Feedback – a questão é muito mais ampla!

Não se trata apenas de obter resposta de aprovação ou reprovação em um processo seletivo, mas de um direcionamento profissional.

Enquanto profissional de Recursos Humanos, percebo que existe uma fragilidade muito grande no processo de feedback. Ora por não ser aplicado, ora por ser malsucedido. E, enquanto nos preocupamos com os feedbacks dos processos seletivos (se ocorrem ou não), outro muito mais importante nos escapa e interfere em nossa carreira/ crescimento, o que diz respeito ao nosso trabalho.

Em tempos de escassez de oferta de trabalho, o poder do feedback torna-se mais visível. É nessas horas que ele se constitui como um diferencial para que seja possível rever um comportamento/ atitude ou um gap técnico e favorecer a permanência em sua posição de trabalho, seu crescimento ou auxiliar na conquista de uma nova oportunidade.

Não somente por isso o assunto merece atenção, mas também por evitar os desgastes do processo de substituição de um profissional para as partes envolvidas. Certamente, isso impacta no atendimento das demandas do departamento (em relação a tempo e qualidade), onera as pessoas envolvidas e deixa quem é desligado com sentimentos como: ansiedade, medo, frustração, problemas com a autoestima, etc.

Mesmo quando a empresa precisa abdicar do profissional, sem avaliações negativas, mas obedecendo a diretrizes de redução, a prática do feedback, pode fortalecer a calma e autoconfiança do mesmo, perante a situação do desemprego.

Por parte do gestor, a estratégia de comunicação adequada e as crenças sobre o tema são relevantes. O feedback positivo também deve acontecer, sim Senhor (a)! E tem efeitos muito bons quando realizado da forma correta (sim, você também deve se preocupar com a estrutura do feedback positivo). O feedback negativo, apesar de mais usual, nem sempre é realizado da melhor forma. É comum que gere desconforto e, portanto, atitudes de defesa. Por isso, o cuidado na realização é preponderante para o resultado que a ser obtido.

Algumas observações que podem ajudar quem fornece o feedback

• A frequência é importante. Não vale realiza-lo uma única vez, de forma bombástica. Realize conversas periódicas e faça pontuações pertinentes ao trabalho e mais simples, rotineiramente. Isso diminui a distância entre o que você fala e o que ocorre no dia-a-dia. Está “fresco”, visível, fácil de enxergar e ajustar!
• A forma e o local em que isso ocorre, também são importantes. Parece clichê, mas ainda vejo feedbacks importantes sendo transmitidos através de piadinhas em grupos de conversa, indiretas ou em meio a pessoas do setor. Isso dificilmente vai gerar mudança, mas sim sentimento de humilhação, vergonha, raiva.
• Seja coerente com a realidade, exigências/ necessidades do trabalho. Não seja preciosista, tentando imprimir sua forma de trabalho, mas entenda o ritmo e “jeito” de cada um de fazer, analisando qualidade e resultados.
• Agende uma nova conversa para mostrar oportunidade de reavaliar a postura/ competência, fornecendo “pistas” e possibilitando ajustes no meio do processo. Algumas empresas propõem essa retomada nos processos de avaliação, mas se não for o caso da empresa em que você atua, faça você mesmo!
• No feedback positivo, entenda o contexto, pois, pode impactar negativamente, caso seja realizado na presença de outros membros da equipe sem maturidade profissional suficiente para aproveitar o exemplo. Deve contribuir para uma competição saudável e não gerar hostilidade entre os colaboradores e falta de comprometimento com as metas.
• Não deixe de propor novos desafios, para que o profissional não se sinta entediado e subaproveitado.
• Ainda no feedback positivo: seja claro! Não fale de promoções que efetivamente não são possíveis e não dependam somente da sua aprovação. Entenda o momento da empresa e avalie com o RH quais são os steps de carreira, salário, bem como tempo e competências necessárias da posição em questão. Do contrário, “o tiro pode sair pela culatra”!

Algumas observações que podem ajudar que recebe o feedback

• Feedbacks são primordiais para o nosso crescimento, se você não os recebe espontaneamente, vá em busca deles e certifique-se de que está correspondendo às expectativas. Mas cuidado! Não fique questionando sobre seu trabalho a todo momento, a ponto de mostrar-se inseguro. É isso mesmo, equilíbrio é primordial em tudo que fazemos!
• Mostre-se aberto a ouvir elogios, mas também a críticas sobre seu trabalho. E vai por mim, a gente sabe quando são construtivas, só precisamos ativar nossa capacidade de aceitação! Quando não são, reação embativa não vai ajudar. Mantenha seu equilíbrio emocional e não crie um clima de conflitos!
• Utilize as informações que recebeu na construção de um plano de ação pessoal, com prazo, metas e ações especificas (cursos, mudanças de rotina, busca por suporte, etc.) para mudar o cenário apontado.
• Permita-se fazer perguntas acerca do conteúdo do feedback, para entender o que de fato está sendo apontado, mas não esboce/ aja com resistência. Receber feedback positivo é uma delícia, mas é comum que o negativo “desça quadrado”. Vá para casa, pense, reavalie sua postura/ conhecimentos técnicos e não tenha medo de buscar aprimoramento/ ajuda!
• Ao entender o que precisa melhorar/mudar e como fazer isso, deixe seu gestor saber também. É importante demonstrar que a conversa gerou intenção e ações de mudança, com foco em atender as expectativas.
• Ah! E aproveite as dicas acima quando for a sua vez de fornecer um feedback (pode ser para o seu Gestor, inclusive). Caso não denote inteligência emocional, respeito e argumentos sólidos, será interpretado como resistência, despeito, dificuldades em aceitar mudanças, etc.

Nenhum feedback é ruim, ainda que negativo. Entenda as lições que eles trazem e não se permita receber o mesmo feedback negativo mais de uma vez, sem questionar-se e buscar melhoria.

Analise também a falta de feedback! Pergunte-se quais são as possibilidades de não estar gerando interesse (seja em seu trabalho atual ou na busca de um novo), compare seu perfil (técnico e comportamental) com outros profissionais da mesma área/ cargo, que estão onde gostaria de estar. O que eles têm de diferente de você?

Pratique o feedback! Quando realizado de forma respeitosa e profissional, promove um ambiente de trabalho de crescimento e melhoria continua. E veja, não estou dizendo para você se tornar um “chato que dá pitaco” em tudo e com todos, estou falando de levar suas contribuições onde existe abertura e com quem está relacionado ao seu trabalho e, portanto, interfere nas suas entregas.

Ser protagonista da sua carreira, também diz respeito a valorizar e absorver experiências e lições de profissionais que trabalham com você, não só os Gestores, mas também pares, subordinados, profissionais da área e não necessariamente da mesma empresa...

Voltando lá no início do texto, caso você não tenha recebido feedback de um processo seletivo, não deixe que isso tire seu foco. Vá em frente e gaste sua energia no seu processo de recolocação. E veja, não estou dizendo que não fornecer feedbacks é correto e que concordo com esta prática, mas polemizar não modifica seu status no mercado de trabalho. Faça diferente quando estiver diante dessa possibilidade!

Eu realmente acredito que ainda existem muitos profissionais que se importam com as pessoas e suas expectativas e, você, não só vai se deparar com eles, como também ter a possibilidade de fazer igual!

Você está fora do mercado? Então, aproveite para aprimorar competências, reavaliar atitudes, compartilhar experiências/ conhecimentos, mas não entre em uma atmosfera de negativismo, revolta e desanimo, certamente não é aí que moram as novas oportunidades.

#fécomatitude