Esperança e reflexão em tempos de pandemia

Em razão da passagem do meu natalício, peço licença aos colegas, para com mais liberdade na escrita, transmitir-lhes uma mensagem de esperança e reflexão.


Um ser muito pequeno, de alguns nanômetros de tamanho, ameaçou convicções que guiavam a sociedade, despertou profundos questionamentos sobre o modo de vida ao qual nos habituamos, paralisou, em vários aspectos, comunidades diferentes, colocou na ordem do dia indeterminações a respeito de condições ontológicas do ser humano, fez surgirem receios que desafiam a racionalidade prática.


Passar rapidamente o olhar pelas notícias diárias traz hesitações e incertezas, mostrando quão transitória é a nossa existência. O recolhimento das pessoas e as dúvidas que nascem desse contexto direcionam o olhar àquilo que realmente importa. Valores conhecidos e defendidos, mas que, em diversas ocasiões, são relegados à uma práxis secundária, considerando a magnitude que é exigida no seu exercício.

 

A compreensão dessa realidade e das suas características, particularmente na passagem de um aniversário, permite enxergar com mais clareza a transitoriedade inerente à existência humana.


A celebração característica dos aniversários cede espaço a um ponto de inflexão na trajetória. Os motivos que levam a comemorar o início de um novo ciclo se transformam. Os costumes e as práticas mais comuns, em meio a pandemia, assumem, igualmente, novos significados e procedimentos. A transformação nos hábitos das pessoas, sem dúvidas, será um desdobramento permanente desta fase transitória.

 

Isto desperta, no âmago do ser, interrogantes a respeito dos valores essenciais à vida. O que realmente importa? Sem dúvidas, a disseminação do novo Coronavírus, alterou uma resposta, que se julgava acertada e arraigada em compreensões subjetivas das relações humanas.


Afirmar a certeza da nossa mudança depois de vencida a COVID-19 não é simplesmente uma construção linguística. Deve, ao revés, traduzir-se em exercício prático e imediato.


O espaço privilegiado para a introspecção não deve ser consumido pela ansiedade, mas focado na percepção do mundo ao nosso redor, observando as dádivas recebidas ao longo da vida e o exercício adequado da gratidão, obstaculizado, em geral, por características de um cotidiano que até pouco tempo atrás julgávamos indispensáveis.


Na maioria das situações, existirá, ainda que minimamente, motivo ou acontecimento, em razão dos quais a gratidão deverá ser exercida. Perceber a existência desse sentimento fornece estímulo para afastar ansiedade e incertezas, manter o foco no que é necessário e, sobretudo, abertura para solidariedade e compaixão, concretizando um senso verdadeiro de comunidade.


Este, sem dúvidas, é um exercício transformador que permite perceber a alteridade com empatia, reconhecer o fato de que partícipes dessa comunidade enfrentam as adversidades da pandemia em graus diferentes, comprometer-se, na medida das condições individuais, com o bem-estar coletivo.


A pandemia declara de forma contundente a necessidade de autoconhecimento. O que afasta a humanidade de uma vida mais simples? O que realmente importa para ser chamado de felicidade? Quais serão as memórias construídas e as experiências valorizadas? Onde está o equilíbrio nas escolhas individuais?


Certamente, a disseminação do novo Coronavírus e os seus impactos serão vencidos, as hesitações e incertezas que podem predominar em certos pensamentos também serão superadas, no entanto, existem lições de fé e esperança, as quais necessariamente devem permanecer presentes em nossas compreensões e, mais especialmente, no nosso agir individual e coletivo.


Esta, pois, é a confiança que deve permanecer. Certeza de que a pandemia e as suas consequências serão vencidas. Convicção de que o reconhecimento da gratidão permitirá o exercício da empatia e compaixão. Olhar para o futuro, com a fé de que as contingências atuais são passageiras. É, pois, o momento de fazer o que precisa ser feito para suportar o que virá pela frente.

Fernando Stacchini

Technology/ Digital Business/ Intellectual Property at Motta Fernandes

2 a

👍👍👍

Adriano Pablo Peixoto

Diretor Jurídico - Head Legal - Compliance Officer - Governance Officer - C Level

4 a

Parabéns Wilson! Felicidades!

Rafaela Jales

Advogada, Esp. em Direito Público, trabalho e previdenciário. Pós grad. em Direito Tributário. CEO - Centro de Estudo Integrado Jales, Autora e Pesquisadora.

4 a

Excelente reflexão. Parabéns pelo aniversário, Belchior.

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