Esquecer 2020 é impossível. Lembrar de si mesmo é fundamental.
Acho que é unanimidade que 2020 não foi um ano fácil de viver e muito menos de esquecer.
O ano até que começou muito bem, pude reunir muitos dos meus melhores amigos em um réveillon muito lindo. Os primeiros meses foram de muito trabalho. Eu recebi o convite do cara que é minha referência de líder (Rodrigo Franzão Peres Maitan) para encarar junto com ele um desafio emocionante. Mudamos para uma área recém criada na Vivo para fazer o reposicionamento da marca Vivo Empresas, do conceito à implementação, tocando toda a operação de publicidade on going em paralelo. Em poucos meses vimos tudo acontecer à base de muito trabalho, porque fomos uma dupla com sintonia imbatível.
Mas logo veio a pandemia e as coisas começaram a mudar de figura. Primeiro, o desafio de ter fibra para lidar com a ameaça da pandemia às vidas das pessoas que amamos e que seriam tecnicamente mais vulneráveis à doença. Adicionalmente, a mudança de rotina trouxe novos costumes, desde trabalhar 100% de casa quanto não poder encontrar com os amigos no fim de semana. Até que em junho tive a primeira notícia difícil de digerir: a pandemia trouxe cortes e eu, em uma área nova e no topo da minha faixa, fui um dos cortados. Ver minha carreira na Vivo, a marca pela qual eu fui apaixonado a cada segundo de trabalho, chegar ao fim foi assustador. Mas imediatamente veio a energia de procurar um novo desafio, começar um novo momento, construir um novo ciclo. E esse primeiro momento de desemprego foi essencial para refletir sobre a minha empregabilidade e os meus sonhos. Entretanto, 2 meses depois, vi o meu pai ser internado com covid e, apenas 2 semanas depois, acordei com uma ligação que me dava a notícia de que ele não havia sobrevivido. Meu mundo caiu! Quem me conhece sabe o quanto eu e meu pai éramos almas gêmeas, o quanto que eu não sabia imaginar a vida sem ele. E imagina isso acontecer no momento em que eu mais precisava do apoio dele?
O que eu fiz? Peguei uma mala de roupa e entrei no primeiro avião pro Rio para ficar com a minha família. Foi o que me salvou. Por isso, entreguei meu apartamento em São Paulo e voltei a morar com a minha mãe - não só porque ela precisava de mim, mas porque eu não sabia me curar sozinho. Assim, esses últimos meses foram de repouso e reflexão. Não consegui procurar emprego, parecia errado pensar nisso enquanto eu via minha família inteira tentando se reerguer da ausência do meu pai.
Esta semana, com o senso de normalidade voltando a habitar a minha casa - a normalidade do entendimento, porque a saudade não cessa - eu pude lembrar de mim. Lembrei que eu tenho sonhos, que eu tenho carreira, que eu sempre fui independente e que sempre busquei o sucesso. Eu saí direto da escola para a UFRJ no primeiro vestibular; antes da metade do curso já estava estagiando; passei em um processo seletivo para trabalhar na Disney em Orlando com 21 anos; quando voltei fiz uma monografia linda sobre empreendedorismo conversando com todas as empresas juniores da UFRJ e ainda criei uma marca de roupas em paralelo; quando eu resolvi voltar para o mercado de trabalho, foquei em programa de trainee e passei em 2, ainda tive a chance de escolher a Vivo. Na Vivo, eu comecei como PMO de um programa de transformação com 20 projetos em que todos os meus stakeholders eram gerentes. Quando terminei o trainee, mudei de Pré-Vendas para Branding e pude fazer coisas incríveis, como o www.vivobrincar.com.br, até receber o convite de ir para Propaganda cuidar de Vivo Empresas (como contei no início do texto).
Por que eu contei isso tudo para vocês? Porque eu sei que este ano foi um iconoclasta no pior dos sentidos, ele destruiu a nossa noção de bem-estar, e até de lazer. E isso mexe com a cabeça da gente. Mas existe algo muito especial dentro de nós que é combativo contra o pânico: MEMÓRIA.
Esta fase vai passar e nós temos a capacidade de ajudar a si mesmos, se lembrarmos de quem somos. É preciso saber que o que estamos vivendo agora não é futuro, é um outlier na nossa história. Das pessoas que perdemos precisamos nos lembrar com carinho, graça e saudade, para que a melancolia dê lugar para a nostalgia. E os sonhos que tínhamos antes da pandemia precisam voltar à tona, porque o futuro ainda está em branco e ainda somos as mesmas pessoas - com a diferença de que agora somos um pouco mais fortes do que antes éramos.
É assim que eu não vou ceder ao medo, porque eu conheço o meu potencial. Eu vivi tudo que eu conquistei com a minha cabeça, sem ninguém me dando nenhum tipo de vantagem. Se eu não sou o problema, e nem posso ser para sempre vítima, então só me resta ser solução. E para você que leu até aqui, eu te digo: tenha força, se agarre em quem te ama e lembre-se de quem você é, pois sua ambição precisa voltar a habitar o seu dia-a-dia.
Head de Produtos | Product Operations | Process and Procedures | Assessment | Consulting | Entrepreneur
4 aQue texto!!!!! Vc eh demais!!! ❤️💪
Executivo Sênior de Comunicação Corporativa | ESG | Engajamento Interno | Imprensa | Redes Sociais
4 aObrigado por compartilhar um pouco da sua história. Incrível como exatamente hoje eu precisava ler algo com este tom de otimismo. Sinto muito pela perda do seu pai. Seguimos adiante! Abs
Consultora de Inovação Digital na Vivo | Gestão de Projetos | Metodologias Ágeis | Automação e Eficiência de Processos | Transformação Digital
4 aNão consigo nem imaginar como foi estar em seus sapatos este ano. Desejo muita luz no seu caminho, para você e a sua família! Nas interações que tivemos pude perceber a garra e vontade de transformar que você tem! Bruna Amaya, você não estava procurando alguém incrível para o seu time?
Analista de Desenvolvimento Humano Sr na Vivo (Telefônica Brasil)
4 aIgor, que texto maravilhoso!!! Te desejo muito sucesso!!!!
Sócia-fundadora e diretora na Agência OZ3
4 aLindo texto! 👏🏻 Uma incrível reflexão.