Espelho Invertido

Por Sandra Schmittel, Neuropsicopedagoga -Especialista em Como ensinar de forma que o cérebro aprende

Quem somos nós? Essa é uma das perguntas mais intrigantes da existência humana. Em cada ambiente – seja na escola, no trabalho, nas redes sociais ou nas interações cotidianas – apresentamos diferentes versões de nós mesmos. Essas facetas, no entanto, raramente refletem quem realmente somos. O que pensamos sobre nós mesmos pode ser apenas um reflexo distorcido, como um espelho invertido que revela o que queremos ver ou, às vezes, o que tememos ser.

No ambiente de trabalho, por exemplo, somos frequentemente julgados por nossa produtividade, competências e comportamentos. Mas será que esses aspectos definem nossa essência? E nas redes sociais, onde a maioria das pessoas constrói narrativas cuidadosamente editadas sobre suas vidas? Ali, os filtros não estão apenas nas imagens, mas também na forma como escolhemos mostrar nossos sentimentos e realizações.

A percepção que os outros têm de nós também é um espelho com suas próprias distorções. Cada pessoa, com suas crenças, experiências e valores, constrói uma imagem sobre quem somos, baseada no que mostramos ou no que interpretam de nós. Essa imagem raramente condiz com a realidade, pois é influenciada por julgamentos e suposições.

E nós? Será que nossa visão sobre nós mesmos é mais precisa? Muitas vezes, também nos percebemos de maneira limitada ou ilusória. Somos influenciados por nossas crenças, hábitos, atitudes e até por aquilo que imaginamos que os outros esperam de nós. Em um mundo cheio de rótulos e expectativas, torna-se difícil distinguir entre quem somos de fato e quem acreditamos ser.

Então, quem somos realmente? Somos um emaranhado de histórias, perspectivas e julgamentos – tanto os nossos quanto os alheios. Porém, a resposta talvez resida em nossa capacidade de reconhecer que não somos apenas aquilo que vemos no espelho. Nossa essência vai além do que pode ser descrito em palavras ou capturado por olhares.

Na neuropsicopedagogia, entendemos que o autoconhecimento é uma jornada contínua. É um processo de desvendar camadas, de aceitar nossas vulnerabilidades e potencialidades, e de compreender que cada pessoa é um mundo único. Descobrir quem somos exige coragem para questionar rótulos e abrir espaço para a autenticidade.

Portanto, em um mundo repleto de espelhos invertidos, a verdadeira resposta não está em como nos vemos ou em como os outros nos enxergam, mas em nossa busca por viver com integridade e coerência com nossos valores mais profundos.

Que possamos enxergar além das aparências e refletir, de forma genuína, quem realmente somos.



Cristian Fabiano Eisenhut

Professor de informática | Analista de Teste | QA | Testes Manuais | Automação | API | Web | Mobile | Cypress | Selenium | Javascript | Ruby | Python | BDD | Git | Docker | Postman | Robot Framework | SQL | AICS

1 d

Excelente reflexão, texto impecável.

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