Gestão em Pauta #12: recuperação judicial ou extrajudicial?

Gestão em Pauta #12: recuperação judicial ou extrajudicial?

Sejam bem-vindos ao Gestão em Pauta, o boletim mensal da Galeazzi & Associados. Na última semana de cada mês, você recebe análises exclusivas, tópicos para ficar de olho e pontos de vista da Galeazzi & Associados sobre o que movimenta o mercado e os negócios para que você incremente seu planejamento e tome decisões melhores a partir de insights e visão dos nossos profissionais.

No último domingo (28), o mercado foi avisado do acordo de recuperação extrajudicial (RE) assinado pelo grupo Casas Bahia junto a dois de seus principais credores, os bancos Bradesco e Banco do Brasil. De acordo com as notícias, como esta do Valor Econômico, a gigante varejista terá 72 meses para pagar R$ 4,1 bilhões de sua dívida bruta, com queda de 1,5 ponto percentual no custo médio. 

Como Bradesco e Banco do Brasil, correspondentes a cerca de 55% dos credores das Casas Bahia, aprovaram a recuperação via extrajudicial, o restante dos credores será "forçado" a aceitar o instrumento estabelecido (essa é a principal diferença entre um processo de recuperação judicial e de recuperação extrajudicial. Neste último, se a empresa consegue o apoio da maioria simples dos credores envolvidos na negociação, submete esse acordo ao judiciário, solicitando a homologação, agilizando bastante todo o procedimento).

Com isso, a expectativa é que a empresa economize R$ 4,3 bilhões do seu caixa até 2027, referente aos valores previstos para o pagamento das dívidas no período. As razões que levaram a esse momento crítico pela varejista estão sendo especuladas por toda a mídia, como o descontrole com o caixa nos últimos anos e todo o esforço (e pouco retorno) adquirido com sua estratégia digital.

No entanto, para além dos motivos, há três pontos importantes que devem ser entendidos e discutidos por empresas ou empresários que vejam na notícia uma alternativa para negociação de suas dívidas.

  1. Embora o ano de 2024 já esteja entrando em maio, o humor da economia continua o mesmo. Isso significa que a necessidade de renegociação de dívidas continua em alta (inclusive, como mostram pesquisa após pesquisa lançada pós-janeiro).
  2. Escolher a RE como ferramenta pode ser interessante, especialmente quando há uma concentração grande das dívidas em poucos credores. Para as Casas Bahia, a aprovação de dois credores foi suficiente. Porém, no caso de dívidas mais dispersas, a escolha pela RE pode ser um pouco mais complexa e difícil de ser colocada em prática.
  3. As empresas devem procurar soluções que sejam definitivas, ao invés de cair na tentação de soluções paliativas. A varejista havia feito uma renegociação recente de suas dívidas e percebeu que a alternativa não seria sustentável, o que a levou para a RE, com prazo mais alongado e condições favoráveis.

O juízo competente deferiu o processamento do pedido de homologação do plano de RE ajuizado no dia seguinte, demonstrando que tudo foi feito dentro dos parâmetros legais exigidos. Agora, resta observar os desdobramentos da implantação do plano com os outros credores, além de acompanhar a execução do plano de reestruturação traçado pela varejista. 

Boa leitura!


Uma reflexão para o mês que se inicia

“Se levarmos em conta que a conjuntura atual propõe obstáculos de alta complexidade, especialmente diante do comportamento acelerado do consumidor e das instabilidades nas políticas e economias mundiais, de fato, a pessoa CEO deve ter uma mescla de conhecimentos operacionais e estratégicos, habilidade de liderar equipes em momentos de mudanças, ter sensibilidade e faro para a inovação e estar aberto para ouvir, seja os funcionários, seja o mercado.”

Claudio Santos , diretor executivo da Galeazzi & Associados


3 tópicos quentes para monitorar

  1. Taxa de juros em alta: com a combinação da alteração da meta primária para 2025, das tensões geopolíticas e da política monetária do Federal Reserve, os negócios devem se preparar para uma queda de juros menos intensa do que a esperada.
  2. Pagamentos instantâneos: Brasil alcança a segunda posição no mundo entre países que mais utilizam o pagamento instantâneo, com grande empurrão do Pix – por isso, se esperam mais novidades em termos de transações rápidas e seguras, em especial nos negócios.
  3. Inovação em seguros: a partir do crescimento forte de receitas em 2023 e previsões otimistas para 2024, o mercado de seguros brasileiro desponta como o principal ecossistema de insurtechs (e, portanto, de inovação) da América Latina.


O que pensam nossos diretores executivos

Na esteira da notícia das Casas Bahia, tratada na introdução desta newsletter, o número de empresas em RJ no Brasil segue em alta, infelizmente. Somente no primeiro trimestre de 2024, 4.203 companhias disseram estar em processo de reestruturação de débitos, crescimento de 3,9% na comparação com o trimestre anterior. 

Grande parte dos negócios em RJ, assim como o caso da intro, pertencem ao segmento do varejo. Seja pela dominância do digital, pelas altas da taxa de juros ou pela ineficiência de modelos de negócios, varejistas têm sofrido para virar o jogo, e nosso diretor executivo Luís Felício investiga os três principais motivos de tal endividamento.

É importante ressaltar que esses motivos independem do segmento de atuação das empresas em questão, todo e qualquer tipo de negócio pode se deparar com uma situação grave que leve a um processo de recuperação. E embora seja encarado por muitos como o motor da economia brasileira, o agronegócio não pode ser categorizado como um ramo intocável. Números da Serasa Experian, por exemplo, indicam que os pedidos de RJ entre os proprietários rurais do País aumentaram 535% em 2023 na comparação com o ano anterior.

Tal cenário, é claro, tem provocado dores de cabeça sérias não só para os atores, pequenos e grandes, mas especialmente para o governo. Como saída, a criação do Reorg (Fiagro baseado na dívida rural) promete auxiliar proprietários no processo de reestruturação de dívidas, de maneira a reduzir pedidos de RJ. No entanto, para nosso diretor executivo Bruno de Queiroz , essa solução ataca apenas as consequências do endividamento, não as causas, conforme você confere aqui.

Contudo, todos os diretores da Galeazzi são unânimes: seja no varejo, no agronegócio ou em qualquer outro setor, as razões que levam os negócios à falência ou ao pedido de recuperação judicial ainda são pouco exploradas em profundidade (nas companhias em si e até pela imprensa).

Segundo Felício, a partir do conhecimento adquirido durante 40 anos junto a empresas em momento de crise, dois fatores são primordiais e abrem “portas” para uma onda destruidora que pode levar à recuperação: a perda de eficiência e o aumento do endividamento. Mas de que forma é possível identificar o surgimento desses fatores? Felício listou os sinais de perigo em dois artigos exclusivos:

Artigo 1: a perda da eficiência.

Artigo 2: o aumento do endividamento.

Mas para além de eficiência operacional e controle de caixa, conforme bem lembra Bruno de Queiroz neste post, fatores macroeconômicos continuam a exercer forte impacto na gestão financeira de negócios brasileiros. O patamar de inadimplência em setores diversos continua alto – e isso pode ser até visto no mercado de fundos de investimento em direitos creditórios.

Dessa maneira, o mantra do empresário deve continuar sendo o equilíbrio entre cautela e organização para encontrar o caminho de uma gestão sustentável e estável.


Desafios reais, estratégias reais

O setor de transportes rodoviários no Brasil é dos mais pulverizados, com cerca de 30 principais players com apenas 12% de market share. Com o desafio de aumentar sua receita B2B, um grande grupo de transportes solicitou à Galeazzi & Associados uma estratégia de crescimento diferenciada. Saiba o que o escritório planejou para garantir essa virada em mais um case de sucesso.

 

Receba as próximas edições da newsletter Gestão em Pauta! Basta clicar no botão "Assinar", no topo da página, à direita.


Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Galeazzi & Associados

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos