GameDesign (1) - Ele é o mesmo que programa o game?

GameDesign (1) - Ele é o mesmo que programa o game?

VEM PARA LEITURA, PORQUE VOCÊ VAI DESCOBRIR QUE PENSOU ERRADO O TEMPO TODO.

Publicado originalmente em Mundo Pauta.

Uma nova categoria – “Game Design” para tratar de assuntos desse campo, que é pouco conhecido, no entanto acredito que esse pouco conhecido tem dois gumes. Que é exatamente o que quero constar no artigo. O primeiro é que pouco conhecem as funções do GD, e ao mesmo tempo, talvez seja o que mais as pessoas querem ser quando se trata de Game Dev. E acabam muitas vezes dando voltas até acertar o alvo. Vamos lá.

Todo mundo quer criar jogos? Acredito que todo mundo que gosta de um jogo acaba se inspirando e querendo reproduzir o jogo aos seus moldes. E isso acaba provando dois pontos. Ou você quer ser gamedev ou quer ser game design. Não é bem claro, mas todo mundo que lê sobre criar jogos, percebe que tem que aprender uma linguagem de programação, aprender bibliotecas gráficas, ser designer e roteirista. Isso se não for trabalhar em equipe e caberá aprender uma dessas áreas em particular.

Mas sempre nos condicionamos que o único caminho é ser programador. Não estou certo? Pois é, esse é o grande epílogo, pois na realidade pelo o que a gente sabe, a maioria das pessoas deseja ser game dev, mas na hora de perceber o conceito de criar jogos, descobre que tem diversas áreas que atuam em uma criação de jogo, e existem como funções, e não como campo teórico. E aí as pessoas se redescobrem.

CRIAR GAMES NÃO É EXATAMENTE PROGRAMAR.

Como se sabe, nem tudo em um jogo se resume a programar. Na realidade você precisa ter uma concepção do game, planejamento, desenho, paradigmas, mecânicas, gráficos, público, recepção, retorno, o perfil dos personagens, os gatilhos, o level design. Acredita que todos esses campos não são funções de um programador? Exceto aqueles que fazem o game sozinho e acabam misturando essas áreas em uma só. Todas essas funções tem cargos diferentes e nada tem haver com aprender C++.

Já se perguntou o que Hideo Kojima faz nos jogos? Se respondeu programar, vou pedir para repensar. Vamos mais uma tentativa. Se respondeu de novo programador. É por isso que esse artigo foi escrito. Não. Hideo Kojima, Shigeru Myamoto não são programadores. São Lead Designers. Que é isso? Designer Líderes ou seja Game Designers. Esse nome é sob a função de chefe de departamento. Eles são os responsáveis por conceber o game.

Eles lideram todas as equipes. Ilustradores, engenheiros de som, roteiristas, MOCAP, história, level design, personagens e por aí vai. Um rápido teste, vocês sabem algum nome de algum programador do Metal Gear Solid? Ou do Death Strading? Algum do Horizon Zero Dawn? Witcher? Skyrim? Mas você com certeza deve conhecer esses nomes:

  • Pawel Sasko (Lead Designer de Cyberpunk 2077)
  • Hideo Kojima (Lead Designer de Metal Gear Solid, Death Strading)
  • Shigeru Myamoto (Lead Designer Zelda, Super Mario)
  • Michiel van der Leeuw (Lead Designer e Diretor Técnico de Horizon Zero Dawn)

DUAS ÁREAS MUITO DIFERENTES: GAME DESIGN X PROGRAMADOR.

Agora pensa no seguinte. Todas as vezes que vamos pensar em GAME DEV, o que a gente mais pensa? Em como o jogo vai ser? É isso? E depois a gente planeja como os conceitos irão atuar na franquia. Paradigmas, concepções visuais e funcionais. Bem é óbvio que quem for fazer um game sozinho, vai ter que ocupar todas as funções. Mas a maioria das pessoas que se engaja em criação de games volta com a mão abanando justamente por entender que:

  • Programador pensa em: Tecnicidade de hardware e Software, programação, implementação e não se envolve na maioria das vezes nas soluções de criação. Não tem quase ou nenhum visibilidade na publicidade do projeto e tem menos chance de estabilidade trabalhando para outros e precisa pensar em ser empreendedor, para o ‘sonho’ dar certo; (LITERALMENTE UM T.I)
  • Game Designer pensa em: Concepção do projeto do game, características, personagens, artes conceituais de locais, personagens, eventos, gatilhos, level design, audio design, publicidade, venda, distribuição, dlcs, mecânicas, design dos personagens (Tanto visual como funcional). Possui uma participação significativa no projeto, geralmente é o gerente do mesmo e normalmente tem uma autoria no game. (LITERALMENTE O CRIADOR DO GAME)

Essas características vão servir para entendermos uma direção interessante, pode te ajudar. Nós quando queremos criar games, CRIAR, queremos projetar o game. Não implementar, ou seja PROGRAMAR. Quem já se aventurou por GE (Game Enginer, motor de jogo) que só tem codificação e não um editor visual como Unity, Unreal, Godot, já percebeu que passa a maior parte do tempo tendo que ler documentação de código. A parte criativa fica para bem depois. E se você sofre da impaciência com essa parte, é um sinal que você não quer ser o PROGRAMADOR e sim o DESIGNER.

Talvez até não o DESIGNER, pois essa área pode não ser sua profissão também. mas se for, pode ser que esteja criando confusão. Programador é um profissional de T.I que vai implementar o que um projetista elaborou que é um profissional de artes visuais, design gráfico ou industrial. Note que essa é uma realidade prática do mercado e não uma teoria extraída de um livro. E grande maioria das pessoas que querem desenvolver GAMES, veja que não estou totalizando, mas é uma grande amostra, querem é PROJETAR O GAME. E não programar ele.

Muitos criadores de GAMES hoje são DESIGNERS. Não sabem programar uma linha sequer de código. E fazem uso de ferramentas que possibilitem eles dispensarem essa parte. Que é o caso das GE que são funcionais e possuem editores visuais, como:

  • Godot;
  • Unreal;
  • Roblox;
  • Unity; (Em parte, pois é obrigatório programar em C#)
  • CryEngine;
  • RPG MAKER.

Por isso é bem fácil de compreender porque alguns criadores de games, conseguem em 3 anos, desenvolver projetos sozinhos. Se fosse ter que fazer um roadmap de programador, esses anos seriam bem mais. Acontece que a funcionalidade dos programas hoje e a distribuição massiva de scripts é bem democrática e acessível. Logo é menos problemático criar linhas de código, se for necessário.

DE ONDE SAIU QUE CRIAR GAMES É PROGRAMANDO?

Então a filosofia de criar jogos se firmou que todos deveriam programar em C++ ou Java, por ocasião dessa dificuldade que havia nos anos 90. Não tinha informação, não eram GE acessíveis, eram proprietárias, a tecnologia era restrita, era mais difícil conseguir implementar. Então a ideia de criar games permaneceu que devemos saber alguma linguagem de programação. E a história pode ser muito diferente, pois dois motivos:

  • Nós, em maioria, queremos projetar o GAME. E pensamos que a linguagem de programação é o caminho.
  • Acessibilidade atual é bem maior tornando dispensável a programação em muitos casos e o foco no Game Design.

Então, até aqui o que aprendemos?

  • Que talvez nossos objetivos sobre criar GAMES se resuma a parte do PROJETO de Games do que na programação de Games;
  • Que Game Design é mais famoso, mais envolvido no projeto, é normalmente o gerente dele, é a parte criativa e comercial;
  • Que Game Dev é menos envolvido no projeto, normalmente implementa o que foi pensado e está envolvido na parte técnica de informática do que na concepção do game;
  • Que temos uma percepção um pouco distorcida dessa área, e pensamos em querer ser criadores optando por um caminho que achamos que vai nos levar para lá;
  • E confundimos o conceito de GAME DESIGN com GAME DEV.

E o que é GAME DESIGN?

Já falamos exaustivamente durante todo esse artigo. Mas preferi fazer uma comparação e trazer também o ímpeto que muitos de nós temos ao querer trabalhar com criação de games, e nos confundimos com esses conceitos. Mas como a pergunta do artigo é – “O que é?”. Nesta conclusão podemos descrever o GAME DESIGN como o CRIADOR DO GAME.

E podemos também definir que, nós de forma equivocada, definimos como desenvolvedores em um termo mais comum do campo Dev (Developer, ou seja desenvolvedor programacional) como GAME DEV. E achamos que as palavras como PROJETAR, IMPLEMENTAR, PROTOTIPAR, MECÂNICAS, CARACTERÍSTICAS, LEVEL DESIGN, EVENTOS, IA, NPCS, NARRATIVAS se resumem ao programador. E estamos errados.

Estamos errados porque ao pensarmos assim, vamos fazer a trilha do programador e não do designer. O Design tem por etimologia (origem do significado) do inglês – desenho. Que podemos adaptar para o conceito de projeto. Ou seja, o desenho do game é o projeto do game. O processo de criação. Quando a gente joga um jogo como o Horizon Forbbiden West, nós olhamos com um olhar críticos esses detalhes:

  • Mecânica;
  • Aloy e NPCS;
  • Cenários;
  • Questão visual e funcional;
  • Inventário;
  • Árvore de habilidades;
  • Eventos;
  • Bugs;
  • História;
  • Escolhas e mudança de caminhos;
  • Personalização;
  • Contexto.

Mas já parou para pensar que a gente não pensa qual seria o melhor caminho em programação que resolveria ou melhoria alguns desses pontos? Ninguém pensa que a chamada de uma biblioteca melhoria o desempenho do game e nem qual linguagem de programação seria ideal para cada tipo de item listado. Originalmente pensamos no conceito de projeto e design de cada item, no planejamento. Não pensamos em campo científico de informática. Pensamos em criatividade e ideias sobre o projeto.

E nós quando queremos criar GAMES, pensamos como DESIGNER, desejamos trabalhar como DESIGNER, mas optamos por aprender programação no lugar de DESIGNER. E apesar de programação ser a parte que torna os elementos pensados e criados em uma funcionalidade, hoje não necessariamente precisamos de um programador. Ou seja você não precisa ser um programador, mas precisa ser um DESIGNER.

GAME DESIGN é o autor do game. Por si só, o desenvolvedor do game. E assim, o GAME DEV.

João Vitor Muniz Buarque

Professor de Artes | Designer Gráfico ► Área Criativa | Design

1 a

Isso aí, Rafael Junqueira! Não sei de onde saiu esse esteriotipo de que game designers são programadores. Claro, devem ter aos montes, talvez até a maioria. Mas são coisas diferentes! O cerne do design é justamente o projeto em si! Talvez pelo fato de que a programação "mova" o jogo... Eu tô nessa luta. Mesmo que como hobby haha viso num primeiro momento jogos analógicos, mas quem sabe isso não evolua para digitais? Eu mesmo possuía esse pensamento: de que para participar dessa área mais "criativa" (por assim dizer) era necessário programar. Mas não! Design é projeto! É projetar algo! Muito bom seu artigo!

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