Férias...alguém te ligou?

Férias...alguém te ligou?

Recentemente, minha esposa tirou uma semana de férias.

Viajamos para um lugar muito bonito, mas o telefone dela não parou de tocar.

Todos os dias alguém da empresa ligou, solicitando tomada de decisões.

Apesar de toda sua proatividade, é evidente que não dá para ficar feliz em uma situação como esta, onde basicamente o sentido das férias (descanso do trabalho) foi deixado de lado.

Tiramos algumas lições desta situação, e para falar delas vou me utilizar aqui de algumas passagens do Livro “A hora da Verdade” de Jan Carlzon, com minha livre adaptação.

A responsabilidade em uma empresa deve ser delegada de modo que as decisões individuais sejam tomadas no local da ação, e não acima, no topo do organograma. Ocorreu que no caso de minha esposa o local da ação em questão era o cargo e aí, ninguém na empresa sabia o que deveria ser feito, mas, ainda sim a pergunta que fica é: aquilo não poderia esperar cinco dias?

Me lembro que em empresas que atuei, o único compromisso que fazia com meus gestores quando eles saiam de férias era o de não ligar para eles durante aquele período. Ainda que tivesse que varrer algumas decisões para debaixo do tapete na sua ausência, o importante era deixá-los em paz.

Quando saía de férias costumava fazer o mesmo compromisso com minha equipe. Se o telefone não tocava durante todas as minhas férias, era a prova que obtive sucesso e as pessoas terão aceitado as responsabilidades e tomarão decisões sozinhas. mas se o telefone tocava, então eu teria falhado ao transmitir minha mensagem ou ao escolher indivíduos capazes de assumir responsabilidades.

Por vezes quando voltei, descobri que muitas decisões haviam sido tomadas na minha ausência. Algumas delas não me empolgaram, eu provavelmente teria feito diferente, mas o importante é que as decisões tinham sido tomadas.

Essa é a diferença entre o gerente de um negócio tradicional e o líder verdadeiro em uma companhia. Um líder não é escolhido porque sabe tudo ou pode tomar qualquer decisão. É escolhido para reunir o conhecimento disponível e então criar os pré-requisitos para a realização do trabalho, porque ninguém dentro de uma companhia é capaz de ter na cabeça uma visão geral da equipe e estar mergulhado no processo. Se isso acontece com algum gestor que você conhece não se engane: ele está apagando incêndio, mas não está resolvendo os problemas maiores da empresa.

Você precisa dar maior responsabilidade ao pessoal da sua linha de frente e, em seguida, criar uma atmosfera segura onde eles irão se aventurar a usar sua autoridade.


Em suma, você deve criar os pré-requisitos para fazer da visão uma realidade.

Mas não se engane, isso é bem mais difícil do que executar o trabalho sozinho e leva tempo.

Muitos gestores ainda acreditam que não podem ser bons dirigentes, a menos que saibam ou finjam saber de tudo. Experimente pesquisar quantos grandes executivos de empresas de aviação sabem pilotar aviões ou consertá-los.

Hoje em dia o líder deve ter qualidades muito mais genéricas, bom senso de negócio e uma ampla compreensão da maneira como as coisas se encaixam, relacionamentos entre indivíduos dos grupos dentro e fora da companhia e a interação entre os vários elementos operacionais da companhia.

Líder é ser acima de tudo um bom ouvinte, um comunicador, um educador. Uma pessoa emocionalmente equilibrada e inspiradora, capaz de criar uma atmosfera certa em vez de tomar ele mesmo todas as decisões.

Evidentemente, sempre existiram os que se recusam a ser persuadidos na equipe. Destes deve-se exigir ao menos lealdade aos objetivos se não há um envolvimento emocional. Caso contrário a solução é "promove-los ao mercado".

O líder é voltado para resultados, porém não dita métodos e o mais importante, não precisa reivindicar todas as vitórias para si mesmo.


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