Existe Gestão do Tempo?

Existe Gestão do Tempo?

Engana-se quem pensa que existe algo mais poderoso e resoluto do que o tempo. Uma dádiva ou uma maldição, mas sempre impossível de ser enfrentado. Por isso mesmo, falar em Gestão do Tempo é algo tão complicado, já que o Tempo é “ingerenciável”. Ele simplesmente É ou ESTÁ.

O tempo pode ser sofrimento quando sentimos que ele não passa, quando os minutos se tornam horas e o tédio empurra o ponteiro do relógio. Como se o tempo demorasse a passar diante da dor física ou psicológica.

Por outro lado, o mesmo tempo se torna uma dádiva, quando percebemos que cada minuto é um presente. Cada dia, cada instante, cada respiração é uma oportunidade de nos fazermos melhor, de sermos cada vez mais humanos… O tempo é o nosso maior Professor. Tempo e Vida estão entrelaçados.

A Mitologia nos diz muito sobre este importante “personagem”.

Cronos e Kairos

Tudo começou com Urano (Céu), que casou com Gaia (Terra) e teve 12 filhos, os Titãs. Mas com medo de que um deles pudesse matá-lo, cada um que nascia ele colocava de volta no ventre de Gaia, até que em uma oportunidade, Cronos, o mais novo dos Titãs e líder entre os irmãos, conseguiu matar o pai e tomar seu lugar.

Cronos então se tornou Rei, mas antes de ver seu pai morrer escutou a previsão de que ele também seria derrotado por um de seus filhos, o que o fez passar a engolir cada um de seus filhos (que é exatamente a inspiração da famosa pintura Saturno Devorando um Filho, de Francisco Goya). Mas em uma dessas oportunidades, sua esposa, Reia, escondeu o filho recém-nascido Zeus e trocou-o por uma pedra. Foi Zeus quem conseguiu libertar os irmãos de dentro de Cronos e com sua ajuda destronar o pai.

Cronos (ou Chronos) ficou relacionado pela mitologia grega como a personificação do tempo, que enquanto deixa o passado para trás, sempre volta para acabar com o futuro. É sua derrota que faz com que Zeus e seus irmãos se tornem imortais. Desse mito, surgiu para os gregos o conceito de Cronos e Kairos.

O primeiro, diz respeito ao tempo do relógio, que passa e é impossível de ser gerido. Que não para e só anda para frente. Já o segundo diz respeito àquele momento certo, onde tudo converge e será lembrado. Como se o Kairos marcasse o Cronos e fizesse alguns momentos dele serem eternizados.

O Kairos é uma meta cumprida, um trabalho completado, um objetivo atingido e aquela sensação de êxito e de triunfo.

Vem da Grécia antiga a procura por esse equilíbrio.Viver o cronos com a certeza de que é impossível fugir dele e ao mesmo tempo, procurar pelo Kairos e aproveitar cada momento, aprendendo com cada um desses instantes.

Como se o cronos fosse o aspecto quantitativo do tempo e o kairos o qualitativo. Mas como aproveitar bem tanto um quanto o outro?

Aproveitando o tempo

A pergunta principal que fica é como podemos aproveitar esse tempo, seja cronos ou kairos. E o que não falta são teorias e lições. Uma delas ajuda bastante: a organização.

De acordo com diversos especialistas, a desorganização gera estresse e perda de tempo. E entre essas vozes, o cientista Leandro Teles, membro da Academia brasileira de Neurologia, em entrevista ao site do jornal Extra, lembra que “ser organizado facilita o trabalho do cérebro”. Teles afirma que quando tudo está em um lugar específico e sabido, nossa mente consegue usar o recurso da previsibilidade para executar certas tarefas, sem gastar energia para encontrar as coisas.

“O cérebro gasta tempo e performance para achar o que quer”, afirma o cientista, completando: “Se o ambiente está arrumado, a pessoa já parte do meio do caminho para cumprir aquela tarefa”.

E quem também cita a organização como parte importante desse “convívio” com o tempo é um dos maiores especialistas da área no Brasil, o cientista da comunicação Christian Barbosa em seu best seller A Tríade do Tempo.

Na verdade, Barbosa coloca essa organização bem no final de sua equação, antes disso ele mostra esse interessante conceito da tríade que ajuda a maximizar seus gastos com tarefas. O escritor separa os afazeres em: Importantes, urgentes e circunstanciais.

De acordo com sua teoria, 70% das nossas tarefas são “importantes”, 20% “urgentes” e 10% “circunstancias”. Porém, lembra que não adianta ignorar nenhuma delas. Todas devem ser encaradas e resolvidas.

As “importantes” são aquelas que tem prazos mais longos, porém resultados muito mais positivos para a empresa ou para a vida. Diferentemente das “urgentes”, que muitas vezes tem a mesma importância, mas com um prazo apertado. Por fim, as “circunstanciais” não influenciam muitos aspectos significativos de sua vida, elas apenas sugam seu tempo, ainda que sejam impossíveis de ser ignoradas.

A grande sacada de Barbosa é identificar que todos perdem tempo demais com as atividades “urgentes” e “circunstancias”, prejudicando as “importantes”. O autor ainda lembra que mais ou menos 77% das “urgentes” já foram “importantes”, mas por terem sido empurradas para perto de seus prazos, mudaram de categoria. Com isso, quem conseguir cumprir as “importantes” em seu tempo correto, terá em mãos somente os 23% de “urgentes” que já nascem factuais e precisam mesmo serem resolvidas às pressas.

Para chegar a isso é necessário olhar diretamente para o dia-a-dia, e é aí que entra a “taxinomia pessoal”. Na biologia, o termo diz respeito à classificação dos seres vivos, já Barbosa usa isso como ponto de partida para uma técnica de classificação, categorização, agrupamento e hierarquização das informações. Um modo de organizar seus documentos e objetos materiais e virtuais de modo a não perder tempo com qualquer tipo de desorganização.

Se torna necessário entender o quanto tudo isso vale e não “perder tempo” com aquilo que que não é merecedor.

O Valor do tempo

E aqui poderia ser o momento para falar a respeito de organização do tempo, tabelas, listas, rotinas e tudo aquilo que você já deve estar cansado de ler por aí. Mas não, vamos entender o que está por trás disso.

O essencial é você saber aquilo que é importante e entender o quanto vale o seu tempo. Deixar de tentar aproveitar o tempo como os outros te ensinam e, enfim, entender como você pode utiliza-lo a seu modo. Dar valor a seu kairos.

Se tiver dúvida, siga aquela antiga máxima: Se quer saber o valor de um ano, pergunte a um vestibulando que não entrou na faculdade; se quiser saber o valor de um mês, pergunte a um vendedor que não bateu sua meta e foi despedido; o valor de uma semana, tente perguntar para um vendedor de sorvetes que viu a semana inteira de chuva; e o de um segundo, tente falar com um piloto de Fórmula 1 que ficou de fora de pódio por alguns décimos.

Portanto, o mais importante não é gerir seu tempo, mas sim entender de verdade quais são suas prioridades, valorizar cada instante e aproveitar todas oportunidades para que os grandes momentos se destaquem mais. Não enfrentá-lo, mas sim fazer dele seu maior Amigo e Professor.

De que forma você tem encarado o valioso tempo que recebe todos os dias? O que tem aprendido com ele?

Ate Breve,

Clarice Santana


Alan S.

PSM | PSPO| Agile Project Management | Especialista em gestão de TI | Inteligência Artificial

7 a

Valor (filosofia) = relação entre necessidade do indivíduo X capacidade das coisas (objetos, serviços, ações) de atenderem a essa necessidade. Valor ocorre/acontece no tempo e no espaço. Ou seja... O tempo em si não tem ou não é valor. O Valor existe nas ações que conseguimos tomar no decorrer do tempo. Por isso, não faz sentido falar em "valor do tempo". (Exceto nos casos em que estamos nos referindo ao tempo como uma unidade de medida). Exemplo: Levei 2 segundos para realizar X. Neste caso o valor (medida) é 2. Por isso, achei seu texto interessante, porém um pouco confuso, conceitualmente falando. Com relação à expressão "Gestão do tempo" talvez o mais preciso fosse: "Gestão de valor no tempo." Para algumas pessoas pode até ser interessante fazer essa distinção. Porém, para a grande maioria creio que não vale a discussão. O que interessa mesmo é a praxis: conseguir realizar o que importa no tempo disponível. Aqui, apesar de todas as técnicas disponíveis, cada indivíduo deve encontrar o seu caminho. O que vale mesmo discutir é: O que é importante (para você)? Cada vez menos as pessoas pensam nisso e acabam realizando pouco valor no tempo que dispõem. Ps> Gostei muito da forma como contou sobre Cronos e e Kairos.

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