Eu não quero ser um péssimo líder
O Mauro Segura, há muitas semanas, escreveu um texto de honestidade desconcertante nesses tempos de culto à "personalidade", egos inflados e prática intensa de marketing pessoal (com casos de exagero nas habilidades, na experiência e até na formação - mas isso é assunto para outra conversa).
O depoimento foi, sobretudo, uma aula para quem está se preparando para cargos executivos e/ou de liderança.
Tenho exercido algum tipo de liderança em praticamente todos os projetos que participei - sempre uma liderança natural (técnica/comportamental) e, apenas algumas vezes, também hierárquica.
O medo de ser uma bússola sem norte já me ocorreu várias vezes e uma das lições mais importantes que aprendi é que há o momento de liderar e há o momento de ser liderado (e isso não é demérito para quem está em um cargo hierarquicamente superior ou tem mais "senioridade" que os colegas).
Tangenciar um grupo na direção correta é obrigação do líder, saber tudo, não. Nem o mais capacitado c-level consegue manter-se psicologicamente saudável tendo que agir como uma enciclopédia corporativa com resposta para tudo e decisões 100% assertivas.
Hoje, em uma organização saudável, o chefe-líder não precisa falar o óbvio para não transparecer "ignorância" sobre algum assunto, enviar sempre o último e-mail da thread ou dar sempre a grande conclusão da reunião: o palco é grande e o espetáculo é longo.
Não tenho mais medo de ser um péssimo líder, também não tenho qualquer receio em ser liderado (talvez por ter a "sorte" de estar sempre em grandes times). De uma maneira ou de outra, sempre acabamos exercendo os dois papéis.
p.s. Mauro, meus sinceros agradecimentos pelo texto original - e o café aqui em Recife está combinado.