#EscuteUmaMulherNegra

Olá, eu sou a Tati Tavares, Especialista de Merchandising na Multi B, do Grupo Boticário (bacana, né?). Trabalho no grupo desde janeiro de 2021 e desde sempre sou apaixonada por todas as iniciativas do grupo. Tenho muito orgulho e satisfação da Cia a qual faço parte e hoje fui convidada a “tomar” temporariamente o perfil da Ale Sekeff para compartilhar com vocês um momento da minha vida. 

Em 2018 eu participei de um hackathon organizado por um grande banco brasileiro, e foi a primeira vez que dei nome a uma sensação antiga que eu tinha, a síndrome de impostor. Era uma maratona que iria premiar as melhores soluções apresentadas por equipes multidisciplinares. Houve toda uma triagem para participar, triagem essa que fiz parte como todos os demais, mas ao ver que meus colegas de competição tinham se formado em instituições de ensino renomadas, que possuíam experiências profissionais aparentemente mais relevantes que a minha, que eram mais jovens e em sua maioria homens, eu congelei. Mesmo sabendo que todas tinham passado pelo mesmo processo seletivo, eu me achei inferior e incapaz. Passou pela minha cabeça que eu havia sido admitida por alguns aspectos sociais e que isso somente não era o suficiente. Precisei de outras pessoas para me convencerem que eu era competente e digna de participar, só assim não desisti.

Já na competição, ao olhar em volta e ver que por mais que houvesse um esforço dos organizadores de trazer diversidade nos participantes, o número de pretos e pardos era muito inferior ao de brancos e me senti deslocada mais uma vez. No decorrer da construção do projeto do meu time (time de 4 homens e eu a única mulher 30+), percebi que minhas ideias eram sim válidas e meu time me ouvia sem distinção alguma, consegui enxergar que a pluralidade de vivências é essencial para se criar algo com REAL significado! Eu tinha uma função específica, que era apresentar nosso projeto em um pitch de 3 minutos cravados, e mesmo de pernas bambeando eu consegui. Consegui não, eu arrasei! 

Passada esta experiência, eu tive outros momentos de duvidar da minha capacidade e esperar a hora de ser descoberta como uma impostora. Essa é uma luta diária, em que eu repasso em minha cabeça toda minha experiência na área em que atuo, a minha busca por mais qualificação e atesto que sim, sou capaz e merecedora do que tenho, de onde estou. Não é fácil olhar ao redor e não se enxergar, não reconhecer no ambiente de trabalho um semelhante, mas aqui no GB eu fico muito feliz de ver muitas mulheres em cargos de decisão.

Recebi com muito otimismo o compromisso firmado de até 2023 aumentar em 40% a contratação de talentos negros e ao menos obter 25% de lideranças corporativas negras pois quando você olha ao redor e se reconhece, o sentimento de pertencimento é automático! Eu quero isso não só para mim, mas para as outras muitas mulheres pretas que farão parte do GB!