Evento Educação 360 - Multivisões
No úçtimo dia 7, no Museu do Amanhã, no Rio, aconteceu o importante evento Educação 360 com foco em Tecnologia. Não podia ser melhor o local que inspira modernidade e liberdade pelo menos nos arredores do imponente edifício. Aliás, modernidade e liberdade são dois elementos pouco presentes na Educação no Brasil.
No auditório lotado os paineis se desenvolveram com palestrantes de vários segmentos da Educação pública e privada mas um deles merece destaque e reflexão, não exatamente por sua excelência mas pela abordagem excessivamente tecnológica que lhe rendeu uma saia justa no momento aberto a perguntas aos presentes. Trata-se de um palestrante que apresentou-se como professor de ensino superior e que em sua apresentação fez questão de ironizar o fato de que ainda se faz prova escrita para aferição de conhecimentos. A seguir, no momento destinado às perguntas dos participantes um(a) iluminado(a) assistente questionou a postura deste palestrante sobre sua posição a cerca de uso do manuscrito dizendo-lhe da importância, apesar do uso de tecnologia, de manter-se o hábito da escrita manual como prática de manutenção da coordenação motora e de outras funções bem detalhadas na pergunta. Pego de surpresa, o incauto palestrante tentou justificar-se de que não era contra a escrita manual mas que estava referindo-se apenas a sua experiência pautada no âmbito da disciplina que ministrava, Neste caso, o exemplo apresentado em sua palestra deveria incluir esta ressalva já que trata-se, ao que parece, de um caso bem pontual.
O relato em si não é o mais importante, mas serve para chamar a atenção de que a importante função da tecnologia como ferramenta de apoio para melhorar a vida das pessoas não é um fim em si mesmo e será sempre elemento de apoio e sozinha, a tecnologia, não resolverá o problema da Educação. Deve ser usada como aliada e ferramenta de aprendizagem e não apenas automatização de processos. Uma prova feita com uso de recurso computacional não faz do aluno um estudante mais qualificado. Além disto a tecnologia não é solução mágica para tudo e precisa ser contextualizada de acordo com o cenário a ser inserida sob pena de não proporcionar a ampliação da capacidade do aluno mas sim sua automatização e mais do isto o estabelecimento da dependência digital pelo seu uso abusivo e descontrolado. Tecnologias são vetores de crescimento e evolução da humanidade e sempre serão positivas se usadas de forma consciente e dosada de forma a não gerar a dependência digital acima referida e como estamos assistindo todos os dias.
No mais, é preciso ressaltar a iniciativa pois discussões sobre Educação no nosso país precisam ser mais sistêmicas e envolvendo o maior número de pessoas.
Lucio Lage Gonçalves
Autor do livro "Dependência Digital : tecnologias transformando pessoas, relacionamentos e organizações"