Estocar etanol é a saída?

Estocar etanol é a saída?

O jornal Valor Econômico publica recente entrevista com o executivo Jacyr Costa Filho, da Guarani, do Grupo Tereos, na qual ele indica uma estratégia da companhia, uma das maiores do setor sucroenergético brasileiro. A estratégia é apostar na estocagem de etanol por conta própria para vender o biocombustível nos meses da chamada entressafra, entre janeiro e março, quando geralmente as usinas concluíram a safra e estão paradas para reparos. 

A entressafra é apontada como chance de o setor ser melhor remunerado com a venda do etanol. Hoje, uma usina localizada no estado de São Paulo fatura em média R$ 1,18 pelo litro do etanol hidratado (para carros flex), fora impostos. O valor foi divulgado nesta terça-feira (04/08) pelo Cepea, centro de estudos da Esalq/USP.

Sabe-se que na média um litro de hidratado não sai por menos de R$ 1 da usina paulista. Seriam R$ 0,18 de margem, mas há os custos com impostos (em SP o hidratado tem 12% de ICMS), mais custos de frete etc. 

Sendo assim, o raciocínio estratégico da Guarani está correto: guardar etanol para vender na entressafra, quando os preços devem estar atraentes. Mas é de se perguntar: por que o preço não é atraente hoje, já que por mês o consumo de etanol hidratado no Brasil beira a média de 1 bilhão de litros no primeiro semestre, 30% médios acima do desempenho de 2014?

O preço não reage para cima (para as usinas) porque as companhias produzem mais etanol do que açúcar, já que a oferta mundial do alimento está abundante. Some-se o fato de que muitas das usinas precisam de caixa no curto prazo e, assim, comercializam até abaixo da média do Cepea. Dá no que dá. 

Voltando à estratégia da Guarani, ela é louvável, mas quantas companhias do setor conseguirão guardar etanol se precisam fazer caixa hoje? Certamente essa estratégia só conseguirá ser cumprida por grandes players, como a própria Guarani.

Há também o financiamento de etanol, em uma linha de crédito do BNDES, que geralmente sai na virada do primeiro semestre e favorece as usinas menos capitalizadas. Até esse 04/08, no entanto, a instituição financeira do governo não divulgou quando e nem se haverá a tal linha de crédito. E mesmo que a linha chegue ao mercado, será preciso ver quem, entre as usinas, conseguirá atender às exigências do BNDES para obter o crédito. 

Delcy Mac Cruz: delcymack@gmail.com

 

 

 

 

 

Lino Cleber Gregorio

Gestor na Neutron Assessoria Comercial

9 a

Também concordo! A demanda por energia é cada vez maior. Mas a alegação de grande parte das usinas é relacionada a falta de bagaço na entressafra, pois o que se produz ao longo da safra é quase que totalmente consumido no período. Acredito que uma das saída para isso seria utilizar o lixo urbano transformado em CDR, já que grande parte das centrais de cogeração - principalmente na região centro sul - estão localizadas em regiões com grande concentração de centros urbanos. O CDR (Combustível Derivado de Resíduos) é farto durante o ano inteiro e não há menor possibilidade de falta. Porém o maior entrave nesse aspecto reside na falta de vontade politica para investir na destinação do lixo. Hoje o mundo detém alta tecnologia para isso através da coleta, beneficiamento do lixo em CDR e queima em caldeiras já existentes nas próprias usinas que teriam de ser somente adequadas tecnicamente para isso.

José Milton dos Santos Pestana Barbosa.'.

Sócio |Líder de Operações| #AssessordeInvestimentos #BLUE3 #XP

9 a

A cogeração é uma alternativa para manter as usinas faturando mesmo durante a entressafra.

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