Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach. Começa assim, como começa a vida
Era final dos anos 80, estudava na quinta série do ginásio na época, hoje senão me engano é primeiro ano do ensino Medio, tinha acabo de sair de uma Escola Particular para estudar em uma Escola Publico em Volta Redonda interior do estado do Rio de Janeiro, tive um perda significativa nesse período que foi o Falecimento do meu Pai. Naquele ano de 1987 tinha uma Professora de Português Chamada Maria Das Graças pediu para fazer uma leitura de um livro Chamado Fernão Capelo Gaivota.
Esse foi o meu primeiro livro de romance que me aguçou a ter uma rotina de leituras. Lembro-me que tínhamos que alem da leitura também fazer um resumo do texto e realizar um trabalho na cartolina para apresentação para meus colegas de classes.
Amanhecia, e o novo sol pintava de ouro as ondas de um mar tranquilo. Assim começa Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach. Começa assim, como começa a vida. Porque o sol, juntamente com o canto do galo e algum despertador irritante, anuncia o fim da noite, igual este livro, que inspira a alma e nos faz de bússola para que possamos enfrentar o espelho e questionar quem realmente somos. Quem nós pensamos que somos.
Bach, através de Fernão Capelo Gaivota, fala desse processo de reconhecimento, do fôlego na forma de retorno a qualquer investimento que fizermos nele. Porque será nosso, próprio, digno de ensiná-lo. Digno de orgulho, nada de uma autoestima recém-polida em que podemos escorregar. Esta obra, já considerada clássica, também fala sobre as dificuldades envolvidas em romper com o estabelecido, o quanto a fé e a paixão podem ser poderosas para fazer uma mudança pessoal no seio de uma sociedade.
No início acha o livro com texto desconexos depois comecei a entender mais sobre a sua busca. As grandes buscas nascem das grandes perguntas, e Fernão Capelo Gaivota não entendia por que, por exemplo, quando sobrevoava a água em altitudes inferiores à metade da envergadura de suas asas, ele podia voar mais tempo enquanto fazia menos esforço. Fernão tinha Paixão por voar, rápido e elegante. Assim, essas perguntas eram para ele um estímulo para experimentar, observar e deduzi
Enquanto isso, sua mãe lhe perguntava por que era tão difícil para ele ser como os outros. Fernão, além de não ser como os outros, queria saber, conhecer. Não me importo de ser apenas ossos e penas, mamãe. Eu só quero saber o que posso fazer no ar e o que não posso. Mais nada. Tão simples, não? Que verdade tão despojada de ornamentos! De ser mais ou menos que o outro. Beber diretamente a felicidade do prazer que dá explorar seus próprios limites. De dar a si mesmo essa oportunidade, assim como muitas vezes a damos aos outros.
Foi em seu maior momento de crise que Fernão Capelo Gaivota recebeu sua maior inspiração. […] Não haveria mais desafios nem mais fracassos. E ele ficou ficou satisfeito em parar de pensar e voar na escuridão, em direção às luzes da praia. E enquanto voava e se resignava, Fernão Capelo Gaivota percebeu que naquela escuridão – sozinho, em silêncio, apagado no eco dos outros -, ele havia conseguido ir além de qualquer gaivota: voar na escuridão.
Muitas das soluções que encontramos aparecem por insight. Diríamos até de forma repentina. Elas aparecem depois de um tempo de reflexão em que vivemos com a sensação de estarmos presos. E quando isso ocorre, tudo parece tão óbvio para nós que pensamos que o tempo proveitoso foi realmente aquele instante, e não o momento anterior, quando na verdade não é assim. Precisamos percorrer muitos caminhos errados e aprender com eles, para finalmente escolher o caminho certo.
Depois desse “perceber”, tudo parece se encaixar. Ele percebeu que ao mover uma única pena do extremo de sua asa uma fração de centímetro, causava uma curva suave e extensa a uma velocidade tremenda. Antes que ele tivesse aprendido, no entanto, viu que quando movia mais de uma pena a essa velocidade, ele girava como uma bala de rifle… e assim Fernão foi a primeira gaivota a realizar acrobacias aéreas.
Fernão Capelo Gaivota, quando faz sua descoberta, se sente muito contente por ter encontrado respostas , por ter melhorado, mas também porque imagina que poderá ensinar as outras gaivotas. No entanto, o acolhimento que Fernão recebe não é bom; as mudanças são como o insight, muitas delas requerem um tempo de resistência.
Uma etapa terminou, chegou a hora de começar outra
O céu aguarda aquele que supera as dificuldades e até resiste com ânimo à incompreensão dos outros. Mas não o céu religioso, e sim o céu que nasce daquele olhar em frente ao espelho. Do reconhecimento e a segurança que dá coerência entre aqueles que queríamos ser e que aspiramos ser. Isso, independentemente de ter conseguido.
Este exercício de honestidade é o que recompensa o fim da paixão exibida e é quando estamos preparados para uma nova revolução. Porque a vida, assim como Fernão, é dinâmica. Porque todo processo nos completa e nos deixa incompletos ao mesmo tempo, e é a capacidade de nos movermos nessa contradição que afasta a sensação de vazio que se origina no sentimento de vagar sem rumo.
E nisso, a memória finalmente nos ajuda. Nas palavras de Fernão Capelo Gaivota: “A Terra tinha sido um lugar onde havia aprendido muito, é claro, mas os detalhes já eram nebulosos; recordava de algo sobre a luta por comida e de ter sido um exilado”. O importante, o mais importante, é que Fernão nunca foi um exilado de si mesmo, de seu próprio coração.
Fonte : Livro Fernão Capelo Gaivota . amenteemaravilhosa.com.br
“Quem é mais responsável que uma gaivota que encontra e persegue um significado, um fim mais alto para a vida?”
-Fernão Capelo Gaivota. Richard Bach-
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