eVTOLs x NR-10 – A Gravidade do Choque Elétrico
Você deve estar se perguntando o que tem haver eVTOL com Choque Elétrico? Então poucos sabem mais a tecnologia envolvida nestas novas aeronaves de decolagem e aterrissagem vertical elétrica (eVTOL - “electric vertical take-off and landing”) se baseiam na propulsão elétrica e baterias de alta concentração.
Porém junto com essa tecnologia vem preocupações e atenção que os fabricantes e operadores deverão ter com a parte de propulsão elétrica destas aeronaves. Estou me referindo aos cuidados de projeto, fabricação e operação que devem ser observados no uso e operação de equipamentos que tenham alta potência (alta tensão) envolvida, pois os efeitos decorrentes de uso e operação indevida podem causar sérios acidentes.
A eletricidade é um agente de risco causador de muitos acidentes, e o choque elétrico é a passagem de uma corrente pelo corpo da pessoa quando ele tornar-se parte de um circuito elétrico que possua uma diferença de potencial suficiente para vencer a resistência elétrica oferecida pelo corpo.
Os seguintes fatores que determinam a gravidade de um choque elétrico:
O percurso da corrente elétrica no corpo da vítima tem grande influência na gravidade do choque elétrico. Uma corrente de intensidade elevada que circule de uma perna à outra pode resultar só em queimaduras locais, sem outras lesões mais sérias. No entanto, se a mesma intensidade de corrente circular de um braço a outro da vítima, poderá levar a uma parada cardíaca ou paralisação dos músculos do coração. Uma das figuras abaixo fornece a porcentagem da corrente elétrica que passará pelo coração em relação à corrente que está atravessando o corpo em cada condição.
A características da corrente elétrica também influencia na gravidade do choque. Para correntes do tipo corrente contínua (CC), as intensidades da corrente deverão ser mais elevadas para ocasionar as sensações do choque elétrico, a fibrilação ventricular e a morte. No caso da fibrilação ventricular, está só ocorrerá se a corrente contínua for aplicada durante um instante curto, específico e vulnerável do ciclo cardíaco. Em outros tipos de lesões tornam-se necessárias intensidades de corrente contínua três a cinco vezes maiores do que as do tipo alternadas.
As correntes alternadas de frequência entre 20 e 100 Hertz são as que oferecem maior risco. E especificamente as de 60 Hertz, normalmente usadas nos sistemas de fornecimento de energia elétrica, são especialmente perigosas, uma vez que elas se situam próximas à frequência na qual a possibilidade de ocorrência da fibrilação ventricular é maior. Para correntes alternadas de frequências elevadas, acima de 2000 Hertz, as possibilidades de ocorrer choque elétrico são pequenas; contudo, ocorrerão queimaduras, devido à corrente tender a circular pela parte externa do corpo ao invés da interna.
Ocorrem também diferenças nos valores da intensidade da corrente para uma determinada sensação do choque elétrico, se a vítima for do sexo feminino ou masculino.
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Por último a intensidade da corrente que circulará pelo corpo da vítima dependerá, da resistência elétrica que esta oferecer à passagem da corrente. A resistência que o corpo humano oferece à passagem da corrente é quase que exclusivamente devida à camada externa da pele, a qual é constituída de células mortas. Esta resistência está situada entre 100.000 e 600.000 ohms, quando a pele encontra-se seca e não apresenta cortes, e a variação apresentada é função da sua espessura.
Mas quando úmida, a resistência elétrica do corpo pode ser tão baixa quanto 500 ohms. Esta baixa resistência é originada pelo fato de que a corrente pode então passar para a camada interna da pele, que apresenta menor resistência elétrica. Também, ao estar com cortes, a pele pode oferecer uma baixa resistência.
Uma pessoa executando trabalhos transpira, e com isto a resistência é reduzida significativamente. Ambientes que contenham muita umidade faz com que a resistência também reduza.
A resistência oferecida pela parte interna do corpo, constituída, pelo sangue músculos e demais tecidos, comparativamente à da pele é bem baixa, medindo normalmente 300 ohms em média e apresentando um valor máximo de 500 ohms.
E como não podia faltar, a dica de “ouro” aqui é seguir as orientações e recomendações presentes na norma reguladora NR-10 que orienta como trabalhar com Segurança em locais que tenham SEP – Sistema Elétrico de Potência. Os eVTOLs trazem consigo uma inovação grande, mas também demandam cuidados seja com a parte de alta tensão, ou com o armazenamento de energia em baterias de alta concentração. Temos que observar os cuidados nas fases de projeto, fabricação e operação para que tenhamos os ganhos, porém com critérios adequados de Segurança para todos envolvidos !
(parte do artigo “eVTOLs e a Segurança”, Walter C Pinotti, 2023)