As estratégias das Big Tech americanas no futuro pandêmico
Digo o óbvio quando afirmo que a tecnologia é essencial para a economia global. Em meio à pandemia do coronavírus, essa importância ficou ainda mais evidente. Inclusive, já debati sobre o fato de que a retomada de nossas rotinas pós-pandemia será repleta de iniciativas digitais essenciais ao dia-a-dia.
Isso significa que as empresas que não se prepararam para atender seus consumidores dentro desta nova realidade estão perdendo uma série de fatores importantes, como lucro e participação de mercado. De acordo com a CNN, ao menos 600 mil micro e pequenas empresas faliram em razão dos efeitos da pandemia no Brasil. Nesse cenário, 9 milhões de funcionários foram demitidos.
Enquanto isso, empresas de performance altamente tecnológica e digital, como Amazon, Facebook, Google, Apple e Microsoft, estão lucrando e ganhando vantagem competitiva. Ainda que o futuro pandêmico seja assombrado pelas incertezas da economia, as chamadas "Big Tech" apostam num futuro promissor.
A explicação para esse otimismo está nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento feitos por essas empresas. Com foco na inovação, as Big Tech estão investindo seus recursos em entender as necessidades de seus consumidores no contexto em que se encontram.
Talvez eu esteja dizendo o óbvio. Porém, achei necessário trazer o debate à tona depois de ler o excelente artigo de Christopher Mims, do The Wall Street Journal - um panorama de como essas empresas têm se mantido relevantes no mercado e dado esperança para seus investidores.
A Microsoft, por exemplo, tem disponibilizado seus serviços para profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate ao vírus. Os trabalhadores do Facebook estão trabalhando de forma completamente remota e a Amazon está considerando desenvolver soluções automatizadas para que seus produtos não sejam mais empacotados por mãos humanas.
Vemos aqui três tipos de inovação: a Microsoft investindo seu conhecimento para que tenhamos uma vacina; o Facebook permitindo um novo modelo de trabalho e a Amazon está trabalhando no que pode vir a ser um novo padrão dentro do ciclo logístico dos produtos do futuro.
A frase de Tim Cook, CEO da Apple, resume bem a mentalidade que lidera as ações dessas empresas:
"Nós sempre conseguimos passar por momentos difíceis investindo na próxima geração de iniciativas inovadoras e essa é nossa estratégia hoje."
No entanto, as Big Tech não se contentam em investir diretamente em pesquisa e desenvolvimento. Desde que os Estados Unidos declararam estado de emergência, as gigantes da tecnologia têm estado atentas à aquisição de outras empresas. O Facebook comprou a Giphy; a Amazon, a DataRow.
É possível afirmar que os resultados desses investimentos e aquisições serão verdadeiramente positivos a longo prazo? Ninguém sabe. O que se sabe é que, mesmo que a Apple sinta uma queda na demanda por iPhones de última geração, ela ainda tem potencial financeiro e capacidade inovadora para continuar trabalhando em produtos e serviços que lhe trarão lucro.
No entanto, há alguns detalhes a que temos que nos atentar para acompanhar os próximos passos dessas grandes empresas. Ações antitruste estão borbulhando contra as Big Techs. Amazon e Apple enfrentam, respectivamente, acusações e investigações por parte dos governos dos Estados Unidos e da União Europeia.
O cenário, entretanto, é positivo para as gigantes tecnológicas. Enquanto os governos estiverem ocupados buscando maneiras de controlar a pandemia, elas têm tempo para, de acordo com Mims, "acalmar regulações, construir relações duradouras com seus consumidores e liderar a concorrência".