Escreva o livro de sua vida
É claro que você tem algo a nos dizer
Nos dois anos em que trabalhei como ghost writer do livro de Nuno Cobra, publicação que viria a se chamar Semente da Vitória e se tornaria o maior best seller dos livros esportivos publicados no Brasil, com cerca de 450 mil exemplares vendidos, ouvi uma frase do Nuno que guardei comigo. Ele disse que relembrar sua vida estava sendo muito importante para ele e que a partir daquele momento recomendaria a toda pessoa madura que escrevesse também um livro assim, pois ao menos este serviria para mostrar aos filhos como eles foram criados, tratados e amados durante a infância.
Lembro-me que concordei com o Nuno, pois filhos costumam adquirir consciência plena de quem são e do que querem apenas na adolescência, ou ainda mais tarde, e parecem esquecer – o que, para os analistas, é só uma questão de fase – o estreito relacionamento que tiveram com seus pais nos muitos e longos primeiros anos de vida (enquanto uma zebrinha nasce e tem poucos minutos para estar pronta para correr em disparada dos predadores, homens são dependentes dos pais até que arrumem o primeiro emprego, ou se formem, ou se casem, ou...).
Se pudéssemos ler depoimentos escritos por nossos pais a fim de saber que criança éramos e como nos dávamos com eles desde pequenos, certamente seríamos melhor resolvidos e teríamos menos dificuldades para lidar com autoridade, repressão, ansiedade e outros obstáculos advindos do que se convencionou chamar educação.
Bem, essa catarse é apenas uma das utilidades dos livros testemunhais, ou biográficos. Uma outra, certamente bastante valorizada por pessoas que frequentam este espaço, é passar aos profissionais de determinada área ensinamentos essenciais para que consigam o esperado salto na carreira. A vida dos grandes empresários, bem contadas, são mesmo inspiradoras. Confesso que li com prazer o clássico Iacocca, uma autobiografia, na qual o norte-americano de origem italiana Lee Iacocca dizia como criou o Mustang e enfrentou o desafio de tirar a Crysler da falência. A partir de então conheci, por meio dos livros, muitas outras trajetórias de sucesso.
Todos têm motivos para escrever um livro
Desde que tive meu primeiro livro editado, pelo Sesc, em 1968, intitulado A história do tênis feminino no Brasil, peguei gosto pela coisa. Durante muitos anos conciliei a profissão de jornalista com a de escritor, até poder me dedicar quase que exclusivamente aos livros. E mais do que me dedicar aos meus, que já comam 27, dedico-me aos livros dos outros, como biógrafo, ghost writer ou apenas motivador de novos escritores.
Não sei se exagero, mas acho que todo mundo pode criar um livro interessante, ou sobre sua própria vida, sua profissão, ou um hobby... Até os que não são escritores podem construir o seu livro, desde que tenham boa memória e contem com um bom ghost writer. Já incentivei inúmeros amigos, minha mulher, meu filho, a escreverem suas obras. Volta e meia sou surpreendido por alguém que seguiu este conselho.
Há cerca de um ano fiquei super feliz quando Nilton Lapa, notável professor e exímio matemático paulista, decidiu ceder à minha insistência e produzir mais uma de suas obras com problemas intrincadíssimos, que só gênios como ele conseguem resolver. Na verdade, gostaria que Nilton se tornasse um novo Malba Tahan e popularizasse a Matemática com histórias curiosas e divertidas, mas ele, austero, não brinca com números. O que importa é que seu livro é ótimo e contribuirá, por todo o sempre, para o desenvolvimento de brilhantes mentes matemáticas.
No outro extremo, eu diria que alguns hobbies também podem gerar bons livros. Entre eles, a paixão por games, pets, plantas, ou um time de futebol, como constatei mais uma vez este sábado, ao receber de Wanderley Frare Junior a bela obra Clube Atlético Linense, o Elefante da Noroeste, em homenagem aos 90 anos do bravo time de Lins. Daqui a 300 anos, ou mais, o livro de Wanderley ainda será referência para a história do clube e para a cidade de Lins, que prêmio maior um autor pode querer?
Sim, porque não é preciso criar um best seller, como Semente da Vitória, para se tornar um autor relevante. Tampouco é preciso viajar o mundo e correr perigo, como o premiado norte-americano Ernest Hemingway, um dos artífices da literatura moderna, escritor dos clássicos Por quem os sinos dobram e O Velho e o Mar. Basta escrever com sinceridade e elegância sobre um assunto que você conhece bem.
E então, já pensou ou está pensando em escrever o seu livro? Sobre sua vida, sua profissão, seu hobby, suas poesias, contos, ou mesmo um romance? Pois eu lhe digo que não deixe para depois. Fazer um livro só parece uma caminhada de mil quilômetros quando ainda não se deu o primeiro passo. A partir dele, o caminho se torna quase suave, acredite em mim. E se precisar de alguém que lhe dê a mão, conte comigo.
Redatora | Copywriter | Marketing de Conteúdo
7 aMuito interessante ... amei a ideia
Com 400 páginas e 47 lindas fotos, "Maria, a vitória da arte", a biografia da espetacular tenista Maria Esther Bueno, pode ser adquirida pelo e-mail editoraverbolivre@uol.com.br Que presente de Natal!
7 aSérgio, fico feliz que o texto tenha lhe inspirado, pois essa é mesmo a ideia. Se ficou com vontade de escrever o seu livro, vá em frente.
Engenheiro Civil - Professor Universitário e Pesquisador
7 aCaro Odir, Esta publicação me foi muito inspiradora. Acredito que muitos tenham vontade de deixar algo escrito mesmo sem pensar em qualquer reconhecimento literário. Gostei do que expôs. Abs