FLUXO DE CAIXA

FLUXO DE CAIXA

A poderosa ferramenta em tempos de VUCA

É sabido que prever cenários de negócios já não é mais tão eficaz ultimamente. Em tempos de instabilidade nunca foi tão imperativo ter o Fluxo de Caixa bem assertivo e alinhado às operações da empresa. Claro que isso exige comprometimento e disciplina do Gestor Financeiro e de toda a empresa, pois é a principal ferramenta que auxilia na direção do negócio e na tomada de decisão.

Mas afinal, o que é e para que serve um Fluxo de Caixa?

O Fluxo de Caixa é uma ferramenta de gestão financeira com a finalidade de apresentar as entradas e saídas ao longo de um período de tempo. Sua relevância na gestão das empresas é vital, sem ela a empresa fica às cegas na tomada de decisão.

Muito mais importante do que simplesmente analisar as entradas e as saídas do cash, é a liquidez da empresa, é a capacidade de cumprir os compromissos, sejam eles com os profissionais que trabalham na empresa, os bancos, os terceiros, o governo nas três esferas e os fornecedores.

Uma empresa com dívidas em atraso, quer seja por falta de caixa quer seja por desorganização interna, não é bem vista no mercado. Uma sugestão bem importante é: invista em bons profissionais. Contrate, treine, mas não deixe o coração da sua empresa ficar fraco. Uma gestão financeira fraca é matar uma empresa aos poucos, mesmo que ela aufira lucro.

Minha empresa tem dívidas em atraso, como resolver?                     

Primeiro passo, é chamar o responsável pelo financeiro e solicitar que ele faça um Fluxo de Caixa Analítico, contendo TODAS AS ENTRADAS E TODOS OS GASTOS, aberto conta por conta, deve ser bem transparente.

Após esse passo, faz-se necessário analisar essas contas, uma a uma, e avaliar quais não são necessárias. E se perguntar: "- Qual é o benefício que cada uma conta entrega ao negócio? Por qual motivo a minha empresa gasta com isso?"

Se chegar à conclusão de que não entrega benefício algum, não deve ser mais gasto, corte naquele momento.

O próximo passo, é hora de olhar para as contas pessoais dos sócios misturadas por engano às contas da empresa. "- Mas a empresa é minha! Ou - Nem sabia que estava acontecendo?"

Sim, a empresa é sua, mas pode e deve remunerar o sócio com um pró-labore mensal que atenda às suas necessidades. É justo e necessário, fale com o contador da empresa. Se a empresa fechar, o sócio não tem mais nada. É preciso precaução. Há muito empresário mais rico do que a sua empresa.

Um outro passo, é olhar para as contas mais onerosas, aquelas em que se pagam juros altos, como é o caso de empréstimos bancários e cheque especial.

Tomar empréstimo para colocar o dinheiro em caixa é imprudência. Tomar empréstimo para alavancar seu negócio é estratégia. Só trabalhe com dinheiro dos outros se for para aplicar em crescimento de seu negócio e se a empresa auferir lucro, do contrário não tome dinheiro emprestado para pagar as contas de hoje. Essa ação vira uma bola de neve e para sair dela é muito complexo. Muitas empresas quebram aqui, pois não sabem trabalhar com essa oportunidade. Reveja os gastos da empresa.

Renegociar com bancos e alongar a dívida é uma boa estratégia, dá folga ao caixa e traz um alívio ao ambiente organizacional.

Revisados os gastos, eliminado o que não entrega benefício à empresa, executado os ajustes necessários, já começa um reflexo no Caixa. Mas é preciso avançar, ir além. Precisamos olhar se há descasamento em seus prazos no Fluxo de Caixa.

O que é descasamento no Fluxo de Caixa?

É um efeito causado no caixa da empresa em decorrência dos prazos de recebimento e pagamento serem muito distantes. Por exemplo, uma empresa vende um determinado produto ao seu cliente com prazo de 90 dias para ele começar a pagar, enquanto que seu fornecedor lhe concede prazo de 30 dias para pagar a compra. Somente aqui são 60 dias que a empresa financia o seu cliente, nessa situação é necessário ter dinheiro em caixa para cobrir os 60 dias. É indispensável ter um equilíbrio, e aqui é um grande gargalo financeiro nas empresas.

Para evitar esse descasamento é preciso analisar a qualidade das vendas: qual o valor de margem que cada produto entrega ao negócio e qual o prazo de pagamento que a equipe comercial está entregando ao cliente.

O cliente barganha preço e prazo, então, precisa fazer uma análise de Margem de Contribuição por produto e cliente, isso vai ajudar a tomar a decisão correta para a empresa.

Sugiro ainda, implantar uma Política de Prazos, diminuir o prazo médio de vendas é essencial ao Fluxo de Caixa, mas precisa ser executado em doses homeopáticas, há um risco de o mercado não aceitar e procurar no concorrente. Neste caso, é prudente levar em consideração o que a concorrência oferece, e barrar essa ação com outra, que entregue valor ao cliente.

Outro passo importante, chame o setor de compras, solicite que barganhe preço e prazo junto ao fornecedor, os clientes fazem isso com a empresa, é justo o oposto. A empresa pode ganhar mais competitividade com essa estratégia.

Avalie, também, novos fornecedores, ficar refém de um único é estratégia muito arriscada. Se ele quebrar, sua empresa vai junto.

Outro ponto muito relevante e delicado é o estoque. As empresas costumam trabalhar com muito estoque devido a uma estratégia que por vezes é equivocada, ter estoque é ter venda garantida no momento que o cliente precisar. Nem sempre isso acontece.

É vital avaliar os produtos encalhados e obsoletos, eles devem virar dinheiro em caixa. Chamo a atenção para o seguinte: não adianta escoar estoque a qualquer custo quando o produto fica encalhado. É indispensável prevenção.

Quando há produtos demais em estoque é consequência de uma previsão de vendas que não deu certo. É essencial treinar a equipe comercial para alinhar às expectativas de venda da empresa com às do mercado.

Controle de estoque é primordial. Uma análise da curva ABC é suficiente para informar quais produtos giram mais e melhor em seu estoque. Quanto mais o estoque girar, mais agilidade na produção e na entrega ao cliente. E agilidade hoje é tudo. Um setor de produção operando em sua capacidade reflete num melhor aproveitamento de mão de obra direta e os custos com ociosidade são mínimos.

Uma boa estratégia é implantar um lote mínimo de produção, ter produtos em estoque somente o tempo suficiente para produzir novos lotes. Cabe lembrar que considerar o tempo de entrega do fornecedor, é muito importante para que essa estratégia funcione.

Ainda, é possível trabalhar com programação de produção para aqueles itens que giram pouco. Não comprar lotes grandes de matéria prima, a não ser que a empresa tenha certeza que de que as vendas superarão as metas. Mas penso ainda ser muito arriscado, sugiro nesse caso, prudência. Negociar com o fornecedor a compra e a entrega de modo que atenda a demanda. Matéria prima também sofre desgaste com o tempo.

Muito importante lembrar que a inadimplência prejudica o Fluxo de Caixa também. No entanto chamar o setor financeiro para analisar esse indicador é muito relevante. Clientes inadimplentes requerem estratégias de cobrança. Uma boa ação para barrar a ascensão desse indicador é implantar uma Política de Análise de Crédito e Cobrança, esse processo dará um norte à equipe operacional e trará resultados significativos à empresa.

Começamos falando sobre descasamento de Fluxo de Caixa e finalizamos com o Ciclo Financeiro. Uma coisa é ligada a outra. Em outro momento falaremos sobre Ciclo Financeiro e o Capital de Giro.

Por ora cabe frisar que quanto mais os clientes pagarem com maior agilidade e menos prazo, quanto maior o prazo de pagamento junto aos fornecedores e quanto mais rápido o estoque girar, melhor será o Ciclo Financeiro do negócio, e a consequência é um Fluxo de Caixa com capacidade de honrar os compromissos em dia e as decisões de investimento serão mais saudáveis.

Outros benefícios auferidos com um Fluxo de Caixa saudável é a melhora do clima organizacional, um ambiente leve e saudável reflete em profissionais mais seguros, produtivos e comprometidos com a empresa e o empresário estará mais tranquilo na sua gestão.

É um ciclo virtuoso, uma ação leva a outra que leva a outra...

Mas afinal, por qual razão é necessário fazer tudo isso?

Pelo simples fato de que se uma empresa não tem liquidez ela morre. Segundo dados divulgados pelo IBGE em junho deste ano, com a crise que assolou o país, entre os anos de 2013 e 2016, aproximadamente 341 mil empresas fecharam as portas.

É devido mudar o Mindset e se envolver no Fluxo de Caixa Gerencial. É dever de todos do ambiente organizacional, o tempo todo, e não somente quando o cinto aperta. Todos colaboram e contribuem para uma gestão mais eficiente, sadia, feliz e sustentável para a empresa. A relação de ganha-ganha é imensa, além de uma ótima oportunidade de aprendizado.

Então, como implantar um fluxo de caixa em meu negócio?

Há inúmeras formas de se fazer um controle do caixa. Desde apps que podem ser baixados no smartphone até planilhas gratuitas disponíveis na internet. Também há um fator que precisa ser relembrado, a disciplina e o comprometimento com o controle devem ser seguidos à risca, afinal é o seu dinheiro que stá em jogo.

Para elaboramos um Fluxo de Caixa Operacional simples, mas efetivo, é necessário entendermos alguns conceitos: saldo inicial, entradas, saídas e saldo final. Vamos lá?

Saldo inicial – é o valor do dinheiro que você tem na conta corrente ou no caixa da empresa. Para os casos em que há mais de uma conta em banco, exige-se somar todos os saldos para incluir nesse controle.

Entradas – são os valores recebidos, sejam eles provenientes de vendas de mercadorias, de vendas de ativos, de dividendos, de juros financeiros. E, para facilitar, podem ser criadas contas no fluxo de caixa para cada situação citada acima, desde que seja realidade na empresa.

Saídas – são os valores que saem do caixa por conta de pagamentos de fornecedores ou despesas necessárias. São desembolsos com matéria prima, insumos de produção, pagamento de salários dos profissionais, pagamento de energia elétrica, entre outras. Tudo que vai sair do caixa e que exige um pagamento é alocado nesta conta. É importante registrar todas as saídas, assim conseguimos ter o cenário onde é possível economizar e reduzir custos, além de termos a real certeza onde o dinheiro está sendo aplicado.

Saldo final – é o valor que sobra. Somam-se todas as entradas e temos um total A, após somam-se todas as saídas e temos um total B. Então fazemos a seguinte conta: Saldo Inicial + Total A (Entradas) – Total B (saídas) = Saldo Final.

Este saldo, ao final do mês, será o saldo inicial do mês seguinte, por exemplo: ao final de abril o saldo foi de R$ 300,00, então o saldo inicial em maio será de R$ 300,00.

Ao final de um ano, é possível ter a soma de tudo que foi recebido e tudo que foi pago, além do quanto foi iniciado o ano e o quanto sobrou ao final dele.

Parece muito a ser feito, e é mesmo. É complexo, é demorado, por esse motivo necessita de pessoas comprometidas com esse propósito. Mas todas as ações se bem executadas trarão os resultados ao negócio.

Se a equipe interna não tem essas características sugiro buscar empresas que podem assessorar. Empresas de Consultoria Financeira tem expertise no assunto e podem ajudar a empresa a se organizar financeiramente.

Ouvi outro dia a seguinte expressão: "Dinheiro é uma energia divina e como tal, devemos deixar fluir em nossas vidas".

Parece besteira? Mas não é. Há quem diga que dinheiro não traz felicidade, mas quem nunca ficou feliz com aquela viagem desejada, com aquela roupa confortável, com a compra de uma casa ou apartamento e etc.

Penso que há uma concordância: dinheiro nos faz feliz, satisfaz as nossas necessidades e quando sentimos esse bem-estar, flui em nosso corpo hormônios do prazer, a consequência é uma melhor interação em nossas relações pessoais e profissionais. Há outro significado, deixamos de lado o ter e olhamos para o ser, somos mais leves, mais felizes, mais produtivos, mais empáticos, etc.

Então mãos à obra!

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