Gestão de Produtos de Software e Gestão de Desenvolvimento. É tudo a mesma coisa?

Gestão de Produtos de Software e Gestão de Desenvolvimento. É tudo a mesma coisa?

Conversa de bêbado

Era um dia de semana quase perdido: vôo saindo atrasado, no meio do dia, rumo ao outro lado do nosso país continental.

Já estávamos no meio da tarde quando cheguei no cliente - uma grande empresa de software que havia contratado um diagnóstico.

Resolvemos começar as entrevistas, pelo Diretor de Produtos. Pelo menos era assim que meu contratante o chamava. Eu precisava falar com quem decidia a estratégia de produtos como um todo.

Chegando na sala de reuniões, comecei a conversa  com o Diretor:

  • Então, você é o responsável pela definição dos novos produtos?
  • Sim, a fábrica toda responde pra mim: todos os gerentes, analistas e programadores estão na minha diretoria.
  • Sei...mas com relação a gestão de produto...fica na fábrica?

O diretor com a testa franzida, me lembrou daquele slide da aula de comunicação interpessoal que fala de comunicação não verbal, "Caras e bocas de pessoas que não entenderam nada do que você disse". Mesmo assim tentamos negociar um protocolo de comunicação, quando ele reforçou a mensagem:

  • Sim, é aqui na Diretoria de Desenvolvimento que criamos os produtos!

Esta é a conversa que eu teria muitas e muitas vezes depois, em empresas de software de vários tamanhos e segmentos diferentes, com donos, diretores e gerentes. Quem cuida do desenvolvimento, cuida do produto!

Afinal, se somos uma empresa de desenvolvimento de software e nosso produto é software.... quem cuida do produto cuida do desenvolvimento!



A gestão de desenvolvimento de software
Mas afinal, qual a diferença entre gestão de desenvolvimento e gestão de produto?

Vou começar pelo que toda empresa de software possui: o desenvolvimento.

Os processos de gestão de desenvolvimento, tem como objetivo, garantir que o cliente receba o software que comprou. Cliente interno, cliente externo, tanto faz. Também não importa se quem paga é quem vai usar ou quem desenvolveu. Alguém vai cobrar a entrega das expectativas geradas, formalizadas ou não.

Os gestores desta área costumam ser experts em Engenharia de Software, em Metodologias Ágeis ou Tradicionais, falam de qualidade, testes automatizados, sprints de desenvolvimento, capacidade produtiva, ferramentas de desenvolvimento, produtividade, etc.
Existe um grande acervo de conhecimento nesta área: desde formações a nível técnico, graduações, livros, associações, até programas de pós graduação de todos os níveis.  A esta altura, você já deve ter lembrado de gente que conhece trabalhando nesta área.

Agora, vou falar de algo que nem toda empresa de software possui: o gestor de produto.

Obviamente que eu me refiro agora, as empresas de software que possuem produto próprio (de acordo com a ABES 2015, são cerca de 9.300 empresas responsávei por uma receita de US$ 11,2bi em 2014).

Os processos de gestão de produto, estão mais ligados à disciplina do Marketing.

Onde começa a gestão do produto

A gestão do produto dentro do segmento de software, tem início com a mesma pergunta de qualquer segmento: temos recursos para investir em novos produtos - onde teremos maior retorno?
O retorno aqui, geralmente é uma variável condicionada a estratégia da empresa no momento da decisão: lucratividade, receita, market share, imagem, satisfação do cliente, etc - ou uma combinação destes.

O gestor de produto participa de congressos, feiras, grupos de usuários e entende muito do mercado em que atua: quem compra, como compra, se existem concorrentes, quais são, quanto o cliente pagaria por uma oferta e assim por diante. Também organiza as várias idéias de novos produtos que vem da própria empresa: da área comercial, de suporte, implantação e assim por diante.

A partir de todas as informações que reúne, consegue identificar oportunidades e atua junto com o gestor de desenvolvimento para criar estimativas de investimento num determinado produto. Também consegue criar estimativas de custos de lançamento, promoção, projeções de vendas, manutenção, etc.

Com a informação de potencial de mercado e com as estimativas  de investimento em mãos o gestor de produto apresenta um na mesma lógica de um plano de negócios, ele se submete a um comitê que analisa e escrutina suas teses - não com a finalidade de destruir as idéias, mas sim testar a consistência das propostas. Este processo tem várias configurações diferentes, mas o objetivo é um só: garantir que o portfolio de produtos esteja servindo aos objetivos estratégicos das empresas.

O final da conversa

Para não provocar mais as caras e bocas de estranheza, aprendi a fazer algumas perguntas diferentes, que ajudam a descobrir se existe ou não um gestor de produto atuando na empresa e quem é - mesmo que disfarçado de outra coisa, como analista de negócios, dono, gerente de vendas...

  • Os novos produtos são desenvolvidos a partir de solicitações dos clientes atuais?
  • Quem define os preços dos produtos e quais são os critérios?
  • Qual o produto mais rentável do seu portfolio? E o menos rentável?
  • Qual produto sairá do portfolio este ano?
  • Você tem dificuldade em lançar novos produtos?
  • Alguns produtos estão estagnados? Não vendem? Não evoluem?
  • Você investe recursos financeiros e humanos em projetos que não dão certo?
  • Você não tem método para identificar onde alocar as horas de desenvolvimento da fábrica de software para obter um máximo retorno?

Esta é só uma parte do trabalho do Gestor de Produtos, que tem a ver com lançamento ou relançamento de ofertas.

Você pode aprender mais sobre o papel do gestor de produto, incluindo ferramentas e melhores práticas, no curso de Product Launch, que acontecerá on-line e ao vivo dias 15 e 17/03/2016. Inscreva-se aqui!

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