A escola diante de um futuro mais coerente e possível...
Reacender a nossa capacidade de sonhar, significa poder implementar mudanças e realizar projeções, para assim construir um futuro melhor. No cenário atual de uma maioria das escolas não se aprende a sonhar. De uma maneira geral, se aprende uma repetição de padrões, de costumes e velhos modelos, fortalecendo uma verdadeira apatia social. Acontece que a realidade se dá por aquilo que podemos vivenciar. Nós não somos educados a poder experimentar o novo, a ter capacidade em imaginar o que se pode traduzir na fé que temos em nós mesmos e dessa forma virar a página de todo um século do medo, que não existe mais. Muitas lideranças escolares, professores e pais ainda relutam em aceitar que o perfil dos educandos mudou, que as crianças e os jovens de hoje não são mais os mesmos que tinham acesso às escolas anteriormente, reclamando da origem social destes. Daí, surge o preconceito, que é constatado quando se trata de alunos que têm dificuldades em aprender por serem ou por estarem deficientes, seja do ponto de vista intelectual, social, afetivo, emocional, físico, cultural e outros. Vivemos hoje uma profunda crise de valores onde ética, respeito e justiça são palavras raramente encontradas fora dos dicionários. Somos convidados então a mudar essa história, uma vez que não há outra forma de apreender o que vem, para poder ampliar uma consciência nova, ter um novo olhar, vencer os velhos modelos e valorizar tudo aquilo que possa nos diferenciar
Nossa mente está se adaptando a um novo mundo rápido, tecnológico, sem precedentes na história. Uma adaptação para uma época de profundas mudanças, incertezas e possibilidades, num mesmo tempo em que este é o momento mais importante na história da humanidade, a Era da Informação. Nunca se “viveu” tanto acúmulo de conhecimento em tão pouco tempo. Se pensarmos nesta premissa, iremos perceber que ainda existem pessoas que nos libertam, que mudam nossa percepção de mundo. São essas pessoas que fazem com que a vontade de aprender possa despertar em nós, que a sede pelo conhecimento se torne insaciável. São essas pessoas que nos auxiliam a descobrir novos talentos e podem extrair de nós o que há de melhor. Essas pessoas não só constroem conhecimentos, mas participam da construção de sonhos e ideais. Claro que estou me referindo aos verdadeiros professores, imbuídos em sua verdadeira missão. Eles não são apenas professores nesta caminhada, são mestres da arte de ensinar. São pessoas que admiramos, pois nos fazem enxergar princípios que nos permitem sermos não apenas espectadores, mas também protagonistas do mundo em que vivemos.
A globalização, desmaterialização, convergência, comunicação, nos leva a uma nova consciência. E não há caminho mais forte e mais poderoso que o da nova consciência. Temos a certeza de que estamos vivendo as dores de uma nova civilização. Tudo isso é reflexo de uma história que faz a sua trajetória em meio ao caos. A mudança como um princípio que dá ordem ao caos; é esta ordem que está trazendo uma nova consciência. A premissa de criar realidade não é um devaneio. É uma realidade científica. O nosso mecanismo cerebral, na verdade, nos favorece criar comportamentos que possam atrair novas realidades e criar projeções naquilo que gostamos, naquilo que admiramos.
Muitas escolas têm demonstrado o quão é difícil trabalhar com determinadas atitudes, sejam elas de professores, pais, coordenadores, diretores e/ou proprietários e até mesmo de alunos por não saberem lidar com as necessidades atuais. Por isso não percebem o quanto ainda estão marcados por ideias e sentimentos que os impedem em lidar com as diferenças. Isso é não perceber a grande diversidade que nos cerca, nem os muitos aspectos em que somos diferentes uns dos outros e acabam por tratar as diferenças à parte.
É urgente que as escolas sejam de fato ambientes educacionais caracterizados por um ensino de qualidade, que não exclua, que não categorize.
Numa característica sistêmica da sociedade devemos estar cada vez mais atentos às nossas atitudes. Onde os princípios da interconexão, da redistribuição, da incerteza e da mudança trazem uma nova ordem para a humanidade. Quando na escola, aceitamos e respeitamos o outro, exercitamos a liberdade responsável e de certa forma conseguimos conviver com justiça e buscar o entendimento pelo diálogo, aprendendo, portanto, a dar valor ao que é humano, a viver com dignidade, a defender os próprios valores, a exercitar a cidadania e de certa forma nos preparar para sermos cidadãos. Aliás, neste mundo moderno não há nada que se possa olhar sem pensar nestes princípios, que é o olhar sistêmico. É importante não se esquecer de que tudo afeta tudo. O que acontece com a ecologia vai afetar a economia, o que acontece com a economia vai afetar a política e assim por diante. Mas, infelizmente, numa grande maioria de escolas os programas acadêmicos ainda são segmentados e desfavorecem o olhar necessário e coerente ao novo mundo.
Mudança é um tema amplamente divulgado e consumido neste novo cenário. Para lidar com a mudança, é preciso entendê-la nas suas diferentes formas: tendências, rupturas e questões emergentes. Mas, onde mesmo estão essas mudanças? Onde devo mirar o meu radar? Simplesmente observar as pessoas? Prestar atenção aos sinais no que está realmente mudando?
Ao invés de sermos vítimas do futuro e das mudanças, temos que co-criar, temos que tomar a direção e nos apropriarmos dos desafios. Possuímos inteligência, conhecimento e evolução para que essa co-criação se realize. A realidade é esta. Mas qual desafio será mais importante neste cenário de tantas mudanças? Um desafio poderá afetar o outro e alguns serão mais centrais em sua ordem de importância. O primeiro é a capacidade de tomar decisões diversas. O segundo é o da técnica, a forma pela qual se deve enxergar a realidade e assim fazer a diferença. A matéria-prima da educação são as pessoas, o ser humano, assim sendo, toda e qualquer mudança de mentalidade propõe um olhar novo, trazendo uma nova escolha e fazer com que a escola esteja bem próxima de um futuro mais coerente e possível!