EU E MEUS NETOS

EU E MEUS NETOS

Viajar é sempre bom, por quaisquer motivos. Porém viajar para conviver com os netos é muito melhor. Eu me considero um pai amoroso, mas desde que minha primeira neta Charlotte nasceu, descobri um amor por ela mais profundo e diferente do que tive com minhas filhas. Depois chegou Bernardo e o amor só se aprofundou. Há quase um ano chegou Sophia que promete dar os primeiros passos nos próximos dias ou semanas.

Fui estudar como a relação entre avós e netos é duplamente benéfica. Encontrei diversos consensos entre cientistas, coisas que eu não sabia. Quem quiser peça os papers que eu os envio. Quero compartilhar isso com os avós que me leem.

Netos

Como todos os avós, eu gostaria de conviver mais tempo com meus netos, sinto falta deles. Mas o que importa não é o tempo juntos e sim o vínculo emocional construído. Quanto maior esse vínculo, maior o benefício em termos do bem-estar psicológico dos netos, incluindo melhor capacidade de enfrentamento e redução de sintomas emocionais negativos e hiperatividade. Esse vínculo também promove comportamentos pró-sociais, como maior empatia e habilidades de comunicação.

Com Lotti, há coisas que fazemos juntos quando conversamos pelas redes sociais: comer uma fruta é o modo que ela encontrou para sintonizar e sincronizar comigo. Com Bernardo, todo dia ele come granola com mel e iogurte, como ele me viu fazer na última visita. A mãe dele diz que quando quer que ele experimente um alimento, ela diz que o "vovozeco" adora, daí o menino experimenta. É difícil para essas crianças, com 3 e 4 anos, se comunicarem comigo pelas redes sociais, mas ele pedem e ouvem atentamente histórias que eu conto. E pedem histórias de quando suas mães eram pequenas e de quando eu era pequeno. Não me canso: assim eles vão construindo raízes com minha família e com o Brasil.

Os avós frequentemente oferecem suporte emocional e orientação, ajudando os netos a lidar com desafios e tomar decisões mais informadas e saudáveis. Essa influência pode ser especialmente importante durante a adolescência e a juventude, períodos críticos de desenvolvimento pessoal e social. Espero poder fazer isso mais à frente, dentro de dez anos.

Dizem que avós deseducam, mas eu me sinto à vontade com isso. É uma questão importante: os pais educam, enquanto os avós transmitem a sensibilidade e os traços históricos e culturais do ambiente familiar ampliado. Com os avós, os tios e primos são automaticamente vinculados, porque fazem parte da mesma história. Como descendente de árabes, a quantidade de tios e primos é enorme, todos com a mesma raiz, que me orgulha. Desejo que meus netos também se orgulhem dessa raiz comum.

Avós

O benefício para os avós é de longe muito maior. Sobretudo quando estão na terceira idade, como eu agora. O vínculo afetivo com netos melhora a saúde mental dos avós, incluindo: maior senso de propósito, satisfação na vida e redução nos níveis de solidão e depressão. Primeiro porque nos fazem recuperar a experiência lúdica: cantamos, dançamos, conhecemos todos os personagens que cativam os netos, e brincamos de qualquer coisa até cansar. Frozen, Patrulha Canina e Patati Patatá... Segundo porque essa convivência leve e amorosa causa satisfação que perdura.

Terceiro, os estudos mostram que desenvolve senso de propósito. Reconhecemos que ainda temos muito o que ensinar e desfrutar com eles, o que nos fortalece e amplia nossa resiliência. Ainda há um quarto fator: não há estado de ânimo crônico e surto de depressão que não seja momentaneamente rompido quando convivemos com netos - interromper esses quadros negativos ajuda a combatê-los e transformá-los em positivos. Ainda mais se o riso é frequente na relação com os netos.

Uma das pesquisas que consultei revela que os avós que mantêm proximidade com seus netos têm uma percepção positiva de envelhecimento e uma maior resiliência emocional. Então: netos rejuvenescem e fortalecem os avós. A participação ativa na vida dos netos, com atividades físicas conjuntas contribui para a saúde física dos avós, mantendo-os mais ativos e engajados. Os estudos mostram que avós que cuidam dos netos tendem a ter melhores níveis de saúde física e mental em comparação com aqueles que não têm essa interação frequente.

O afeto recíproco fortalece os laços familiares e promove a solidariedade intergeracional. Como é bom ter netos!

Geani Vieira dos Santos

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4 m

Que texto perfeito! Ele conseguiu ser um espelho, pois reflete exatamente sentimentos que nasceram em mim há 1,7 anos atrás! A chegada da Lorena fez a vovó aqui tomar a decisão importante de se submeter a uma cirurgia para perder dispensáveis 30kg que a artrose nos 2 joelhos não estavam permitindo ter a mobilidade necessária para exercer o meu papel de avó! E depois da sua chegada concluí que esse foi só um detalhe do que esse papel existencial me faria passar! É mágico… é um amor sem medidas com benefícios reais e imediatos para os 2 lados! Gratidão Paulo Sabbag por me fazer descobrir que além de real essa magia tem embasamento científico! Me mande os papers.

Julia Christo Saito

Gerente Administrativo na Thech Desinfecção Ltda.

4 m

Lembrei-me do colo do meu velho, seu Thomé, onde ele compartilhava comigo: figos frescos, melancias e as mais deliciosas frutas, sempre cuidadosamente descascadas. Como diria minha saudosa avó materna (a alemã, não a libanesa): - Pais educam, - Avós deseducam, - Bisavós DELINQUEM...

Felipe Zorzi

Neurociência e Economia Comportamental | Vendas B2B

5 m

Que texto lindo, Paulo. Sorte desses netos. E sua também. Parabéns!!!

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