Fazer Mais ou Melhor?
Os jovens que entraram no mercado de trabalho em meados dos anos 90, ou até mesmo nos anos 2000, certamente aprenderam com seus gestores, e quiçá com os seus pais, a importância do trabalho árduo.
O trabalho enobrece o homem.
Quantos líderes foram formados sem hora para almoço, com mais de 8h de trabalho diário na empresa, celulares ligados 24h, estresses do dia-a-dia, e claro, parabenizações por sua dedicação plena ao emprego, mesmo com a saúde mental debilitada.
Naquela época, não tão distante, a saúde emocional dos profissionais não era tema discutido pela alta direção, e mais, era considerada um ponto fraco do colaborador.
"Aqui é assim! Essa é a profissão que você escolheu. Se não aguenta, peça demissão!"
Muitos profissionais que ainda estão no mercado e aprenderam a importância da independência e sobre a nobreza de fazer muito para ter resultado na vida, vão lhe responder ainda hoje, que foi com muito esforço e abrindo mão de noites bem dormidas, churrascos com os amigos e finais de semana com a família, que se tornaram quem são.
Mas a qual preço?
Nos dias atuais vemos os jovens buscando novas relações de alinhamento de propósitos com as organizações as quais trabalham, vemos essa nova geração se opôr a trabalhar horas a finco em troca de salários pífios. E esta mesma geração é chamada de mimada.
Certo ou errado, esse artigo é apenas uma reflexão.
O mundo está cada dia mais tecnológico e complexo.
A pandemia do Covid-19 apresentou ao mundo, de forma mais ampla, outras metodologias de trabalho, como o teletrabalho e o trabalho híbrido, sem citar as altas taxas de desemprego que fizeram com que muitos buscassem a informalidade e o acúmulo de "bicos" para colocar o pão em suas mesas.
Todas essas novidades adicionadas ao fator medo, aumentaram os casos de depressão, ansiedade e burnout.
As causas? O que chamam de "produtividade tóxica".
A sensação na qual o profissional tem de precisa estar sempre produzindo para não perder seu emprego, ou por que a equipe está reduzida, o trabalho precisa ser entregue e ele é cobrado por isso. De ambas as formas, as organizações retroalimentam o sentimento de que se não produzirem, outro o fará.
Há também a máxima que trabalho em homeoffice elimina as horas de trânsito e dessa forma, esse profissional tem mais tempo para mais afazeres. Sem contar o bendito whatsapp com mensagens que não tem fim. Qualquer hora é hora para uma mensagem:
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"não quero te incomodar, sei que está descansando…" Já incomodou, né?
Lembram do He Man, ou talvez do Lion ThunderCats? Só quem pode agir para mudar esse momento de tantos efeitos nocivos à saúde mental advindos das organizações, são os líderes. O mundo mudou, as gerações são outras no mercado de trabalho.
Tanto é falado de flexibilidade como uma grande competência da liderança. É hora de usufruir dela!
Revise os processos dentro da empresa a qual você é responsável; busque programas estruturados que reflitam a cultura e comportamentos que são valorizados nela; defina limites, começando por você, afinal líder é exemplo.
Una-se a equipe de RH para alinhar a missão, visão e valores da organização; comunique aos colaboradores com clareza; elaborem guia de boas práticas; identifiquem quem possa estar sobrecarregado e distribua tarefas.
Não parabenize aquele que faz tudo, mas nem sempre faz bem!
Com pequenas e saudáveis mudanças você verá um clima organizacional mais leve, pessoas motivadas e menos nervosas ou agressivas; mais inovação e criatividade com o aumento de pausas; planejamentos para o futuro, ao invés de apenas a resolução de questões emergenciais; turnover menor e menos afastamentos.
Quanto maior a saúde mental e física de seus colaboradores, menor o gasto da empresa.
Aposte na produtividade sustentável. Na capacidade de trabalhar sem causar danos à saúde e aos relacionamentos.
Esse recado não é a liderança do futuro, é para o líder do agora.
Fonte: VC/RH dez 2021