Fábula do empresário Avestruz

Fábula do empresário Avestruz

No mundo corporativo, sempre que começamos a implementar um novo modelo de gestão ou desenvolvemos um processo de profissionalização, é muito comum ouvir frases como “isso não dá certo, já tentei”; “eu falei sobre isso há seis meses, nada aconteceu”; “aquele e-mail que eu mandei, ninguém correu atrás”, frases que revelam a angústia dos empresários em ver suas boas ideias com dificuldade de sair do papel. Ou seja, mesmo tendo ideias, habilidades e até soluções criativas para possíveis problemas, acabam ficando no meio do caminho, para implementar as propostas de melhorias. Esse é um cenário bem comum que qualifica a síndrome do empresário e dono avestruz, que após  analisar o mercado e emergir com uma solução para resolver as dores de sua empresa acaba colocando a "cabeça no seu próprio buraco”, sem conseguir implementar as boas ideias que havia pensado e meses depois ao ver qual a evolução percebe que nada mudou.

Nessa metáfora, o buraco pode ter vários nomes, como rotina, dia a dia, incêndios, prioridades, emergências e tantos outros que exemplifiquem a falta de tempo ou energia para começar um novo projeto transformacional. Independentemente do nome escolhido, empresários avestruz compartilham das mesmas frustrações, aquela de ver seus projetos e melhorias não sendo implementados. 

Para mudar essa realidade e usar as ideias em prol da prosperidade da empresa, existem iniciativas importantes como treinar, organizar e a que é fundamental – planejar. Na literatura existem várias formas e modelos, que podem parecer complicados e pouco pragmáticos, mas não são. É algo muito simples! Ou seja, a empresa precisa entender onde está e o ponto onde quer chegar. A verdade é que boas ideias de onde se quer chegar surgem todos os dias nas organizações, capturar e criar pontes para materializar as ideias é o desafio a ser perseguido.

Para entender o momento que a síndrome do empresário avestruz aparece com mais frequência, precisamos analisar as fases que as empresas passam.. Ela nasce, cresce, atinge maturidade e pode entrar num ciclo de declínio ou renascimento. Usualmente após o ciclo de crescimento chega o momento da profissionalização, pois, não é mais o dono tocando tudo. Entre os sinais de que as coisas estão saindo do prumo é quando os donos estão trabalhando além do normal. O dono gostava de fazer algumas atividades e agora não faz mais, por excesso de trabalho. Fica focado em finanças e vê os resultados caindo (às vezes com aumento de faturamento) e o fluxo de caixa começa a apresentar problemas. Não é mais a força dele fazendo a transformação. 

A receita para sair desse lugar é planejar onde se quer chegar, traçar objetivos, montar iniciativas, e definir responsáveis. Chega de tocar tudo sozinho!

Recentemente em um projeto eu e os donos da empresa nos perguntávamos se a equipe que tinha feito ela chegar até ali, num momento de fragilidade financeira e operacional, se teria condições de tirá-la dali. E qual foi a minha surpresa. A resposta foi sim. Ao organizar cada área da empresa, uma a uma foi contribuindo com ideias fundamentais para levantar o negócio. Os novos desafios foram assumidos pela equipe e um comitê de governança, que fazia o acompanhamento semanal das ações, foi criado especialmente para garantir a implementação das iniciativas e fazer ajustes de percurso. 

Há um tempo atrás fomos contratados para desenvolver ferramentas e implementar uma área de controladoria, visando melhorar o controle financeiro de uma determinada empresa. Na primeira reunião com o Diretor Financeiro detectamos um problema tão grande de lançamento contábil que afetava o resultado da companhia. No demonstrativo o resultado era positivo na casa dos R$ 7 milhões e, os nossos cálculos, apontaram um resultado negativo de menos R$ 2 milhões, bancos, funcionários e outros stakeholders nunca haviam percebido tal problema.

Encontramos ainda informações controversas de estoque, ocultando os problemas de resultado, não havia interesse de ocultar, era apenas um erro de apuração. A solução foi reorganizar o projeto e organizar um processo que chamamos de turn round para colocar a empresa na rota de crescimento novamente. Ao final do sexto mês o resultado da empresa era positivo em $ 5 milhões, passando de menos R$ 2 milhões para mais R$ 5 milhões. Mas fizemos um projeto com diligência diária e reuniões quinzenais com a presidência onde toda organização apresentava proposta e implementava melhorias e prestava conta da sua evolução, todos alinhados em um único propósito.  

Então, nesse case, um erro de conceito de contabilização, por falta de conhecimento, estava mascarando os resultados da empresa. Conhecimento custa caro? Sim, custa, neste caso, muitos milhões em dívidas em troca de uma pequena economia de salário. Por isso que o dono da empresa, em algum momento, vai precisar delegar para pessoas especializadas (internas ou externas) a missão de cuidar de parte do negócio de maneira profissionalizada.  

Se ele conhecer bem o time dele já é meio caminho andado. Colocar esse time numa rota de crescimento que garanta sustentação frente a evolução da empresa é a função de uma gestão profissionalizada de empresas. É importante criar um processo para acompanhar os principais indicadores e resultados da empresa, olhar os pontos de ajuste no percurso, delegar responsabilidades e receber os reports dessa evolução. Se excluir a governança do projeto, corre o risco de, mesmo tendo feito tudo certo, passar seis meses e nada mudar. Ou seja, quando se tira a cabeça do buraco, ele está no mesmo lugar, o mundo mudou e ele ficou para trás.

A jornada de gestão dos projetos da empresa é tão importante quanto a competência de ter uma postura visionária para mudanças, mas nem sempre tivemos um SIM, de nossos clientes. Em um dos casos em que estávamos aconselhando uma empresa, percebemos que o medo e receio de “ser difícil” e de conseguir fazer tirou a vontade de ganhar R$ 4 milhões de reais de EBITDA, isso impediu uma empresa inteira de iniciar o processo para alcançar esse resultado. Nem 4. Nem 2. Nem 1 milhão? Pois é. Frustrante, porém após 6 meses de conversas com os acionistas, conseguimos demostrar a importância desse trabalho, como resultado foram capturados R$ 3,2 milhões em 7 meses. Nosso lema é: “Não sabendo que era impossível foi lá e fez”.

Acho que vale a pena contar mais um case de uma empresa que estava enforcada por conta do cheque especial. Ela usava há meses R$ 2 milhões nessa modalidade, incidindo juros de R$ 200 mil/mês. O dono era o tipo que usava a frase: “já tentei isso e não deu certo!” Chegando na empresa montamos uma espécie de QG e colocamos várias ideias no papel, definimos responsabilidades, e destacamos um especialista da RG5, nossa empresa, para monitorar as iniciativas diariamente e assumimos a cadeira de C_level. Passado um ano a empresa alcançou o maior resultado de toda a sua história. Record de resultados.       

A figura dos empresários e donos avestruz permeia o dia a dia das empresas de pequeno e médio porte. Mas esses donos de empresa são idealistas, visionários e líderes natos. Basta dar a eles a metodologia, diligência e governança para mostrar os resultados reais que a empresa é capaz de atingir. Qual o resultado que a sua empresa pode atingir? Vamos chegar lá!

 

Empresário nenhum deveria ser personagem dessa fábula, que bom que nossos clientes podem contar com profissionais como você Gustavo. Parabéns pelo artigo, estamos ansiosos os próximos! #rg5potencializandonegocios

Ricardo Guntovitch

RG5 | Ajudamos empresas a gerir seus indicadores, lucrar mais tornando-as mais atrativas para investidores.

8 m

Ótima reflexão, parabéns pelo artigo!

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