A felicidade no ambiente do time ágil
Atualmente, estudos sobre felicidade são um desafio que motiva pesquisadores das mais diversas áreas da ciência. Recentemente esta área de estudo começou a chegar ao campo das equipes ágeis, porém sua subjetividade torna o estudo especialmente difícil, carecendo inclusive de método para sua avaliação. Desde 2008 o campo da Administração de Empresas iniciou os primeiros projetos no Brasil relacionados com o assunto (ANDREWS, 2010).
A felicidade importa às organizações e também para as equipes ágeis pois, contar com profissionais qualificados, engajados e comprometidos com os objetivos dos projetos é uma questão de necessidade em tempos de globalização (MARTIN e SHIMIDT, 2010). Pessoas mais felizes são mais produtivas, mais criativas e mais fáceis de lidar. Jeff Sutherland, um dos criadores do Scrum, cita o indicador de felicidade como um apoio para a equipe (Padrões para Scrum).
As pessoas passam a maior parte do seu tempo no trabalho, desta forma gerenciar a felicidade de equipes é muito válido, pois não há como se manter a produtividade de uma empresa sem pensar na qualidade de vida e bem estar dos colaboradores. No entanto, pensar sobre felicidade no ambiente corporativo ainda é incomum no âmbito organizacional.
A base do desenvolvimento de software Ágil é a equipe. E um dos maiores efeitos dos métodos ágeis é o aumento do comprometimento ou "felicidade" das equipes nos projetos. Desta forma, é importante que a equipe, e principalmente o Scrum Master, possam medir esta felicidade. A medição desta felicidade já foi apresentada no artigo “Team Morale and Team Happiness indicators” de autoria de Alex van der Star. O objetivo deste texto é analisar um pouco o texto do Alex e com isso, motivar as nossas equipes ágeis a pensar um pouco, além do técnico, nesta questão da “felicidade da equipe”.
O indicador “Felicidade da equipe”
Nas reuniões internas dos projetos que Alex participa é utilizada uma métrica simples para avaliar a felicidade. O chamado “indicador de felicidade” é obtido basicamente com a utilização de uma escala de cinco possíveis smiley. A utilização deste indicador é bem ampla, no caso dele, podendo abranger discussões da equipe, melhoria de processos, impedimentos de afetam a produtividade e também, o que considero importante e pouco discutido, a felicidade pessoal. Na empresa do Alex, o objetivo final deste indicador é inflamar discussões para explorar as causas subjacentes que impedem a produtividade da equipe e das pessoas.
Embora, como argumentado a seguir, seja um indicador muito simples e que gera subjetividade em análises posteriores é uma forma fácil do time começar a entender os fatores sociais (e não somente técnicos) que afetam o desempenho nos projetos. Acredito que a aplicação do indicador poderia ser ampliado para marcos específicos durante o dia e não somente nas reuniões.
Indo além e medindo a "moral da equipe"
Um texto escrito por Christiaan Verwijs (Agile Teams: Don't use happiness metrics, measure Team Morale), propõem que apenas a avaliação da “felicidade” de uma equipe fornece um conhecimento muito limitado de percepção do seu bem estar. Para tanto apresenta uma medida alternativa que empresta muito da pesquisa feita por psicólogos ocupacionais e da pesquisa dele próprio. Christiaan argumenta que ao usar apenas uma simples escala questões de subjetividade, é muito abrangente (pode virar uma terapia de grupo), pois envolve itens além das tarefas, não traduz a realidade do ambiente de trabalho (durante o dia podemos mudar de humor) e por fim, analisar estatisticamente o indicador de felicidade não gera uma métrica confiável.
A proposta inclui diversas questões que são importantes quando queremos fazer análises estatísticas, mais sérias, sobre os dados coletados e buscar uma compreensão maior do time. Para uma equipe mais madura, neste assunto, a avaliação proposta seria o caminho natural, mas quando o objetivo é iniciar o time neste assunto, o indicador de felicidade pode ser mais efetivo.
Com base nestes argumentos, a pergunta que fica: quais seriam as principais práticas que podem ser utilizadas para avaliar a moral e felicidade da equipe?
Um bom ponto de início para esta busca é a leitura do livro "Drive” de Daniel H. Pink (disponível no Brasil com o nome de Motivação 3.0, link da editora). Uma excelente análise (minha opinião), propondo que novas práticas alinhadas com a Motivação Intrínseca (Motivação 3.0) são necessárias pois no mundo atual, as técnicas de motivação do tipo Recompensa-Punição (ou "Cenoura-Chicote" como ele define) já não servem mais.
As práticas da Motivação 3.0 apresentadas no livro abordam três elementos essenciais:
- Automonia - a possibilidade de dirigir (drive!) a própria tarefa, o próprio trabalho, a própria vida. Comando-e-Controle, Cenoura-Chicote, Recompensa-Punição funciona apenas para tarefas físicas e cansativas. Porém, atualmente essas tarefas estão ficando cada vez mais a cargo de máquinas.
- Excelência - vontade de ser cada vez melhor em algo relevante. A excelência requer a capacidade de ver suas habilidades não como finito, mas como infinitamente improvável.
- Propósito - fazer a tarefa em nome de algo maior. Cada vez mais, somos maximizadores de propósito, não simplesmente maximizadores de lucro.
Portanto, o estudo da moral ou simplesmente a felicidade da equipe quando estamos aplicando métodos ágeis, e também incluo neste balaio outros processos, é importante para avançar um pouco além das necessidades e impedimentos técnicos (o que geralmente é focado) e desta forma possamos alcançar um patamar de equipe de alto desempenho. Opiniões??????
Referências
ANDREWS, Susan. Palestra e Oficina – PIB x FIB: Novos Indicadores de Sustentabilidade/ FIB índice de Felicidade Interna Bruta. In: 6º CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO: ENERGIA, INOVAÇÃO, TECNOLOGIA E COMPLEXIDADE PARA A GESTÃO SUSTENTÁVEL. Rio de Janeiro, 5 ago. 2010
MARTIN, Jean; SCHMIDT, Conrad. How to keep your top talent. Harvard Business Review, v. 88, n. 5, p. 54-61, 2010.
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9 aMuito bom!