Felicidade Sustentável
Sabe quando te pedem algo que você jamais imaginaria fazer e simplesmente você aceita o desafio? Foi assim com a Psicologia Positiva na minha vida. Sou engenheira de graduação e há mais de 20 anos fui para área de humanas, fazendo pós-graduações para redirecionar minha carreira, então nesses últimos 20 anos atuei na área de Recursos Humano.
Voltando para o desafio, fui convidada a falar sobre felicidade em 2012, e saí direto dessa solicitação para uma livraria e descobri que o mundo estava doente, visto a quantidade de títulos com esse nome ou derivados dele. O mais curioso disso tudo, era eu falar sobre felicidade, sendo que me encontrava em um momento super infeliz da minha vida. Contudo não desisti, comecei meus estudos e descobri que muitas questões que eram citadas como ações para aumentar o nível de felicidade eu já estava fazendo intuitivamente no dia a dia. Diante desse cenário, é que eu falo que a Psicologia Positiva me procurou. Depois desses quase 8 anos, me encontro em Lisboa fazendo um Master em Psicologia Aplicada na Universidade de Lisboa. Nesta instituição, me deparei com um conhecimento muito mais amplo do que eu havia tido, pois, até então, o meu universo era o corporativo. Na Universidade, a Psicologia Positiva apresentou modelos práticos que vão além do mundo dos negócios, estudamos sua aplicação na educação, na saúde, na política, na comunidade e na vida das pessoas.
Isso nos possibilitou pensar e pesquisar de maneira muito ampla. Falo nós, pois o tema que vou começar a falar aqui, nessa matéria, é felicidade sustentável, que foi elaborada por mim e meu colega de universidade Junior Miranda.
Em 1989 o idealizador da Psicologia Positiva, Martin Seligman resolveu transcender o que a Psicologia se ocupava até aquele momento, no caso, as doenças. Seligman, junto a um grupo seleto de pesquisadores, criaram um catálogo de virtudes e forças de caráter. Essa ação resultou no que existe atualmente no mundo, um estudo crescente da Psicologia Positiva: A Ciência da Felicidade.
Esse novo conhecimento não teve seu crescimento somente por iniciativa do Martin Seligman e seu grupo, mas também foi motivado pelo número crescente de problemas ligados a vida frenética e acelerada que vivemos: nossa realidade é de uma competividade alucinante com mídias sociais estimulando a ansiedade e a depressão. As notícias são alarmantes: “Depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas e é a doença que mais impacta pacientes diz a OMS (Site das nações unidas 07/0420117.” A OMS relaciona a síndrome de Burnout como um fenômeno ligado ao trabalho (Exame, 20/05/2019), então é normal que o número de artigos científicos sobre o tema venha crescendo vertiginosamente. Em uma pesquisa realizada em 2011, nos últimos 7 meses daquele ano foram contabilizados mais de 27335, enquanto que de 1970 a 1998 tínhamos apenas 200 artigos acadêmicos.
Há vários resultados levantados na vida pessoal e no trabalho que mostram melhorias para pessoas que utilizam práticas da Psicologia Positiva. As pessoas apresentaram 50% mais saúde, mais autocontrole, no trabalho 300% mais inovação, 125% menos Burnout, 66% menos faltas por doença, dessa forma esses números comprovam que vale a pena investir em felicidade.
Ao longo desses 30 anos de pesquisa, a Psicologia caminhou por três ondas, todas elas importantíssimas que propiciam as às pessoas atingir o seu desenvolvimento completo. A primeira onda tem seus estudos centrados no indivíduo. A segunda questiona a excesso do olhar positivo e passou a entender e valorizar a dualidade dos sentimentos. E a terceira onda levou em consideração a coletividade, segundo ela, para realmente sermos felizes precisamos que exista felicidade no coletivo.
Os estudiosos da Psicologia Positiva desenharam uma fórmula para orientar quais os fatores que deveriam ser levados em consideração quando pensamos em nossa felicidade. Quando falamos em fórmula, não significa que é algo sem complexidade. Pelo contrário, ter fórmula é apenas uma diretriz, deve-se utilizar fatores individuas e, nesse caso, respeitar as particularidades das pessoas e suas vidas.
A fórmula é a seguinte F(felicidade) = G(genes) 50% + CE (condições externas) 10% + AI (atividades intencionais) 40%.
Trazendo uma pesquisa do cientista Bruce Lipton* para a fórmula, incluímos um fator que na pesquisa dele é comprovado: o ambiente. Bruce Lipton fala que nós somos o que percebemos do meio e não necessariamente a nossa carga genética. Bruce cita: “Fiquei extasiado com a ideia de poder alterar meu destino modificando minhas crenças. O simples fato de perceber que esse novo ramo da ciência poderia me fazer passar de mera vítima a “co-criador” trouxe alivio (Lipton. B.H.2007)”.
Além da adaptação que acreditamos que podemos fazer na fórmula quanto a nossa genética, utilizamos outro conceito do autor Mo Gawdat. Consideramos que podemos amenizar as condições externas, quando retiramos as expectativas que temos das pessoas e das coisas.
Em resumo a felicidade sustentável é a felicidade segundo a Psicologia Positiva levando em conta que o ambiente interfere na felicidade. Sendo assim, a felicidade individual favorece a colaboração, contribuindo para felicidade coletiva e sua Permanência.
A palavra colaboração compõe essa ideia pois é essencial para a sustentabilidade.
A nova economia se baseia na colaboração. Essa característica é fundamental para o crescimento de todos os organismos, no nível celular, nos órgãos, no corpo (para gerar o individual), em uma comunidade (para gerar as cidade) e nas localidades (para gerar o mundo).
A nossa fórmula adaptada fica da seguinte maneira:
F(felicidade) = PA (Percepção do ambiente) X% + RE (Realidade – expectativas) Y% + AII (Atividades intencionais integradas*) z%
*baseadas no indivíduo, coletivo e no meio em que vivemos
Então para aplicarmos a felicidade sustentável precisamos trabalhar nossas crenças, entender realmente as nossas expectativas, procurando viver no presente e no mundo real, fazermos atividades para desenvolver nosso autoconhecimento, nos preocupando conosco, com os outros e com o meio em que vivemos, social e ambientalmente.
Felicidade no Trabalho | CHO | Psicólogo | Empatia | Propósito | Carreira | vida | gestão |
5 aDaniele, seu artigo é revelador, excelente!
Gerente de RH - HR Plant Manager -
5 aMuito esclarecedor e interessante... parabéns pelo artigo.