ESG – Dúvidas frequentes
As perguntas voltadas ao ESG, quase que se repetem quando realizadas pelos entusiastas no tema. As mais comuns são normalmente: Como começo? o que estudar? quais os indicadores ESG? como obter uma certificação? e o que devo aprender nos pilares ambiental, social e de governança. Dentro desse contexto, gostaria de desmistificar alguns pontos aqui que provavelmente deixarão boquiabertos aqueles que tem como entendimento o ESG que vem sendo vendido por aí:
Os pilares ESG: Que a sigla ESG vem de ambiental, social e Governança, praticamente todos nós sabemos, porém, a ótica que gosto de citar no tema é que os pilares de implementação e solidificação do assunto, sequer estão relacionados a esses três itens (faço aqui uma observação de que isso não quer dizer que os três temas não sejam altamente importantes), porém, esses pilares do ESG costumo citar que são os “Pilares Técnicos”. Esses seriam basicamente a parte visível do ESG, que é sustentado por outros fatores que são uma base sólida de gestão de políticas, missão, visão e valores e erguida por um plano invisível que conta com três pilares fundamentais que são: Sistema de gestão, processos e pessoas. Os sistemas de gestão são a estratégia para organizar o conteúdo ESG e estabelecer quais o fatores relevantes e materiais da empresa e os seus riscos; O pilar de processos é basicamente a avaliação das variabilidades que ocorrem em cada etapa da operação da empresa e o que se faz necessário para evitar que isso saia dos limites conhecidos pela instituição como “normais” e as pessoas são o pilar mais importante e instável, visto que as pessoas podem mudar de opinião, nível de produtividade, tomar decisões e ainda alterar seu modo de agir de acordo com o nível de engajamento.
Esses três pilares, sequer chegam perto da necessidade do conhecimento técnico que se relaciona as questões ambientais, sociais e de governança, porém são a base para que se estruture todo um plano de gestão, para só após isso iniciar uma atividade de gestão das agendas ESG.
Indicadores ESG: Esse é outro ponto que eu considero controverso no mundo ESG. Existem muitas pessoas, empresas e consultorias buscando os “Indicadores padrão” para a temática e com isso, tem buscado criar meios de igualar as empresas para um perfil de avaliação exclusivo. Fazendo isso, além de retirar o fator chave do ESG que é a vivência próxima das pessoas em relação aos riscos da instituição, você passa a criar regras predeterminadas que vão passar a delimitar o escopo do ESG aos indicadores que foram estabelecidos.
O tema ESG é muito maior do que uma pilha de indicadores padrão e se você busca entender quais os indicadores ideais, precisa antes de tudo saber quais os temas materiais da sua empresa, quais os riscos relevantes e a partir disso monitorá-los, assim, cada empresa terá o seu padrão de indicadores.
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Certificação ESG: A certificação ESG é outro “problema” que vem sendo criado dentro do tema (gostaria de retificar aqui que as certificações são ainda extremamente relevantes) porém, devemos como empresa, ter claramente estabelecido que o que pode certificar que você é ESG, são seus stakeholders e não um manual estabelecido por partes não interessadas.
O tema ESG tem uma amplitude muito grande e seria um grande erro se criássemos um método binário de certificado ou não certificado perante algum padrão de indicadores instituídos por terceira parte, sendo que a base das agendas é exatamente escutar ativamente as partes interessadas. Diante disso, precisamos que estas partes interessadas sejam de fato quem chancele a certificação da instituição para com seus interesses ou aos interesses aos quais esses defendem.
Por onde devo começar: O último ponto que quero citar das “perguntas frequentes” é o início. Essa é de forma disparada, a pergunta mais comum. Sabemos que o tema está em alta e com isso temos muitas pessoas interessadas em conseguir participar desse grande movimento que é benéfico para as empresas e para o nosso planeta. O início, deve partir de algumas análises principais que são: Análise de maturidade (qual a maturidade dos envolvidos direta e indiretamente nas agendas que serão implementadas, para entender como o tema será abordado), análise de riscos (entender até onde os riscos de toda a cadeia da empresa estão monitorados e com qual aprofundamento) e análise de partes interessadas (entender se a empresa tem comunicação ativa com as partes interessadas e se ela conhece de fato quais são essas partes). Realizando esse levantamento, automaticamente surgirão os GAP´s de implementação e uma certeza que lhes posso confidenciar é que antes mesmo de pensar nas ações ESG ambientais, sociais e de governança, será percebido quanto trabalho deve ser feito nos princípios básicos da gestão empresarial.
Realizar agendas que se assemelham ao ESG é algo que pode ser realizado de diversas formas, através de projetos pontuais, através de frentes de trabalho ambientais e compensações, projetos sociais variados e assumindo compromissos para daqui alguns anos, porém, ser comprometido com o ESG como ele realmente é, requer muito menos técnica e glamour, só depende de fazer aquilo que os interessados na sua atividade esperam, essa sim é uma instituição ESG e com isso, mais cedo ou mais tarde ela irá prosperar diante das outras empresas, que constroem uma gama de ações sem um alicerce de suporte.
Analista | Manutenção | SMS | EHS
2 aO tema certificação vejo que é o mais controverso. Já termos normas ISO que atendem os três requisitos. Não precisamos de mais um certificado. Outro ponto, ESG é o risco financeiro de um negócio, não serve para todo mundo empresarial, e como bem comentado, depende muito da materialidade do negócio.