Excelentes profissionais VS Necessidade de descanso

Foi-se criando ao longo dos últimos tempos a errónea premissa que para sermos profissionais de excelência “devemos de”, para além de todas as competências e habilidades que temos de possuir, alem de x licenciaturas, mestrados, pós-graduações, mba's que fazem parte cada vez mais dos requisitos mínimos exigidos para que se preencham os padrões instituídos, a condição de estar "totalmente disponíveis e dedicados" para a profissão – tem se tornado cada vez mais presente nas exigências; aceito as vossas opiniões, mas tenho de discordar.

Explico:

Se entendo e aceito que faça sentido, estimularmos a expansão dos nossos conhecimentos e de ferramentas que nos tornem pessoas mais habilitadas a desenvolvermos melhor um conjunto de potenciais actividades, sim sempre.

Se aceito e entendo, que devemos ser dedicados, ter disponibilidade, e estarmos alinhados com os valores, princípios e procedimentos da empresa/instituição que representamos profissionalmente, sim também.

Agora, isso não significa, que esteja de acordo com estas "imposições instituídas" de que é melhor profissional aquele que está sempre disponível para com o seu trabalho, porque não estou. 

É tudo uma questão que incide sobre os valores de cada um de nós.

Um profissional que abdica dos seus tempos de família, lazer, bem-estar, de tempo exclusivamente para si, nunca poderá ser um profissional de excelência, pois vai ter sempre lacunas em algumas áreas da sua vida e sempre que elas existam vai haver reflexos disso mesmo, em todas as áreas da sua vida inclusive na área profissional. 

Até porque continuamos a ser um dos países da Europa com uma carga horária laboral mais elevada, e nem por isso, é sinónimo de sermos o país com os profissionais mais produtivos eficientes e eficazes do mundo. 

O profissional de excelência é aquele que dentro da sua carga horária (ou até antes) cumpre com o que lhe está inerente a sua função, que tem o compromisso e o sentido de pertença à empresa, que está disponível para contribuir para a evolução da mesma e dos seus colegas, que dá sempre o seu melhor, e que sabe e sente quando é o momento de parar.

Saber parar é fundamental! E cada vez mais necessário. Com organização e planeamento há tempo para tudo.

O descanso diário, uma boa alimentação, a possibilidade de fazer algum exercício físico, o poder estar presente e acompanhar a vida familiar, o crescimento e as atividades dos filhos, manter boas relações e o seu estado anímico emocional com os níveis mais positivos, são absolutamente cruciais para a saúde física, a saúde mental e a saúde emocional de qualquer pessoa, seja qual for a sua atividade profissional. 

Os nossos resultados são um reflexo do conjunto das nossas decisões, pensamentos, atitudes, comportamentos e de como nos sentimos em relação a todas elas! 

Mais uma vez reforço, todas elas surgem do mesmo ponto de partida, os nossos valores internos, e se ajustarmos os nossos comportamentos e as nossas emoções, aos nossos valores internos profissionais e pessoais, enquanto seres individuais únicos e especiais, seremos muito mais capazes, de atingir os nossos objetivos, alcançar mais metas, cumprirmos os desafios a que nos propomos, sem que para isso se ponha em causa, quer o nosso bem-estar pessoal quer o facto de nos tornarmos melhores profissionais. 

É muito importante desenvolver e criar estratégias e utilizar técnicas que nos ajudem a criar este equilíbrio e alinhamento entre os valores pessoais e os profissionais. É preciso saber ouvir e saber respeitar os tempos de cada um.

Uma pessoa feliz que se sente realizada e preenchida com aquilo que faz, com aquilo que atinge profissionalmente e que consegue ter tempo para desfrutar da vida a acontecer à sua volta – estando presente, sem dúvida que será um Profissional de Excelência.

Até breve,

Pensar Melhor, Fazer Diferente. Com Animus.

Margarida Ribeiro