Futuro do Investidor #3 - Renda fixa
Arte de capa por @Deryty

Futuro do Investidor #3 - Renda fixa

Bem vindo a mais uma edição da nossa newsletter Futuro do Investidor, na última edição falamos sobre Fundos imobiliários, caso ainda não tenha lido, clique aqui para ler.

Nesta edição vamos esclarecer o que podemos entender como renda fixa, os principais investimentos desta categoria e a diferença entre renda fixa e renda variável.

Vamos nessa!?

O que é a renda fixa?

A renda fixa costuma ser o ponto de partida para muitos investidores e algo extremamente necessário em todas as estratégias de investimento.

Por ser uma categoria de investimentos com menor risco, também serve para a proteção de parte do patrimônio dos investidores.

Diferente do que muitos pensam, a denominação renda fixa não diz respeito a um investimento que lhe trará retornos fixos.

A renda fixa é a categoria de investimento em que todas as condições são conhecidas desde o começo do investimento.

O mercado de renda fixa é também conhecido como o mercado de dívidas. Isso acontece porque os títulos de renda fixa são instrumentos de dívida.

Neste caso, alguém com dinheiro sobrando (chamado de emissor) empresta esse dinheiro para quem precisa do recurso (essa pessoa é chamada de devedor).

A respeito desse empréstimo é acordado uma taxa de juros. Caso o interessado no dinheiro tenha um risco elevado de não pagar, a taxa de juros desse empréstimo poderá ser maior.

Sempre quando estamos investindo deixamos de usar esse dinheiro no presente para utilizar no futuro. 

Por isso é acordado uma taxa de juros para ter esse dinheiro no futuro, porque além da inflação que corrói o valor do nosso dinheiro, há também o risco de não receber aquele dinheiro no futuro. 

Dessa forma, os juros nada mais são do que a remuneração do dinheiro no tempo. 

Quais são os investimentos em renda fixa?

Títulos públicos

Os títulos públicos são uma forma de emprestar dinheiro ao Governo. Como sabemos, o Governo também precisa de dinheiro para financiar obras públicas ou pagar despesas.

Essa captação de recursos para manter a máquina pública pode ser feita através dos impostos ou da emissão de títulos de dívida.

No Brasil, foi criado o Tesouro Direto, que é uma ferramenta para o investidor pessoa física comprar e negociar títulos diretamente com o Governo.

O título público costuma ser o investimento mais seguro de um País. Isso porque a chance de o Governo não pagar o título é menor e no limite o próprio Governo pode emitir moeda para pagar essas dívidas, ainda que isso não seja tão recomendado e usual.

No Tesouro Direto há diversos títulos públicos para compra e cada um atende a um objetivo diferente

Os títulos públicos disponíveis mais comuns são o Tesouro Selic, Tesouro IPCA e o Tesouro prefixado. 

A partir de janeiro de 2023, o Tesouro Nacional lançou títulos temáticos, para incentivar os investimentos. A partir disso vieram o Tesouro Renda+ e o Tesouro Educa+.

Debêntures

As debêntures são instrumentos de renda fixa em que o empréstimo desse dinheiro é para uma empresa.

A empresa que emite uma debênture pode utilizar esse dinheiro para ampliar a sua estrutura e o seu potencial de lucro.

A remuneração desses títulos de dívida costuma ser maior do que a remuneração dos títulos dos bancos e das demais instituições financeiras.

Claro que o risco do investimento é potencialmente maior. Isso porque esse tipo de investimento não está coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e o pagamento dependerá da capacidade de pagamento da empresa que emitiu a debênture.

CDBs

Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) são títulos emitidos por instituições bancárias.

Na prática, o investidor empresta o seu dinheiro para um banco que devolverá o valor integral com uma taxa de juros.

A maioria dos CDBs costumam ser indexados pela taxa CDI que é muito próxima à taxa básica de juros, a Selic.

Um CDB costuma ter uma data pré-determinada de vencimento, mas há alguns CDBs que podem ser resgatados a qualquer momento, ainda que sejam emitidos com uma data de vencimento.

É sempre importante verificar com a instituição que emitiu o CDB qual é a data de vencimento, a taxa de juros e se existe um valor mínimo para investir.

Alguns CDBs possuem a liquidez diária, sendo estes os mais recomendados para uma reserva de emergência, desde que a rentabilidade seja a partir de 100% do CDI.

Poupança

A poupança é onde os brasileiros mais investem, cerca de 26% das pessoas escolhem esse tipo de investimento, de acordo com a 6ª edição da pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro da Anbima.

Fonte: 6ª Edição Raio X do Investidor - Anbima

Ainda que a poupança seja um investimento popular, a rentabilidade da poupança é a menor de todos os investimentos de renda fixa e em alguns momentos essa rentabilidade pode ser negativa.

Veja abaixo que nos último 6 anos, a poupança teve rentabilidade real negativa em 3 anos, ou seja, em metade de todo o período. Na prática, quem investiu na poupança nestes anos perdeu dinheiro.

Fonte: Remessa Online

A atual regra da poupança determina que quando a taxa Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento será de 70% dessa taxa mais a taxa referencial (TR) que em alguns anos é zerada.

Já quando a taxa Selic estiver acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança será de 0,5% ao mês mais a TR (taxa referencial).

Agora que você viu que a poupança pode ser considerada a pior opção de investimento, deve ter ficado com a dúvida de…

Como calcular a rentabilidade de um investimento?

Para calcular a rentabilidade real da poupança e de qualquer outro investimento, você deve considerar a rentabilidade bruta que foi prometida e descontar a variação da inflação no período.

No exemplo da rentabilidade da poupança em 2023, a rentabilidade de 0,50% ao mês foi somada a TR média de 0,15% ao mês, totalizando 8,03%. Já a variação da inflação naquele ano foi de 4,62%, de acordo com o IBGE.

Ao subtrair a rentabilidade da poupança da inflação (Rentabilidade real = 8,03% – 4,62%), o resultado será de 3,41%.

Portanto, fica claro que a poupança é o pior investimento de todos os listados acima. Ainda que você tenha um dinheiro na poupança não é necessário se desesperar, você pode abrir conta em uma corretora e investir nos demais produtos de renda fixa.

Diferença entre renda fixa e renda variável

A principal diferença entre a renda fixa e a renda variável é o risco do investimento.

Na renda fixa as condições do investimento são determinadas no início da aplicação. Isso ajuda a ter uma dimensão de todas as variáveis que determinarão a rentabilidade da aplicação e os riscos que estão associados àquele investimento.

Já na renda variável as condições do investimento são determinadas por fatores de mercado, gestão da empresa e fatores macroeconômicos.

É possível que o preço de um ativo de renda variável oscile por questões relacionadas à economia do País ou por alguma divulgação/declaração da empresa.

Espero que nesta edição você tenha compreendido o potencial da renda fixa e que considere ter esse tipo de investimento na sua carteira. Para as próximas edições vamos nos aprofundando ainda mais sobre cada tipo de investimento.

Sobre o autor

Diogo Brandão é economista com larga experiência no mercado financeiro, sobretudo em projetos voltados à educação financeira. Foi diretor e professor na ONG de educação financeira Bem Gasto.

Trabalhou nas empresas Suno Research, Levante Ideias de Investimento e Guide Investimentos. Atualmente é copywriter na EQI Investimentos.

Também participou do lançamento da primeira plataforma de streaming a unificar educação financeira, investimentos e notícias.

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