Feiras virtuais no Agronegócio
Possuo experiência no Agronegócio, atuando como consultora, professora e palestrante, além de ter trabalhado na organização de feiras agrícolas. Observo que o mundo passa por mudanças significativas e, devido à pandemia da COVID-19, vivenciamos um período de incertezas em relação ao futuro. Nesse contexto, novos modelos de negócios precisarão substituir os tradicionais.
Nota-se também um aumento das atividades no ambiente virtual, como a realização de reuniões online e lives, bem como o crescimento das feiras virtuais. As feiras agrícolas movimentam um volume considerável de recursos financeiros e são importantes para que as empresas divulguem e vendam seus produtos, e para que os agricultores realizem suas compras, aproveitando promoções e a liberação de linhas de financiamento por bancos e governo.
Uma feira tradicional costuma durar cinco dias, atraindo cerca de 300 mil participantes e faturando bilhões de reais. É um grande empreendimento que exige um ano inteiro de planejamento, desde a montagem e desmontagem, organização e administração de funcionários e voluntários, até o atendimento às necessidades de centenas de vendedores de alimentos e artesanato e dezenas de palestrantes e expositores.
Entretanto, devido à propagação do vírus, as pessoas não podem frequentar locais com grande circulação, permanecendo e trabalhando em suas residências. A realização de feiras virtuais tem sido uma estratégia utilizada pelo mercado mundial para atrair agricultores e empresas, levando conhecimento por meio de palestras online e facilitando a compra e venda de produtos agropecuários, como defensivos e máquinas agrícolas.
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Os organizadores podem encontrar soluções nessas feiras virtuais, como agendamento de compromissos entre expositores e participantes; realização de transmissões ao vivo de palestras com perguntas e respostas (em formato semelhante ao feed de comentários do YouTube); e criação de um site que conecte visitantes a lojas online de fornecedores de alimentos e artesanato participantes da feira.
Adicionalmente, pode ser oferecido acesso a palestrantes, imagens de animais em close, colheitas, etc.; conversas entre participantes com interesses em comum; visitas remotas a fazendas; entrevistas com produtores rurais de diferentes localidades; e participação internacional de agricultores, pesquisadores, governo, entre outros.
É possível, ainda, introduzir a gamificação com base em conteúdo relacionado à feira, como "Quem sabe mais sobre milho", com quizzes entre equipes de diferentes empresas e escolas. Algumas empresas de insumos agropecuários estão criando espaços virtuais para que os participantes conheçam os produtos, apresentando suas especificações técnicas. Concessionárias de máquinas agrícolas podem realizar showrooms virtuais, demonstrando seus produtos diretamente de propriedades rurais e transmitindo ao vivo para seus clientes.
A tecnologia deve ser utilizada em todas as etapas do produto, agregando valor tanto a ele quanto aos serviços. É importante investir na pré-comunicação do evento, criando pacotes de patrocínio com diferentes níveis de destaque e valor, e realizar um pré-agendamento dos eventos, enviando vídeos com o conteúdo que será abordado, destacando a possibilidade de reservar horários e incluindo links para marcação de compromissos.
É fundamental determinar o modelo de receita. O mais popular no mundo é o gratuito, em que todos têm acesso livre e pagam apenas por atividades especiais. Contudo, é importante lembrar que, no Agronegócio, o relacionamento interpessoal é essencial. Portanto, é necessário promover uma integração entre o virtual e o real, mostrando que, apesar do evento ser online, é possível haver interação humana, que pode, inclusive, se estender após o término da feira
Economista | Dra. em Agronegócios | Conselheira | Professora | Palestrante | Parecerista em Questões Econômicas | Consultora em Agronegócios |
1 mMFT Consultoria em Agronegócios