Fluxo de Caixa e “Cash Flow”

Fluxo de Caixa e “Cash Flow”

A gestão das necessidades de caixa nas organizações, nos dias de hoje, é de suma importância, visto que as mudanças são cada vez mais rápidas em face a vários fatores, muitas empresas vêm perdendo sua continuidade por falta de administração de caixa. O fluxo de caixa é um relatório que trabalha com informações atuais e não com dados passados, é dinâmico, portanto evidencia de forma transparente e verdadeira situação financeira da empresa. Com a nova conjuntura econômica mundial, é indispensável que o gestor esteja preparado para os novos desafios.

Atualmente, é preciso gerenciar com competência todos os recursos financeiros disponíveis na empresa e o fluxo de caixa é uma ferramenta indispensável à boa gestão das organizações. A análise da aplicação do Fluxo de Caixa nas empresas e a avaliação da capacidade informativa do Fluxo de Caixa frente à Demonstração do Resultado do Exercício, comparando as informações geradas por essa no que se reporta a gestão empresarial, reforça a idéia de que o fluxo de caixa é imprescindível à administração, pois é o mecanismo mais adequado para a obtenção das informações pertencentes aos seus ingressos e desembolsos por meio dos relatórios geridos por essa prática, servindo como ferramenta de gestão financeira e estratégica.

1.   O que é um fluxo de caixa?

O fluxo de caixa é uma ferramenta de gestão que regista as entradas e saídas de capital de um negócio. É um útil instrumento de controle para acompanhar de forma rigorosa a situação financeira da empresa num determinado período de tempo.

Para o cálculo do fluxo de caixa considera-se o saldo inicial, as receitas, as despesas e o saldo final. Toda e qualquer entrada ou saída precisa ser registada para que o resultado seja realmente condizente com a movimentação de capital e reflita o estado real do negócio.

2.   Porque o fluxo de caixa é importante para o seu negócio?

Quando se inicia um novo projeto, é fundamental que o empreendedor tenha o controle e a capacidade de avaliar as entradas e saídas do negócio, de modo a conseguir garantir que cumpra com todas as suas obrigações. Por isso, o fluxo de caixa (ou cash flow) é uma ferramenta é imprescindível para fazer a gestão financeira eficaz da sua empresa.

3.   Qual a sua importância?

O cálculo das entradas e saídas financeiras da sua empresa é o que vai definir o seu dia a dia e ajudá-lo a tomar as melhores decisões para a sua empresa, sem colocar o seu negócio em risco. E é por isso que o fluxo de caixa é fundamental no controle das suas despesas, independentemente da área em que atua.

4.   Tipos de fluxo de caixa

Existem diversos tipos de fluxos que caixa que pode operacionalizar para a sua empresa. São eles:

a)  Fluxo de caixa operacional

Trata-se do fluxo produzido pelas despesas e receitas de um negócio num determinado período e mostra os resultados alcançados no negócio e a variação no capital. No entanto, não contempla os investimentos ou a necessidade extra de capital. Basicamente ele demonstra a capacidade da empresa de converter as vendas em cash (dinheiro cobrado).

b)  Fluxo de caixa direto

Regista as entradas e saídas das atividades operacionais sem realizar qualquer abatimento, abrangendo a forma bruta dessas mesmas operações. As entradas e saídas são organizadas em classes de acordo com as suas características, como pagamento de clientes, pagamento de fornecedores, etc. A sua principal vantagem é ter as informações disponíveis diariamente, de forma atualizada.

c)   Fluxo de caixa indireto

Este fluxo não se fundamenta diretamente na análise dos fluxos de caixa, mas nos ganhos e perdas do exercício da atividade, ajustado e atualizado por dados referentes aos bens itens económicos, amortização e mudanças no património da empresa. É feito através de balanços patrimoniais referentes ao início e ao final de um determinado tempo e outras informações contabilísticas. Apesar da simplicidade de cálculo, está sujeito a imensas distorções da realidade.

d)  Fluxo de caixa projetado

É uma aproximação que permite ao dono da empresa planear suas próximas diligências e investimentos relativamente à empresa, com base nos resultados obtidos. Permite analisar as entradas e saídas, fazer uma média e projetá-la para produzir uma visão futura do negócio, o que pode ajudar o empreendedor quanto à realização de pagamentos e recebimentos para constituir o negócio, efetuar acertos na administração de recursos, estancar perdas e conseguir um resultado financeiro mais favorável e, ainda, planear investimentos para a expansão do negócio.

e)  Fluxo de caixa livre

O fluxo de caixa livre mede a aptidão que o negócio tem de gerar capital em curto, médio e longo prazo, mostrando o saldo da confrontação com o fluxo de caixa operacional. Para fazer o fluxo de caixa livre são necessários dois relatórios: um que reflita os resultados pelo período de 60 a 90 dias e outro que apresente a estimativa para um prazo de 2 a 5 anos. Este tipo de fluxo é útil para examinar o efeito esperado e, em caso de balanço positivo, analisar prováveis investimentos, traçar novas estratégias, ou reverter um quadro negativo e alcançar maior saúde financeira no negócio.

f)    Fluxo de caixa descontado

Este é um fluxo que demarca o valor de uma empresa e costuma ser usado no processo de compra e venda de um negócio ou no caso de uma eventual fusão da sua empresa, para calcular o retorno do capital investido ou para a captação de investidores. É presumido a partir da projeção do fluxo de caixa para um determinado período futuro, deduzindo uma taxa referente a eventuais riscos de investimento e o valor residual dos ativos (que corresponde ao valor estimado no final da sua vida útil) e o cálculo da importância financeira da empresa.

g)   Fluxo de caixa para investimentos

Quando um negócio está a correr bem e todos os pagamentos estão em dia, muitos empresários pensam em empregar novos subordinados e expandir a sua empresa. Nessas alturas, é essencial que haja capital suficiente para o efeito, e que o mesmo possa ser direcionado sem comprometer a normal atividade da empresa. É um fluxo de caixa necessita acompanhar de perto todas as atividades financeiras realizadas para gerar efeitos positivos e acumular riqueza.

5.   O seu negócio depende de um fluxo de caixa saudável

O fluxo de caixa reflete os efeitos das decisões da administração financeira de um negócio. Ele deve auxiliar na tomada de resoluções a curto e longo prazo. Através da sua observação é possível planear os próximos passos e definir estratégias de crescimento.

Tente, por isso, manter um rigor no controle das entradas e saídas da sua empresa e lembre-se que o sucesso do seu negócio depende diretamente da conservação de um fluxo de caixa saudável.

6.   Como fazer um fluxo de caixa

O controle do fluxo de caixa pode ser feito através de uma tabela de Excel ou de um software desenvolvido especificamente para esse efeito, que pode agilizar o processo de cálculo. Contudo, deve ser atualizado constantemente, conforme vão surgindo novas despesas e receitas. De acordo com a necessidade e a área de atuação do negócio, o relatório pode ser atualizado diária, semanal, quinzenal ou mensalmente.

Além das despesas e receitas, o orçamento disponível também deve ser considerado hora de elaborar o relatório do fluxo de caixa. É, portanto, essencial que se crie uma verdadeira base de dados sobre o empreendimento e que analise frequentemente essas informações, principalmente quando pretende fazer uma nova aquisição ou investimento, para avaliar a sua viabilidade.

O fluxo de caixa costuma contar com uma área reservada aos valores previstos, ao lado dos já realizados. Nos previstos, deve inserir qual é a estimativa de entrada ou saída para o período em análise. No realizado, registe o que de fato ocorreu, quer como saída ou entrada de capital.

a)   Mantenha registos detalhados em dia

 Para conseguir prever e antecipar momentos mais difíceis tem que conhecer a totalidade das despesas, por mais pequenas que sejam. Tudo conta: desde material de escritório, refeições decorrentes de uma reunião. Pequenas despesas, parecendo mínimas, no total representam um valor considerável. 

b)   Tenha um fundo de reserva à mão

É mais fácil dizer do que fazer, é certo. Contudo, se fizer o esforço de colocar de parte alguma da sua receita para uma poupança, terá alguma margem de manobra para fazer face a despesas inesperadas e assim ajudar o seu fluxo de caixa.

Dentro destas despesas inesperadas, incluem-se também situações em que os recebimentos não acontecem dentro do prazo. E, claro, não se esqueça de ter em conta as datas de pagamentos ao estado, que podem ser um fator determinante na sua tesouraria:

c)   Um plano de tesouraria a médio prazo

Quem paga em dia ou tem atrasos? E quanto tempo é que demora a pagar aos fornecedores? Estes tempos devem ser estipulados com alguma estratégia. O habitual é que sejam feitos os pagamentos a 30 ou a 60 dias, mas podem acontecer situações em que estes não sejam respeitados.

A palavra chave é planejamento de tesouraria: procure ter sempre atualizado um plano com pelo menos 12 meses das principais entradas e saídas de dinheiro previstas. Desta forma evita imprevistos e ainda vai a tempo de reagir se detectar algum problema.

d)   Fluxo de Caixa Projetado

Para evitar surpresas, é importante o acompanhamento diário, além de ser mais fácil para planejar para o futuro e corrigir os erros antes mesmo que eles aconteçam.

Mais do que controlar a rotina diária das finanças, o fluxo de caixa é uma ferramenta que permite uma projeção para médio e longo prazo.

Dessa forma, você pode se preparar para diferentes cenários futuros.

Por isso, nunca deixe de trabalhar com fluxo de caixa projetado inserindo valores tanto fixos que serão pagos ou recebidos, ou estimados para determinado período de tempo.

Ao ter uma projeção do quanto terá em caixa, poderá organizar os próximos passos da empresa, seja planejar possíveis cortes de gastos ou investimentos estratégicos.

e)   Um software de gestão é o seu melhor aliado

Todas as dicas acima são possíveis, mas implicarão muito trabalho e dedicação, quando pensadas separadamente. Um bom software de gestão permite-lhe controlar todos os aspetos a partir de um único sítio, dando-lhe uma visão unificada de todos os esforços em prol do seu fluxo de caixa e quais os resultados.

Obs. Ao final de um período, o saldo em caixa positivo não correlaciona com “lucro” e muito menos “prejuízo” – déficit / superávit. É importante esta compreensão pois possibilidade analises para acoes futuras.

7.   O que é uma demonstração de fluxos de caixa (DFC)?

A partir do controlo do fluxo de caixa, o gerente pode ter uma visão explicita e realista do movimento de capital do empreendimento. Esse relatório constantemente atualizado pode avaliar, por exemplo, quando é que o negócio foi realmente proveitoso num determinado período de tempo. Isto porque o fluxo de caixa lhe dá um panorama geral sobre a movimentação financeira da sua empresa, tendo em consideração os gastos, que no caso de terem um valor aproximado às receitas, revela que, na verdade, o ganho não foi tão elevado quanto imaginava. Isto vai ajudá-lo a repensar o seu negócio e a vê-lo com outros olhos, com base numa informação real sobre o estado da sua empresa.

O registo do fluxo de caixa permite que haja um controlo financeiro na empresa, para que sejam cumpridos os encargos do negócio. A demonstração de fluxos de caixa é essencial, também, para calcular se num determinado período a empresa operou ou não sobre uma boa gestão financeira, pois é ele que garante a supervivência do negócio e a economia de recursos. Nesse relatório pode encontrar ainda, por exemplo, a necessidade de um acerto dos preços ou da realização de promoções para escoar o material que não está a ser vendido, e que implicará para o futuro uma estagnação a dinâmica do negócio.

Estudando os dados das entradas e saídas, também é exequível ter um conhecimento aprofundado sobre os recursos financeiros de que dispõe e reconhecer a necessidade de um investimento que provenha do exterior, de um empréstimo ou de uma tentativa de diminuição de custos.

O controle do fluxo de caixa é, assim, imprescindível para que o empresário saiba como atuar em momentos de complexidade financeira e evite desfechos mais drásticos para o seu negócio. É uma ferramenta que o ajudará na hora de planificar cenários, fazer conjeturas e quem sabe até adiantar a necessidade de adotar determinadas ações para amenizar os momentos mais críticos.

8.   Cash Flow: 

É uma das principais grandezas a levar-se em conta para se conhecer a viabilidade de uma empresa. A sobrevivência da empresa dependerá se o fluxo de caixa que entra na empresa for maior que o fluxo que sai. Em seguida, vamos distinguir os três principais canais de fluxo de caixa que uma empresa possui.

Fluxo de caixa operativo – Despesas de capital = Free Cash Flow

Existem 3 tipos de Cash Flows

a)     Cash Flow Operacional (ou operacional): é o fluxo de caixa que entra e sai da empresa em relação à sua atividade comercial. Por exemplo, renda de vendas e despesas de pessoal e fornecedores;

 b)     Cash Flow por atividades de investimento: É aquele que é recebido ou gasto de acordo com os investimentos da empresa. Refere-se a pagamentos decorrentes de investimentos em ativos não circulantes (ativos intangíveis, propriedades, imóveis ou aplicações financeiras), e coleções decorrentes da sua venda ou amortização no vencimento;

 c)     Cash Flow das atividades de financiamento (Financing Cash Flow): é o dinheiro recebido da emissão de ações ou da dívida menos o dinheiro pago como dividendos e a recompra de dívidas. Um fluxo de caixa positivo implica mais dinheiro de atividades financeiras que permanecem na empresa. Se o fluxo for negativo, pode ser devido a pagamentos de dívidas, pagamentos de dividendos ou recompra de ações, não é necessariamente negativo.

Derivado desses fluxos de caixa, podemos encontrar uma das variáveis mais seguidas pelos analistas, que é o fluxo de caixa livre:

a)     Fluxo de Caixa Livre “Free Cash Flow”: Fluxo de caixa operacional menos despesas de capital. Esse dinheiro é o que está disponível para a empresa realizar projetos de expansão, aquisições ou manter a estabilidade financeira em tempos difíceis;

 b)     Despesas de capital “Capital Expenditure ou CAPEX”: é a despesa incorrida para adquirir ativos produtivos (veículos, máquinas, equipamentos …)

Em seguida, veremos alguns índices que incluem o fluxo de caixa em relação a outras variáveis da empresa, como vendas, dívidas, dividendos, gastos de capital:

c)     Fluxo de caixa operacional / vendas líquidas: Esse analise diz-nos a capacidade da empresa de converter as vendas em cash (dinheiro cobrado).

 d)     Free Cash Flow / Cash Flow operacional: Calculado subtraindo as despesas de capital do fluxo de caixa operacional e é dividido pelo fluxo de caixa operacional. Portanto, quanto menos investimento de capital a empresa tiver no seu fluxo de caixa, maior a força financeira para se expandir, fazer aquisições, etc. Essa despesa para a manutenção ou aquisição de ativos é descontada do fluxo de caixa e, portanto, obtemos o Free Cash Flow.

e)     Cobertura da dívida de curto prazo: É calculado dividindo-se o fluxo de caixa operacional entre a dívida de curto prazo.

Cobertura dívida CP = Cash Flow operativo / Dívida a CP

f)      Cobertura de dividendos: O fluxo de caixa operacional ou operacional é dividido pelo dividendo em dinheiro pago pela empresa.

Cobertura do dividendo = Cash Flow operativo / Dividendo 

g)     Cobertura de despesas de capital: O fluxo de caixa operacional é dividido entre a despesa que a empresa tem na compra de equipamentos, máquinas, veículos, entre outros.

Cobertura despesas de capital = Cash Flow operativo / Despesas de capital

h)     CAPEX + Cobertura de dividendos: O CAPEX é o investimento em bens de capital “Capital Expenditures” que inclui prédios, máquinas… Não pode ser deduzido do lucro para fins tributários. Essa despesa se tornará parte dos ativos, embora a amortização e a depreciação de tais ativos devam ser levadas em consideração a cada ano. O CAPEX é uma das principais formas de a empresa investir o fluxo de caixa em ativos. Essa despesa para o reparo ou aquisição de ativos é descontada do fluxo de caixa e, portanto, obtemos o Free Cash Flow.

CAPEX + Cobertura dividendos = Cash Flow operativo / Despesas de capital + dividendo 

Para saber se a empresa pode cobrir o CAPEX e o pagamento de dividendos ou em que relação pode fazê-lo, o fluxo de caixa operacional entre o CAPEX é dividido pela adição do dividendo pago em dinheiro.

Conclusão

Independentemente do modelo de negócio e nicho de mercado, o fluxo de caixa é o pulmão de qualquer empresa. Quando não há atenção para esse aspecto, a instituição perde o controle sobre a área financeira — e as consequências podem ser desastrosas.

Felizmente, existem vários cuidados que podem ser tomados para evitar que a empresa passe por apertos. Com as ações certas, é possível gerenciar o financeiro de forma adequada e garantir bons resultados.

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