Farol #32 – Por que não vamos cobrir a COP 30

Farol #32 – Por que não vamos cobrir a COP 30

A principal conferência do clima do mundo acontecerá na Amazônia este ano. Mas tem muita, muita coisa igualmente importante antes da COP 30

Desde que Belém foi anunciada como sede da COP 30, estar na capital paraense em novembro deste ano se tornou um objetivo de profissionais do mundo todo que atuam nos mercados de sustentabilidade, clima, ESG, economia regenerativa etc. Afinal, quem é que faz parte da “nossa turma” e não quer acompanhar de perto os debates e as negociações que definem os rumos do planeta e da humanidade?

Hummm… talvez eu?!

Explico!

Ao fim da primeira cobertura virtual de COP que fizemos (a COP 26, que aconteceu em Glasgow, na Escócia, em 2021), eu tive a percepção de que, no que diz respeito ao nosso trabalho e no que a gente acredita que pode fazer a diferença, o caminho até ela tinha sido muito mais produtivo do que o evento em si.

Isso porque nos meses anteriores, acompanhamos uma série de eventos menores e fora do grande radar que eram propositivos e interessantes, mas que não ganhavam lá tanta atenção.

Com menos holofote, menos “politicagem” e mais idealismo, por mais que o que saia desses “pequenos” encontros possa parecer ter um impacto global menor, seu poder inspirador e, consequentemente, transformacional, é inegável. E é nosso papel falar sobre eles.

Inclusive, foi isso que nos fez passar a incluir tantas coberturas desse tipo na nossa agenda anual.

Pra você ter uma ideia, temos quase 60 (!) festivais e eventos mapeados só para 2025 (a lista completa está aqui). Por mais que a gente não dê conta de cobrir nem metade disso, saber que esses debates estão acontecendo meio que prova meu ponto, não?

No fim, acompanhar o caminho para COP sempre me pareceu mais importante do que estar na COP em si. Tipo a estrada de tijolos amarelos…

Mas não quer dizer que a gente não se importe pela COP. Longe disso!

Entendemos que seu poder político é essencial para avançarmos em pautas como a descarbonização da economia mundial e o financiamento climático para os países do Sul Global mais prejudicados pela crise do clima e com menos “culpa no cartório”. Porém, nossa presença lá não parece realmente necessária. Afinal, acreditamos no poder do micro e nos dedicamos a ampliar seu alcance, e não é isso que se espera de um encontro como a Conferência das Partes.

Em 2025, o que acha de percorrer essa estrada com a gente?

Adoraria saber o que você pensa sobre isso e como sua organização tem olhado para eventos como os que estamos planejando cobrir este ano – ou seja, focados em temas como climate techs, investimento de impacto, transição energética, mercado de carbono, ESG, soluções climáticas, greenwashing, filantropia, economia circular etc.

Se sentir vontade de trocar uma ideia, responde este e-mail me contando o que você tem pensado sobre isso. Quem sabe a gente não constrói juntos um caminho interessante para além da COP 30?

Como esse é nosso primeiro contato em 2025, aproveito para desejar feliz ano novo. Que seja próspero, leve, feliz e saudável!

Natasha Schiebel

Cofundadora e Head de Conteúdo

*Farol da Economia Regenerativa é a newsletter d’A Economia B. Assine gratuitamente e passe a recebê-la por e-mail.

Em 2025, A Economia B pode ser uma enviada especial da sua organização nos eventos mais relevantes do mercado!

Desenvolvemos um serviço específico para transformar nossa curadoria de conteúdo e coberturas de eventos e festivais em ações de comunicação, letramento e treinamento para ajudar sua organização a navegar pelas complexidades dessa era de policrise e urgências climáticas.

Seremos os olhos e ouvidos de sua organização nos principais eventos de sustentabilidade, ESG, impacto e clima da Europa. Atuaremos como enviados especiais com o objetivo de compartilhar conhecimento com o seu time antes, durante e depois do evento em forma de vídeos curtos, reports, pílulas de conteúdo, palestras e workshops. Nossa newsletter leva o nome de Farol porque é justamente isso que buscamos ser!

Quer saber como funciona? Acesse esta página. Se preferir bater um papo, agende uma reunião com o João.

Deu n’A Economia B

🦍 E se os animais fossem os financiadores da preservação ambiental?

Startup desenvolve sistema de “dinheiro interespécies”, que permite que gorilas paguem por sua própria conservação em Ruanda.

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⚽️ Uma camisa que desaparece para proteger o país do mesmo fim

Ilhas Marshall, pequeno país da Oceania, lança campanha para lutar por oportunidade no futebol e, principalmente, por sua existência.

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💚 Economia verde impulsiona transformação no mercado de trabalho global

Um dos principais destaques da quinta edição do relatório Future of Jobs, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, é o papel que a economia verde deve desempenhar na transformação do mercado de trabalho e dos negócios nos próximos anos.

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🍄 Startup desenvolve protetores auriculares que nutrem o solo após o descarte

Feitos à base de micélio (a parte “escondida” do cogumelo, que fica embaixo da terra ou dentro do material onde ele cresce, como se fosse sua “raiz”), protetores auriculares biodegradáveis são alternativa sustentável aos 40 bilhões de unidades plásticas produzidas anualmente.

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🍻 Um brinde à inovação: vidro reciclado vira material de construção

Iniciativa da Heineken no Caribe mostra como garrafas descartadas podem ganhar novo propósito na construção civil.

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💸 Sob pressão política, grandes bancos americanos abandonam aliança climática

Fortalecimento da agenda anti-ESG nos Estados Unidos contribui para saída de bancos norte-americanos de pacto ambiental.

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Pensamentos que iluminam e ecoam

“A gente precisa entender a dimensão relacional da crise climática; precisamos encarar a dimensão social e a justiça climática com seriedade, do território aos direitos humanos. É preciso se preocupar também com as relações que temos conosco, uns com os outros e com o restante da natureza. Afinal, nós somos parte da natureza.

Flavia Neves Maia, presidente da ONG Filha do Sol

→ Conhecemos a Flavia durante o ChangeNOW, maior evento de soluções para o planeta, que acontece anualmente em Paris.

A cobertura completa deste evento, assim como os insights e as reflexões de todos os outros 9 que cobrimos, em cinco países, em 2024, está no guia gratuito que lançamos no fim do ano passado.

Ainda não leu? Não perde a chance. Tá aqui! 🙂


Você sabia que…

… 9 em cada 10 profissionais com deficiência ou neurodivergentes já enfrentaram situações de capacitismo no trabalho?

Entre os participantes da pesquisa Radar da Inclusão: mapeando a empregabilidade de Pessoas com Deficiência, 75% disseram que ouviram comentários capacitistas, 64% que sofreram discriminação de superiores e 62%, de colegas de equipe. Além disso, 49% afirmaram ter sido preteridos em promoções, enquanto 8 em cada 10 relataram sentir-se prejudicados no mercado de trabalho por sua condição.

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Empresas que são forças para o bem

🇬🇧[Change Please] Café que impulsiona mudanças

Segundo o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, mais de 1,8 bilhão de pessoas em todo o mundo vivem sem moradia adequada. Além disso, todos os anos, 2 milhões de pessoas são despejadas à força.

O Reino Unido é um dos países mais afetados por esse problema: somente no último ano, o número de pessoas sem moradia aumentou 10%, afetando cerca de 360 mil britânicos.

A cafeteria Change Please nasceu com o intuito de ajudar a aliviar a situação desse grupo tão vulnerável. Todo o lucro da empresa é destinado a ajudar moradores de rua a se reintegrarem à sociedade.

Só em 2024, a Change Please ofereceu 492 horas de treinamento a 233 pessoas.

Vem aí: Estudo B #7

A cafeteria Change Please é uma das empresas que estará no novo relatório da série Estudos B. O “Estudo B #7 – Pangeia, onde boas ideias se encontram” será um guia sobre inovação, tendências e histórias de impacto no setor de alimentos e bebidas na América Latina (de onde viemos – e para onde sempre olhamos) e Europa (onde parte da nossa equipe está baseada).

Nas páginas do nosso novo guia, você vai conhecer organizações que estão ajudando a tornar o mercado de alimentos e bebidas justo e regenerativo.

Siga de olho na Farol para não perder o lançamento!


Farol Recomenda

[Curta-metragem] The Last Observers

Eu nunca tinha ouvido falar de “observadores do clima”, profissionais que, todos os dias, várias vezes por dia, monitoram – e reportam – as condições climáticas do local onde vivem. Ou melhor, profissionais que faziam isso.

Os últimos observadores se aposentaram em 2023. Este belíssimo curta-metragem conta um pouco sobre a vida de Karin e Lennart, casal que, por 36 anos, exerceu esse papel em Falsterbo, Suécia, ao mesmo tempo em que criou quatro filhos na casa que fica dentro do farol da estação.

Vale (muito) o play!


[Livro(s)] 18 livros sobre o clima para ler em 2025

Se você ainda não fechou a lista de livros que quer ler em 2025 e está afim de incluir algumas obras sobre clima, esta lista do Heatmap apresenta 18 livros que serão lançados ao longo do ano e que têm premissas bem interessantes.

Vale a pena conferir!

[Podcast] Kim Stanley Robinson imagines utopia in 2025

Em 2020, Kim Stanley Robinson escreveu The Ministry for the Future, uma ficção-científica climática que conta a história de um órgão criado para defender as futuras gerações e proteger todas as criaturas vivas, presentes e futuras.

Ao contrário de muitas obras desse gênero, o futuro imaginado por Robinson não era lá tão distante. Há cinco anos, ele publicou uma obra que tinha 2025 como pano de fundo!

No mais recente episódio do podcast Zero: The Climate Race, produzido pela Bloomberg Green, o jornalista Akshat Rathi recebe Kim Stanley Robinson para uma conversa sobre como a política climática da vida real se compara ao que ele imaginou para esta era.

Os dois também discutem os perigos do pensamento de ficção científica na política e por que o escritor continua fascinado pelo trabalho de órgãos como as Nações Unidas.

Vale o play (em inglês).

→ Pelo YouTube, é possível ativar legendas automáticas em português. Acesse aqui.

Para seguir pensando…

🇧🇷

🏴🇺🇸

  • [via Euronews Green] From a president to an activist grandmother, all our unsung heroes for the climate in 2024 are women → Achei uma delícia essa matéria do Euronews Green que apresenta sete “heroínas do clima” de 2024. São histórias diversas e superinspiradoras!
  • [via Reasons to be Cheerful] 144 ways the world got better in 2024 → Se você tem a sensação de que só leu notícia ruim no ano passado e quer aproveitar que ainda estamos só começando 2025 para se inteirar sobre tudo de bom que aconteceu no ano que ficou para trás, recomendo essa listona do Reasons to be Cheerful. Tem MUITA coisa legal. Não vou dar spoilers, clica e vê você mesmo! 😉
  • [via Grist] Alert fatigue: The phrase that defined our climate in 2024Eu costumo falar que a gente só se importa com aquilo que sabe nomear. Portanto, entender o que é “fatiga de alerta”, “homicídio climático”, “cowboys do carbono”, “supercommuter”, entre outras palavras e expressões que ganharam força no vocabulário climático no ano passado, é essencial para seguirmos firmes na ação climática. Esta reportagem do Grist traz boas definições.
  • [via The New York Times] Is a ‘Green’ Revolution Poisoning India’s Capital? → A história que essa reportagem conta parece roteiro de uma distopia assustadora – mas, infelizmente, é a vida real: “A Índia prometeu queimar suas montanhas de lixo e transformá-las em eletricidade de forma segura. No entanto, uma investigação do The New York Times encontrou níveis perigosos de substâncias tóxicas ao redor de casas, playgrounds e escolas”.
  • [via The Washington Post] These people used Narcan to save lives. Here’s how they did it. → Eu fiquei na dúvida se recomendava essa reportagem porque ela não tem muito a ver com os temas que cobrimos, é pesada e bem longa. Mas, ao mesmo tempo, é uma aula de jornalismo (belissimamente ilustrado, diga-se) e também de empatia – e tá aí um tema que acho que interessa a todos nós. E, bem, lê quem quiser, né? :) Em resumo, os repórteres Elana Gordon, Aaron Steckelberg e Leslie Shapiro contam histórias de pessoas que estavam tendo uma overdose e foram salvas por alguém que sabia como utilizar o remédio “Narcan” para “ressuscitá-las”. Espero que você nunca precise viver uma história como essas, mas, se viver, a leitura da reportagem pode te ajudar a se preparar para ela.

A Farol da Economia Regenerativa condena práticas como greenwashing, socialwashing, diversitywashing e wellbeing washing. As informações compartilhadas aqui passam por um processo de checagem feito pelo nosso time de jornalistas, porém, sabemos que muitas vezes à primeira vista pode não ser fácil distinguir iniciativas legítimas de tentativas de greenwashing, por exemplo. Acredita que algo não deveria estar aqui? Fique à vontade para nos procurar.

--> Imagem de destaque: Jens Lelie para Unsplash

Wilson CANOVA

CEO e Cofundador no HubiaH - Hub de IA e IH. Cocriamos plataformas colaborativas proprietárias para a transformação digital de negócios e comunidades, agregando conteúdos, eventos e membros.

2 d

A Economia B, Natasha Schiebel. Parabéns pela mensagem de valorização das ações pragmáticas, que para além do enorme potencial inspiracional, levam pra impacto real. Solicitei o acesso à lista dos 60 eventos.

Onara Lima

Impulsionando a Estratégia Empresarial Sustentável | ESG | Membro do Conselho Consultivo | Comitê de Sustentabilidade | ESG no Mercado de Capitais | Professora | Palestrante | Escritora | Eterna Aprendiz

5 d

Tô com vcs nessa: "No fim, acompanhar o caminho para COP sempre me pareceu mais importante do que estar na COP em si. Tipo a estrada de tijolos amarelos"… A Economia B e João Guilherme Brotto, é simplesmente necessário e Inteligente a capacidade de compreender o todo, para além de COP.... até por uma razão simples, virou mais holofotes do que efetivamente um Encontro com Chefes de Estados, pessoas poderosas, celebridades, ativistas...... falta o principal, ações de fato, clareza e transparência do que tem sido real e implementado a partir desses encontros, que já estão chegando na 30º edição.... estamos falando muito, mais do mesmo, e fazendo pouco... ou quase nada? Não podemos seguir apenas falando de compromissos, precisamos, principalmente, fazer follow up real pós eventos. Foco no que deve ser prioritário e AÇÕES Pragmáticas.

A curadoria da lista foi um mega adianto! Muito Obrigado!

A jornada se torna o destino👏. Sem dizer o custo Belém que já ultrapassou, Dubai.

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