Eu escolho meu próprio pneu

Um taxista chamado pela 99 taxi no RJ ganhou meu respeito, e até inspiração pra escrever o primeiro post aqui.

Tem vezes que entro num taxi, na correria de viagens, reuniões, hotéis, e o que mais quero é, ficar quieta. Lamentavelmente alguns não respeitam, e como se não bastasse tacar no alto um pagodão (Perguntou? Claro que não!), ainda começa a puxar assunto com este ser em alpha querendo um pouco de silêncio. Ah, o silêncio. Podemos meditar num trajeto do Flamengo pra Barra, não acham?

Mas este, com um carro bom, impecável, me recebeu atenciosamente, perguntou o endereço, e pasmem, ficou em silêncio. Adorei, por um tempo. Mas naquele dia não queria meditar. Estava ligada. E percebi que ele tinha adesivos da 99 Taxi e do Easy Taxi. E, não querendo ser preconceituosa, não parecia taxista de rua ou de cooperativa. Então, puxei assunto. Você gosta de trabalhar com os aplicativos? E a conversa deslanchou, afinal o trajeto era grande.

Pois bem. As cooperativas fazem tudo pro motora mesmo, o cara se acomoda. Mas também perde o controle, não tem mais poder de decisão (nem sobre o pneu), e ainda paga, e paga beeeem alto essa conta. Ou seja, fica duro e acomodado. Além de, se algum dos seus excelentíssimos colegas cometer um erro e tiver que pagar, como um processo que ele me contou, a conta é rachada entre todos. E claro, como em muitos lugares tem os queridinhos, que acabam pegando mais corridas do os outros, que são beneficiados.

Pensando em melhorar a sua conta, tentou vender publicidade direto. Defendeu para alguns estabelecimentos do roteiro dele, que poderia agregar valor e tal (adorei o discurso). Mas não rendeu.

Então decidiu trocar seu próprio pneu. Saiu da cooperativa, e agora trabalha por conta, e através dos aplicativos. Se preocupa em agradar os clientes (afinal de contas, agora depende dele), dá chocolatinhos na Páscoa, fica em silêncio e só fala se o cliente puxa assunto, se veste bem, cuida do carro, tem carregador para celulares, e um cartão bem legal para o cliente chamar de novo se gostar. Tem que pagar seus impostos, pagar seu plano de saúde, e tudo mais, mas está feliz e empolgado com o mundo que se abriu a sua frente. Como ele disse, tem que estar disposto a gerenciar a empresa (no caso, o táxi), e encarar todos os desafios, mas também vai desfrutar de sua liberdade, e vai poder fazer do seu jeito.

Antes que alguém comente, não é um post a favor ou contra Uber, é apenas uma história real. Ele decidiu mudar, melhorar. E neste caso, com táxi mesmo e aplicativos (sim, é possível).

Parecia eu na pele do taxista, contando minha história nas agências. Fiquei atônita ouvindo tudo com atenção.

Também resolvi mudar. Mas planejei, pesquisei, e me dediquei durante anos para “trocar o meu próprio pneu”. Dá trabalho sim, mas hoje trabalho do meu jeito, que é mais sustentável, colaborativo e feliz. Home office ou em coworkings. Sem horário fixo. Em rede com vários outros especialistas como eu, que complementam meu trabalho. Somos menos carros nas ruas em horários de rush (bom pra nós, pro trânsito e pro planeta). Buscamos mais amor no nosso dia a dia, entre nós, e com quem trabalhamos. Buscamos emanar boas energias, e nos ligar a gente assim, do bem.

Realmente, tem espaço para os bons, de coração, de índole, de elegância.. #maisamor #maisgentileza #maissustentabilidade #maisliberdade

(e olha que ouvi de um diretor que iria quebrar em menos de 1 ano, e pediria pra voltar. 2017, 10 anos de empresa).