Futuro da Medicina...
Futuro da Medicina..
Em Congressos e Encontros falam-nos do futuro da ciência e tão pouco da arte de ser médico. Alguns reclamam mais orçamento e finanças para exames e técnicas. Os sãos e os doentes reclamam mais atenção e os doutos, professores e lideres de Ordens e Sociedades, falam da necessidade de ciência e tão pouco do olhar, do receber, do falar e ouvir.
Novos medicamentos, ciência, investigam e nos dão esperança, quase crença da descoberta da cura, da transfiguração da morte em quase sobreviver e mais além viver. A morte nem é falada e por vezes até clamam e pedem ao médico que a auxilie e crie.
Temo ser de uma geração em que o nascimento era precedido de desejo de bom agoiro e parto, de crianças bem-vindas e acalentar o seu crescimento e desenvolvimento, em bem estar e não mera ausência de doença. Conversar com idosos era uma oferta de aprender como se vivia noutros tempos, a sorte e o azar, as guerras e o pudor do confronto entre homem e mulher. O planear a vida sem uma direcção tão certa, mas com uma certeza que um dia a morte viria e merecia apoio e ordem na sublimação da frustração.
No futuro da prática que ainda exerço e cuido, recebo como médico, mero cuidador de famílias, de gentes de muitos credos, de cores e etnias e juntos enfrento o desafio, a quase expedição de desbravar um caminho de ser assim humano e médico. O futuro da medicina, na minha opinião depende nem tanto do custo e do gasto, do orçamento e das finanças, mas mais do confronto e da partilha de ser e estar ora são ou doente e aprender a ultrapassar escassos recursos de uma gente pobre e remediada, com muitos sonhos e quase desejos de viver bem e eternamente.