitude na reparação de um erro foram dignas de aplauso, superando o próprio erro. Essa é a diferença entre velhas e novas atitudes.

Excelente, parabéns !

Pablo Henrique Santos Filizzola da Silva

Consultor / propagandista / Gerência Distrital/ Doenças Raras/ Gerente de Acesso ao Mercado/ imunobiológicos / endocrinologia / nutrologia / dermatologia / reumatologia / oncologia / gerência de contas / venda hospitalar

9 a

Parabéns Daniel! Excelente !

Roger Alves

Consultor Pleno Imunologia / AbbVie

9 a

Parabéns pelo artigo Daniel. Em tempos de crise e aperto financeiro as empresas, muitas vezes, preterem colaboradores que entreguem resultados concretos a outros que assumam riscos. Vai muito do gestor conseguir dosar essa realidade com a expectativa da Cia para dar condições aos liderados em assumir esses riscos.

Katia Gaspar

Senior Executive Coach & Leadership Trainer -“Promover autorresponsabilização a favor das pessoas e dos negócios é o único caminho para crescimento sustentável das organizações e a sociedade”

9 a

Melhor ser bom do que parar esperando ser perfeito!

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