Existe fórmula mágica para tomar decisões? (Data-driven vs Data-informed)
Eficiência. Eficácia. Acurácia. Precisão.
Seria bom ser sempre assim, né? Pra sua empresa, a certeza diminui custos, reduz tempo despendido, abre portas, gera credibilidade, resolve problemas, aumenta a receita, etc.
E por que não pode ser sempre assim? Peter Drucker já havia ensinado ao mundo: o que pode ser medido, pode ser melhorado. A frase continua fazendo muito sentido. O que não está claro para muitos é que a palavra pode é o ápice do contexto. O clímax do enredo.
Não há certezas nem convicções apenas nos dados. Eles são matéria-prima para gerar informação e precisam ser lapidados para gerar o conhecimento que auxilie, de fato, na tomada de decisão assertiva.
Conhecimento pode gerar melhorias. Somente os dados, não.
O que significam esses termos do título?
O questionamento no título do artigo não está lá à toa. Especialistas de produto, profissionais de software, engenheiros de dados e designers têm debatido que esse jogo de palavras não é, simplesmente, o mesmo assunto com nomenclaturas distintas. Traduzindo para a nossa língua, Data-driven é uma orientação para os dados, enquanto Data-informed é uma orientação também com base em dados.
Felizmente, a semântica vai nos ajudar nessa explicação. O advérbio também faz o seu papel na frase e define que a orientação (modo de agir no contexto de Data-informed) é uma junção de dados e outros inputs subjetivos (experiência, intuição, etc).
Em resumo, há uma diferença clara: ou você toma decisões com base apenas em dados ou irá agir conforme compreende a situação com mais de um input, além dos dados.
Na minha empresa, devo ser Data-driven ou Data-informed?
Se existisse fórmula mágica para tomar decisões, você já teria pulado pro tópico prático. Para que perderia tempo com meu prefácio, né? Hahahaha :)
Por mais que a orientação Data-informed seja mais ampla, a decisão dependerá do contexto no qual você se encontra. Imagine a cena: você precisa definir a precificação de um produto na sua empresa, mas não possui histórico e não há uma solução no mercado com o nível de complexidade que você entrega. Qual das duas opções seria a ideal?
- Definir o preço com base no investimento atual que o seu cliente faz para solucionar a dor por outros meios;
- Escolher o preço através de uma projeção de custos que imagina ter em 6 meses.
O risco existe. Na situação que usei como exemplo, não há uma opção ideal e você estaria fazendo escolhas e renúncias. Uma orientação Data-informed é mais interessante pois você consegue olhar o cenário por uma perspectiva mais ampla.
Partindo do mesmo cenário, você poderia interpretar os dados que seus competidores possuem um valor médio de R$ 89,00 para a solução atual e balizar com a sua experiência de custos fixos (pessoal e software) e variáveis (marketing e distribuição) para ter um produto mínimo viável.
Os dados (Cold facts) se unem ao instinto (Hot knowledge) para tomar uma decisão.
Para exemplificar uma aplicação da abordagem Data-driven, imagine outra cena: você tem informações históricas das campanhas feitas para determinado produto do seu portfólio. Imagina que esse produto pode ser um boom de vendas no Dia das Mães que está chegando. Que tal dar a oportunidade para os dados fazerem a mágica acontecer?
São informações precisas, colhidas ao longo do tempo. Se você faz - ou tem alguém no seu time que faça - um BI bem feito, certamente a orientação Data-driven pode ser uma ótima abordagem para o cenário.
Com o que devo me preocupar ao escolher cada abordagem?
Vou exemplificar alguns prós e contras ao escolher cada orientação:
Prós ao seguir a orientação Data-informed:
- A criatividade é sua amiga. Nem tudo está nos dados e nem todo conhecimento vem de números.
- O mundo está cada vez mais dinâmico. Conhecimento é o acúmulo de informações que já foram analisadas em algum lugar, mas nem tudo está tão claro ao ponto de não precisar ser revisado.
- Nem mesmo o seu cliente sabe tudo o que quer. Seguir sua intuição pode abrir portas que nem eles mesmos enxergavam.
Contras ao seguir a orientação Data-informed:
- Cuidado com as opiniões externas, principalmente as mais influentes. Numa empresa, a tomada de decisão não é de um indivíduo, e sim de um grupo. Você pode ficar de mãos atadas se não se embasar em dados concretos.
- Suas convicções não são verdades absolutas. Acreditando cegamente no seu instinto pode ser um tiro no escuro.
- Não deixe que muitas informações o paralisem a tomar uma decisão. Muitos inputs podem ser prejudiciais e criam um conflito de informações, dificultando o processo decisório.
Prós ao seguir a orientação Data-driven:
- Automatizar determinados processos é essencial. Nem tudo precisa mudar de rumo, pois a sabedoria aplicada ao longo do tempo já resolve.
- Informação é ouro. Se precisar de argumentos precisos numa situação de debate para se decidir um caminho, os dados analisados podem ser seus aliados.
- Dados correlacionados são incríveis. Big data também pode ser um norteador para prever o futuro, se você - ou seu time - souberem como trabalhar os dados.
Contras ao seguir a orientação Data-driven:
- Cuidado para os dados não servirem de antolho (material que limita a visão dos cavalos). Deixar-se enxergar apenas por um viés pode ser perigoso.
- Fuja das análises vaidosas ou superficiais. Você pode acabar sabotando o próprio negócio se não aprofundar o acúmulo e entendimento dos dados.
- Informação é caro, assim como o tempo. Em situações que os dados não clareiam o caminho a ser seguido, é melhor procurar outros inputs para não gerar retrabalho.
Agora o título do artigo faz sentido, né?
Realmente, a resposta é circunstancial. Não existe certo ou errado, apenas opções.
Para finalizar, dou apenas uma dica que, certamente, soará óbvia. Porém, é importante lembrar: seja paciente. Não deixe o imediatismo e/ou superficialismo tomarem conta, pois cada decisão tem um papel fundamental na construção da sua marca perante os seus clientes, da mínima alteração de um produto à completa mudança de estratégia da companhia.
Às vezes, a solução está dentro de casa, embaixo do seu nariz. Nem a Microsoft sabia que 90% das utilidades que os seus clientes gostariam que existissem no Office já estavam lá na plataforma, porém não eram vistos ou entendidos corretamente.