Fazer propaganda nunca foi algo tão desafiador como atualmente (pelo menos para mim).
Tudo muda o tempo todo, recebemos informações de todos os lados e os meios de comunicação servem para conectar e não mais emitir informações, por isso, a propaganda tradicional não tem mais espaço. Prender a atenção do nosso consumidor está cada dia mais difícil pois ele recebe muito mais estímulos de todos os lados a toda hora, minuto, segundo...
Trago aqui 2 exemplos. A Maria, de 6 anos, filha da minha prima, pede pra mãe gravar os programas dela da TV pra ela assistir depois, pois tem a opção de PULAR O COMERCIAL. Por outro lado, minha mãe de 60 anos está direto no Instagram, assistindo vídeos de marcas que ela nunca ouviu falar, prometendo um produto revolucionário que vai resolver sua vida. Num primeiro momento ela fica encantada, mas logo corre para o Google pra ver a avaliação da marca e o que outros consumidores dizem à respeito, e o amor pela promessa de resolver sua vida morre. Como eu vou falar com a Maria pela propaganda então? Como vou ganhar a confiança de uma senhora da idade de minha mãe?
Nunca foi tão importante falar com verdade - a verdade, ser transparente, e colocar a cara a tapa para comprovar que o produto é bom e que entrega aquilo que fala. Nunca foi tão importante uma marca trocar ideia com o consumidor, entender o que tem por trás do que ele reclama no twitter e descobrir a melhor forma de resolver o problema. Nunca foi tão precioso escutar de um cliente um elogio espontâneo e totalmente orgânico
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Pra sobreviver aos millennials e toda essa geração que vive na tecnologia de hoje, fazer propaganda tem que ser algo de conexão, de construção de relações reais, palpáveis, de aproximação. E, as agências que não entenderem isso, estão fadadas à extinção. O meteoro da tecnologia que caiu na terra, assim como aconteceu com os dinossauros, está causando mudanças gradativas na forma que vivemos, que nos relacionarmos. Precisamos nos adaptar para fazer parte dessa nova era.
Como a propaganda pode ajudar? Identificando necessidades, auxiliando as marcas a escolherem a forma certa de chegar até o consumidor e apresentar seu produto, criando novos canais de diálogo e frentes de contato, construindo marcas verdadeiras e tornando-as parte da vida dos clientes. A Maria prefere passear “naquele carro que ela ganha balinha e água quando esta com sede”. Minha mãe descobriu a cultura coreana e hoje vira noites assistindo um episodio atrás do outro na Netflix, abandonando a novela da Globo. Estes são exemplos de reinvenção. Isso é revolução, é reinvenção, é resinificação. Desafio, hein?!
Patricia Pouzada é publicitária, especialista em branding de conexões - e agora - coordenadora criativa da Amora Brand.