Eu quebrei, mas Deus tem me reerguido.
É isso mesmo. Pode parecer jogada de títulos para ganhar seguidores, mas não é. Quero apenas dizer que sou de carne e osso como você.
Num mundo tão obcecado e obstinado pela falsa perfeição descrita nas postagens das redes sociais das pessoas que estão vendendo aulas de como ser vitorioso em determinados seguimentos, a gente que é um simples ser humano se sente tão mal em dizer que as coisas não andam tão bem assim em alguma área da nossa vida. Você se sente assim também, ou será que é só comigo?
Eu mesmo posto muita coisa sobre Inteligência Emocional e Liderança que às vezes pode parecer um contra-senso todas as minhas postagens se comparadas a esse aqui, mas confesso que me sinto muito bem e à vontade para continuar levando a vida assim e mais ao final você vai entender o porquê.
Desde os meus treze anos já trabalho. Iniciei numa pequena fabriquinha no fundo de um quintal que meu pai montou onde ele orgulhosamente produzia aquecedores elétricos para marmitas que ele mesmo inventou.
No decorrer dos anos aquele produto ficou pelo caminho abrindo espaço para uma confecção de artigos de toucador, nos sustentando por aproximadamente vinte anos.
Sem experiência nenhuma e sem dominar o mercado, de forma concomitante com essa empresa, abrimos uma linha de produção e venda direta de cosméticos com catálogo de venda porta a porta, incluindo a contratação de um número grande de vendedores. Para simplificar o relato, não deu certo, e pior, enfraquecemos a primeira empresa que não aguentou muito tempo não só por essa ingerência como outras motivos que a levaram a sucumbir.
Começamos a estudar de forma amadora o que poderia dar certo, afinal precisávamos trabalhar e manter as famílias - nessas alturas eu já era casado e tinha mulher e filha para cuidar.
Percebemos que o mercado da reciclagem de plásticos era a “bola da vez” e fomos sem medo de ser feliz. Meu pai vendeu sua casa - seu único patrimônio - para investir naquele que seria o mercado ideal e com muito incentivo (pelo menos acreditávamos nisso dado o Grande apelo ecológico).
Não durou cinco anos. Foi a pior decisão que tomamos em todo esse tempo. Agora sem casa, sem recursos, sem empresa, mas com muitas dívidas e um monte de gente querendo nos abraçar calorosamente (isso foi bem irônico).
Pra não ficar muito extenso, nesse ínterim, fui tentando diversas coisinhas em carreira solo como locação de mesas e cadeiras, confecção de websites, vendedor, marido de aluguel, corretor de imóveis (aliás tenho o Creci até hoje) e mais um monte de coisinhas que não deu em nada.
Depois de muito tempo fora da escola, resolvi estudar para mudar esse quadro. Estudei Marketing, Licenciatura em Geografia, Pedagogia, MBA em Gestão de Pessoas e Docência no Ensino Superior, ou seja, me tornei professor.
Comecei a lecionar na escola, depois na graduação e de repente me vi ensinando dentro das empresas, além de palestrar por aí.
Comecei a lembrar disso esses dias e sobre as voltas que o mundo dá e comecei a me questionar a razão de tudo aquilo.
Como um empresário “fracassado” poderia estar ensinando no mundo corporativo? Como poderia falar à lideranças? Como poderia falar de Inteligência Emocional?
Hoje ficou fácil responder. Lá atrás não. Aliás não fazia nenhum sentido.
Percebi que minhas marcas da vida me gabaritaram a dizer aos alunos o que NÃO fazer - talvez alguém se levante agora a dizer: “Inteligente aprende com seu erros, mas o sábio com os erros dos outros”, tudo bem, sou feliz sendo apenas inteligente, mas as marcas também me conectaram com outras tantas pessoas que passam o que passei.
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Meus erros potencializaram minhas aulas, e ajudaram a mostrar não aos outros, mas a mim mesmo que sou humano e que erro pra caramba tentado acertar além de que, toda vez que estiver me sentindo, algo vai me colocar nos trilhos de volta.
Minha família - que é meu maior tesouro - me mostrou que mesmo em meio às pequenas derrotas, não somos destruídos e que como minha primeira equipe, minha liderança não estava abalada, pelo contrário, estava mais fortalecida do que nunca.
Estou escrevendo esse singelo texto em meio às lágrimas relembrando minha trajetória, mas com o objetivo principal de te encorajar a ressignificar a sua história.
Creia, ela é linda e poderá ajudar muitas outras pessoas. Nunca diga que você vai recomeçar do zero porque ninguém recomeça zerado. Você e eu temos uma linda história que na medida certa do aprendizado servirá de trampolim para novos patamares.
Talvez alguém pense assim: O que te habilita a falar em/e com liderança? A falar para empresas? O que te habilita a falar e ensinar sobre Inteligência Emocional?
Bem, fora os cursos da faculdade e extra faculdade, foram as pessoas que passaram por nossas empresas com as quais tive que aprender a lidar e liderar, e não tenha dúvidas de que a minha maior equipe que sempre esteve ao meu lado mesmo em dias de angústia, seguindo minha direção, me apoiando, me levantando na hora certa e sem questionar minha integridade, sobretudo me honrando essa sim me qualifica e habilita a falar, a saber minha família, afinal, liderança começa a partir de casa.
Sempre passei por situações que precisei aprender na marra os princípios da Inteligência Emocional devido a situações hostis que me cobraram isso. Ou me posicionava de forma equilibrada ou partia para o desequilíbrio e colocava tudo a perder.
Se hoje posso te dar uma sugestão é a seguinte: Aprenda a ressignificar sua história e passe a olhar para ela com orgulho. Não olhe para suas mazelas como simplesmente um peso ou uma marca negativa no seu passado, mas trate dela o quanto antes e passe a ajudar as pessoas que passam pelas mesmas coisas. Você verá quanta autoridade no assunto você terá. Sua história irá conectar pessoas e automaticamente passará a sentir orgulho do que já passou.
A vida na verdade não é 99% das publicações de auto-ajuda e frases motivacionais, ou cursinhos relâmpagos de como mudar de vida que as redes sociais ofertam, aliás esses posts patrocinados são uma verdadeira afronta à nossa inteligência.
A realidade da maioria das pessoas como você bem sabe é muito diferente, mas ela pode ser alterada de forma gradativa quando temos pessoas maduras e com suas emoções equilibradas para nos ajudar.
Considere também colocar Deus à frente das suas atitudes. Se não fosse Ele, nada disso poderia ter dado certo, porque somente Ele muda histórias.
Pense com carinho sobre isso. Eu quebrei, mas me reergui. Falhei muitas vezes, mas com muita ajuda e carinho tenho vencido devagarzinho dia a dia.
Se eu tenho conseguido, você também pode, creia nisso.
Com carinho.
Prof. Lúcio Reis