Falhamos na Automatização do RH?
Semana passada elaborei uma enquete para sentir se as pessoas estavam tendo uma opinião parecida com a minha sobre essas modernas e automatizadas ferramentas de recrutamento e seleção. Tenho visto posts, memes e comentários de muito descrédito dessas plataformas.
Tenho duas opiniões para manifestar. A de recrutadora e a de profissional.
Como recrutadora, confesso que fiquei bem aliviada quando os currículos deixaram de ser físicos. Aquelas pilhas de papéis empoeirados que a gente jamais dava conta de ler e organizar.
Então começaram a surgir propostas muito legais e sustentáveis (meio ambiente agradece a redução exorbitante de papel utilizado nos processos seletivos).
Até que chegou o momento em que a triagem começou a ser feita integralmente por elas. A possibilidade de colocar vários testes, match cultural, avaliação comportamental e esse monte de coisas que a gente sabe que são (mega) importantes, mas que identificávamos com uma boa conversa. Porém agora, somente quem passa por todas essas fases chega ao recrutador e sinceramente não estou acompanhando a quantidade de pessoas que conseguem tão glorioso feito, porque eu mesma já abri mão de algumas skills desejáveis para fazer processos seletivos minimamente bons (nem sempre os talentos estão alí disponíveis para nós).
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Pararelo a isso, chegou um momento em que eu desejei novos ares na carreira e me deparei com os mesmos processos cheios de fases que eu já era contra como recrutadora e deixei de participar de muitos quando via que tinha que cadastrar um novo currículo (nossa, tudo de novo?) e fazer teste de personalidade, teste de fit cultural, teste de atenção, teste... (ufa, cansei).
O que precisamos entender é que aquele tempo do RH bam-bam-bam que lança uma moda e os candidatos devem correr atrás já passou. Sabemos que pessoas e seus talentos são o principal ativo de qualquer empresa e a galera não tá mais gostando desses processos infinitos. Então, quantos candidatos bons vamos precisar perder para melhorar nossas práticas?
Eu não quero endossar aqui uma aversão à automatização, ela é fundamental para evolução de tudo na vida. Mas, não podemos deixar de ser empáticos, respeitosos e justos em nossa prática profissional. Além disso, devemos exigir do candidato apenas as habilidades que ele vai realmente usar no dia a dia e não superpoderes.
Não vamos deixar a automatização nos tornar frios, descartando currículos que você sequer teve o trabalho de ler (quem nunca fechou uma vaga importante com um currículo que plataforma recusou que atire a primeira pedra!).
Lembremos que as relações ocorrem de pessoa para pessoa. E a riqueza do RH, é que somos um departamento que cuida de gente.
Analista de Engenharia | Cal-Comp Brasil
1 aA automatização em si não é ruim. Porem existem muitos processos que poderiam ser mais objetivos, claros e "desburocratizados". Afinal, se na Internet todos podem ser o que quiserem, a análise final e decisiva do candidato sempre será ser presencial. Dessa forma, pra quê complicar?