Eu pensei que ser líder era fácil
Desde pequena sempre gostei de estar em papéis de liderança e buscava todos os que eu conseguia, apesar de a minha irmã mais velha raramente me deixar ser a professora da escolinha de bonecas. Na escola eu sempre era a líder de sala, na escola de inglês fui convidada para ser monitora, liderava os trabalhos em grupo, fui munitora na universidade e líder no setor de alfabetização do KUMON. Por esses e outros motivos eu tinha convicção de que era uma ótima líder e, na verdade, era moleza!
Então entrei na Liga Empreendedora Universitária de Uberaba (LURA) e após o primeiro semestre como trainee chegou o grande dia: me tornei diretora de Recursos Humanos e as vozes da minha cabeça estavam certas de que me sairia muito bem. Liderei brilhantemente, até no semestre posterior, quando me tornei a Presidente, e junto aos meus colegas de liga percebermos que, na verdade, havia sido um fracasso. Ao limpar as lentes da autoconfiança com o lenço de Dunning-Kruger, pude ver os erros grotescos cometidos na gestão de pessoas e me vi com duas opções: melhorar (muito) ou deixar os papéis de liderança de lado, para o bem das organizações e dos liderados.
Em um ano atípico, com o esforço em manter as atividades e o calor humano através de telas, conseguimos. A LURA foi reestruturada. Novos membros, novos projetos e uma nova cultura. Eu ainda não sentia que era uma boa líder até que em um exercício do curso de Inteligência Emocional, dois amigos, membros da LURA que precisavam citar três pontos fortes e três pontos fracos em mim, disseram se inspirar na minha liderança, para a minha completa surpresa! E então algumas coisas ficaram claras para mim:
- Bons líderes precisam de humildade e autorresponsabilidade;
- Os líderes devem entender que a equipe precisa saber o seu papel e quais objetivos vão alcançar com os seus esforços. Mesmo que tenham bastante autonomia, é importante estar claro o caminho, o destino e o responsável por cada trecho;
- Sem saber o porquê se faz cada coisa, não há motivação que aguente as dificuldades;
- Sabemos que a disciplina vence a motivação, mas os times realmente precisam estar motivados, não tente pular essa etapa;
- E por fim a citação que carrego com mais carinho: "enquanto o líder corre, os liderados andam, enquanto o líder anda os liderados se arrastam e quando o líder se arrasta não existem mais liderados". Esse fato não faz o líder melhor do que ninguém, mas prova que verificar a própria postura é o primeiro passo para entender os resultados do time.
Muitas lições foram aprendidas durante minhas gestões na LURA e muitas ainda serão aprendidas em outros momentos. É importante saber que, por ser um líder é seu dever não estagnar no processo de aprendizado e que ser um líder também não te faz menos humano, os erros virão (às vezes aos montes) e cabe a você se analizar, colher os feedbacks necessários e traçar estratégias para se capacitar e ser cada vez mais, um líder e uma pessoa melhor.