Gamificando coisa séria: Assédio Moral/Sexual

Gamificando coisa séria: Assédio Moral/Sexual

Esta semana dei uma mentoria para um grupo de profissionais de RH. Tivemos uma conversa muito boa sobre os desafios da área de RH e como a gamificação e o design comportamental podem ajudar. Um ponto que foi bastante discutido foi como combater o assédio moral/sexual dentro das empresas. Eu comecei sem saber muito bem se poderia ajudar num tema desse tipo, mas resolvi aplicar o processo que eu normalmente uso e o resultado foi fantástico.

Percebemos que atacar um problema como esse passa, em primeiro lugar, por identificar os stakeholders da questão, que vão muito além de quem assedia e de quem é assediado. É preciso saber que a cultura da empresa, como um todo, influencia essas atitudes. Qualquer um sabe o tamanho do desafio que é mudar uma cultura organizacional, um desafio que tem tudo para dar errado. Um esforço hercúleo e que precisa do envolvimento de cada colaborador, do CEO ao estagiário. Algo abrangente e que gera muita resistência pois está alinhado com uma cultura machista que é externa à empresa e muito mais difícil de mudar. A boa notícia é que Gamificação é perfeita para mudar hábitos e a cultura de uma empresa nada mais é do que o conjunto dos hábitos exercidos no ambiente de trabalho.

Depois que o assédio já aconteceu é mais difícil ajudar com Gamificação, mas analisando o processo como um todo, percebemos que existem duas frentes de atuação possíveis:

·       Dar segurança de que o assediado pode reportar o ocorrido e

·       Criar uma cultura onde o assédio seja visto como algo errado

Cada uma dessas frentes necessita de um conjunto de mecanismos diferentes. Por exemplo, pode-se criar uma política corporativa que impeça o desligamento de uma pessoa até que seja feita uma investigação interna de um relato de assédio.

“Mas o que isso tem a ver com jogo? Cadê os pontos? O ranking? Os personagens engraçadinhos?”

É exatamente esse o ponto, Design Comportamental é a definição de qualquer mecanismo, venha ele do Game Design ou não, para gerar ou incentivar um comportamento desejado. Obviamente que a criação de uma política assim é, por si só um desafio. Entramos então num nível mais profundo de Gamificação que é entender o jogo corporativo existente. Quem são os jogadores (Executivos, C-level, Parceiros estratégicos, etc)? Como eles exercem e mantêm poder? O que poderia ameaçar esse poder?

Todo monstro tem um ponto fraco fundamental. Para se entender melhor como criar a política de proteção ao assediado é preciso antes jogar esse jogo, criar essa matriz estratégica de comportamentos desejados de cada envolvido e só então jogar os dados.

Você estava achando que Gamificação era só pontinhos e personagens de videogame retrô? É muito mais que isso.

#BoraGamificar ?

Maravilhoso artigo, Gustavo. Este tema por si é muito polêmico e delicado. Você foi muito feliz na abordagem. Parabéns.

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