Etiqueta Nacional de Conservação de Energia: o que é e como obtê-la.

Etiqueta Nacional de Conservação de Energia: o que é e como obtê-la.

Em termos de arquitetura e padrões construtivos, é possível notar uma característica comum nas edificações construídas pelas civilizações antigas: o respeito e a adaptação às características climáticas de suas regições. Os índios, por exemplo, a partir da observação da natureza, conseguiam prever os períodos de chuva e com isso adaptavam suas moradias para tais períodos.

Com o avanço da tecnologia, o ser humano pôde ter acesso a meios de "burlar o clima": os condicionadores de ar permitem que um padrão construtivo idealizado para um clima frio seja replicado em locais com históricos de temperaturas altas, o que culmina em mais gastos com energia elétrica.

Desde 2009, o Brasil conta com o Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações (PBE Edifica), desenvolvido pelo governo, por meio de parceria entre o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e a Eletrobras/Procel Edifica. O PBE Edifica é uma forma de avaliar o potencial de desempenho energético de uma edificação a fim de promover a eficiência energética, através de critérios de projetos cujo objetivo é a adaptação das edificações às características climáticas de cada região.

A NBR 15220 propõe a divisão do país em 8 zonas bioclimáticas, devendo os projetos serem desenvolvidos e avaliados com atenção à orientação solar, ao conforto térmico, ao aproveitamento da iluminação e ventilação naturais, bem como ao uso de tecnologias mais eficientes.

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Fonte: NBR 15220

Etiqueta ENCE:

A ENCE – Etiqueta Nacional de Conservação de Energia - do PBE edifica classifica as edificações em níveis de eficiência energética de A a E, sendo A o nível mais eficiente de uso de energia e E, o menos. Projetos de edificações que privilegiem soluções sustentáveis, adaptadas ao zoneamento bioclimático, possuem maiores chances de obter ENCE com classe A. 

Para a obtenção da etiqueta, a edificação (residencial, comercial ou pública) deverá passar por avaliações de projeto e in loco, para a verificação da adequação da construção às caracterísiticas previstas em projeto, podendo ser emitidas ENCE de projeto e de edifício construído.

As entidades responsáveis pela emissão da etiqueta e pelas avaliações são os Organismos de Inspeção Acreditados - OIA's, os quais irão avaliar, sobretudo, a eficiência energética dos sistemas de envoltórias, iluminação e condicionamento de ar, possuindo cada sistema os pesos de 30%, 30% e 40%, respectivamente. As diretrizes para a avaliação de cada um destes sistemas estão previstas nos Regulamentos Técnicos para a Qualidade, sendo o RTQ - C, para edificações comerciais e públicas, e o RTQ - R, para edificações residenciais.

Os solicitantes devem informar ao OIA, anterior à submissão de toda a documentação para análise, a metologia de avaliação de eficiência energética escolhida:

  • Método prescritivo: através de modelos matemáticos e diretrizes estabelecidas nos RTQ's, uma pontuação total é atribuída à edificação, sendo possível a verificação do nível de eficiência energética.
Avaliação pelo método prescritivo

Fonte: Guia Prático Para Etiquetar, volume 02

A pontuação total obtida é avaliada de acordo com as seguintes classes, que indicam o nível de eficiência da edificação:

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Fonte: Guia Prático Para Etiquetar, volume 02

  • Método da simulação: através de ferramentas computacionais, tais como o software EnergyPlus, os parâmetros da edificação em análise são comparados com um edifício modelo, sendo possível a obtenção do Nível de Eficiência Energética.

Além dos 3 pilares citados (evoltórias, iluminação e condicionamento de ar), os OIA's avaliam alguns pré-requisitos gerais, tais como a divisão dos circuitos elétricos da edificação, os quais devem ser separados por uso final, e a demanda por aquecimento de água.

Quando a demanda do empreendimento por água quente for igual ou superior a 10% do consumo energético do edifício, o RTQ - C, por exemplo, condiciona a obtenção de ENCE Nível A ao uso de sistemas de aquecimento de água, como os aquecedores solares, devendo tais sistemas atenderem a uma demanda maior que 70% de toda demanda de aquecimento de água da edificação.

Sistemas que promovam o uso racional da água, o uso de fontes renováveis de energia, o uso eficiente de elevadores, dentre outras práticas inovadoras para o uso de energia elétrica, são vistos como bonificações na obtenção da etiqueta, contribuindo em até um ponto na classificação geral.

Por que etiquetar?

A etiquetagem permite, dentre tantos benefícios, a informação do nível de eficiência energética do empreendimento, possibilitando aos consumidores a preferência por edificações energeticamente eficientes, permitindo assim uma redução do consumo de energia elétrica sem haver prejuízo algum em termos de conforto térmico e produtividade.

O setor de edifícios tem papel importante nas estratégias e nas ações de eficiência energética.

A energia mais barata é aquela que não se usa.

Ao adotar a eficiência energética, o Brasil cria a chamada “usina virtual” de energia, na qual o que se evita consumir acaba por ser utilizado por outros clientes. 





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