FILOSOFANDO UM POUQUINHO

FILOSOFANDO UM POUQUINHO


 Carlos Delano Rebouças

 A famosa frase de Shakespeare, “Ser ou não ser, eis a questão! ”, presente na sua obra Hamlet, até hoje é repetida diante de tantas dúvidas suscitadas quanto ao comportamento humano, sobre como se posicionar criticamente em relação a uma atitude a se tomar, ou mesmo já consumada que permite tantas reflexões.

Há quem diga que a sua inspiração vem do famoso filósofo Sêneca, que pela sua ímpar capacidade de perceber a vida humana e a sua relação com o mundo, entendeu, por exemplo, que o homem precisa valorizar cada momento vivido quando disse: “Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida”.

Contudo, Shakespeare com essa famosa frase também pareceu querer desmontar o pragmatismo aristotélico, desenhando ao mesmo tempo um homem puro e sonhador, cheio de desejos e contradições, sem máscaras que pudessem esconder a sua verdade, mesmo diante da espantosa condição demonstrada ao lidar com a realidade tosca de um mundo que convive tão naturalmente com o caos.

Reflexões filosóficas à parte, fato é que esse conflito reside indubitavelmente em nossa mente. Somos, aliás, estamos literalmente envolvidos nessa eterna batalha para descobrir o que realmente somos, uma condição de ser bem mais angustiante que a de estar, quando temos a certeza de que podemos desviar o foco de nossa análise em meio a risos nada verdadeiros, que em nada correspondem a nossa verdade. Enganamo-nos para enganar, quando o maior e único ludibriado é somente nós. Permitam-me dividir essa condição com o uso do pronome.

Decerto, pode parecer desnecessário para muitos, para não dizer irrelevante, reservar o mínimo do tempo que temos na nossa vida para reflexões sobre o que na verdade somos ou como estamos no mundo; sobre a relação que estabelecemos com quem um dia, em um dado momento, acreditamos que seriam importantes para a nossa edificação como um ser, ora vazio de sentimentos, ora esgotado de tantos experimentados que um dia acreditamos serem verdadeiros, sólidos e únicos, e até enganosos, a ponto de cegar como se fossem um estimulante capaz de nos reduzir a nada em determinados momentos da vida.

Enquanto há vida, há esperança! A frase não seria bem essa, mas para não perder a oportunidade, que seja ela a nos levar a pensar (ou repensar) o que temos feito em nossas vidas que tanto pode estar nos enganando. O acordar deve sempre acontecer, para que se perceba algum sinal de alerta que aponte para a perda do amor próprio, que deve sempre ser priorizado, pois somente por ele, fortalecido, conseguimos equilíbrio suficiente para encontrar respostas na nossa vida. 

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