Fundo Azul
FUNDO AZUL DE SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DAS INDÚSTRIAS
Carlos Araujo, Mackensie Agribusiness
Estamos em um período de crise nunca ocorrida nos tempos modernos.
A China como nosso maior mercado exportador atravessa por períodos desfavoráveis. Segundo o FMI, há uma projeção de redução do crescimento econômico para 4,6% ante 5,2% em 2023 e com tendência de queda, prevista para 2028 para 3,4%.
A indústria imobiliária chinesa está em uma severa crise decorrente da queda da expansão econômica do País. A desaceleração do crescimento econômico na China tem sido um tópico de interesse e preocupação nos últimos anos em função dos seguintes tópicos:
• Mudanças estruturais na economia, A China passou por uma transformação econômica significativa nas últimas décadas, transitando de uma economia baseada em manufatura e exportação para uma economia mais focada em serviços e consumo interno.
• Pressões demográficas, o envelhecimento da população chinesa e a consequente diminuição da força de trabalho estão exercendo pressão sobre o crescimento econômico
• Políticas governamentais, o governo chinês tem implementado políticas para promover um crescimento mais sustentável e de qualidade, priorizando a estabilidade financeira, o controle da dívida e a proteção ambiental.
• Tensões comerciais internacionais, as disputas comerciais entre a China e outros países, especialmente os Estados Unidos, também podem afetar o crescimento econômico chinês.
Outro “yellow flag”, é a guerra entre a Rússia e Ucrânia, além da questão de Israel e os palestinos, nos levam a uma incerteza global.
O capitalismo suporta estas questões?
Na década de 70, precisamente em 1973, ocorreu a primeira crise de petróleo, elevando consideravelmente o preço desta commodity energética e impactou as maiores economias globais. Desde então o mundo capitalista vem sofrendo sucessivas crises de gestão, econômicas e climáticas.
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No Brasil, um país capitalista, o governo socorreu a indústria automobilística em diversas ocasiões. Da mesma forma ocorreu com indústria bancária americana e o governo americano em 2008 socorreu bancos e a GM da quebra que poderia ter consequências globais catastróficas.
Após décadas gerando saldos positivos na balança de pagamentos, uma parte significativa do agronegócio sofre em função de uma crise climática, levando a quebra de safra da soja e milho.
A base do sistema capitalista, o detentor do capital assume o risco e detém o lucro. A lógica é que o governo não interfere no mercado e fica com suas atribuições básicas de ofertar ao mercado qualidade na saúde, segurança e educação, através dos impostos recolhidos da população.
Uma solução viável para amortizar o impacto das crises globais e nacional é que cada indústria (automotiva, agronegócio, saúde, metalurgia e demais indústrias) se cotizem e adote o Fundo Azul, no qual as empresas e sua cadeia de fornecedores adotem um fundo semelhante ao Japão (O Japão tem uma longa história de apoio às indústrias por meio de diversos mecanismos, incluindo fundos industriais e programas de desenvolvimento), que poderia ser administrado pelas federações efetivamente representativas sem a participação do governo de plantão.
A Federação Nacional das Indústrias e seus devidos segmentos, CNA, entre outras, seriam grandes indutores para amortização das crises e uma definição de uma política industrial para o século XXI.
Em épocas de crise a população paga quando uma grande empresa necessita de recursos, no último caso Volks obtém R$ 500 mi com BNDES para desenvolver carros híbridos e elétricos. Cabe a empresa capitalista investir! E esperar uma taxa de retorno favorável.
É recente, o caso da Ford na Bahia que recebeu incentivos fiscais dos governos federal e estadual. Depois fechou suas portas e saiu do Brasil como montadora. Eliminando empregos e fornecedores sem perspectiva de futuro.
Quando o mercado da soja e milho estava em alta, a produção foi direcionada para o mercado externo e os preços internos se expandiram e elevaram os preços com impactos diretos na inflação. Agora com a crise agrícola o governo tem que apoiar os produtores em função da quebra de safra resultado da crise climática.
Em momentos como este, o Fundo Azul seria utilizado para financiar projetos de recuperação e alavancar o crescimento e desenvolvimento tecnológico dos setores em que as empresas estão inseridas.
A proposta do Fundo Azul deve ser implementada, suportando as empresas em períodos turbulentos, gerando emprego e renda, além de reduzir a desigualdade social e econômica do Brasil.
O Brics e agências de financiamento podem ser uma fonte de financiamento aos fundos empresariais com garantias das nossas exportações aos demais membro do bloco.