FALANDO NO SILÊNCIO

FALANDO NO SILÊNCIO

Quando uma voz se cala, o silêncio fala mais do que qualquer palavra!

Sim, o silencio tem a sua própria linguagem e a sua própria força!

 E quanto poder e quanta força ele tem!

E quando penso nisto imediatamente surge, na minha memória,

realidades e situações em que ele soube me revelar muitas verdades duras e inesperadas.

Pois, querida amiga, ambos sabemos, que o silêncio

não é dado a melindres e a amenidades.

Ele chega a ser um telefone mudo ou um e-mail

que nunca irá chegar…

Quando não é algo pior: um encontro que chega a ser

um desencontro!

Pois nenhum dos dois presentes se entende ou não acontece

a quimica tão esperada!

Sim, silêncios mostram o que as palavras não revelam!

 E falam numa linguagem muda.

Sem palavras.

 Sobre desinteresse, esquecimento, recusas, tristezas, mágoas

e tantos sentimentos e emoções sentidas e vividas.

E quantas coisas assim são ditas, no dia a dia,

através do silencio de milhões de seres humanos,

na quietude que surge, naturalmente,

depois de um desentendimento ou de uma discussão.

E sabemos que muitas vezes não acontece nenhum perdão,

nem um beijo e nem uma gargalhada para acabar

com o clima de nervosismo, de angústia e de tensão

que se forma e surge entre aqueles que estão frente a frente.

Sim, o silencio sabe permanecer implacável, irredutível e imutável

como se representasse um cenário definitivo, uma ante-sala do fim!

E é, mil vezes, preferível uma voz que diga certas coisas

ou que revele seja o que for…

Mesmo que nós não queiramos saber e nem muito menos ouvir…

Pois, pelo menos, através das palavras que forem sendo ditas,

poderá surgir uma tentativa de conciliação e de entendimento.

E pensamentos expostos através de palavras revelam argumentos,

apresentam reclamações ou insatisfações e podem se mostrar

mais honestos, sinceros e limpos.

Já com e através do silêncio, intenções, projetos e planos de vida,

não são sequer passíveis de serem analisados, discutidos ou compartilhados.

E se nada é dito, nada pode ser acertado e nem combinado…

Sim, quantas vezes, numa discussão nervosa ou histérica,

 ouvimos um dos dois gritar:

“Diga algo, fale alguma coisa, mas não fique aí parado

apenas a me olhar !”

Este é o inferno astral de um casal pois o silêncio

de um pode significar más notícias

e o desespero do outro.

É claro que existem muitas situações em que o silêncio é bem-vindo,

e pode ser considerado um balsamo.

 Como para quem trabalha com uma britadeira na rua,

 Para uma professora de uma creche ou de uma escola

 do primeiro grau.

 Ou para os residentes em casas e apartamentos,

em tantas ruas de nossas cidades.

Mas, principalmente, para quem pretende amar e ser amado

pelo outro é o que de pior pode vir a acontecer…

Pois mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura,

o silêncio a dois pode, muitas vezes, incomodar!

 Pois nem sempre este será um silêncio

em busca da harmonia, do entendimento e da paz.

E não esqueçamos que, também, existem silêncios

 que perturbam, muito mais do que as palavras.

 Pois estes silêncios falam, não através das palavras,

mas transmitem algo não perceptível pelo outro.

 O que cria e conduz a insegurança, ao medo e a dúvida, mútua.

 E não esqueçamos de falar de outros silêncios

que conduzem a redução da auto estima,

ao stress e a depressão.

São silêncios que surgem quando ninguém bate à nossa porta…

E não há recados na secretária eletrônica…

 E, desta forma, através dele, cada um de nós,

recebe, como que, uma mensagem,

implícita e explicita, de isolamento e de abandono…

E a ninguém é dado o direito de não entender

certos tipos de silêncio…

E não existe nenhuma dúvida que a solidão,

quando não procurada nem desejada,

 sabe se tornar e ser o pior dos silêncios.

Assim, receba abraços e saudades deste amigo que,

 mesmo a distancia, procura chegar, até você,

em todos os momentos.

E não ficar, como a maioria, em silêncio.


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