Gostaria de ter nascido judeu, lógica é fundamental

Eu nunca vi um raciocínio tão preciso quanto o de um judeu. Um dos melhores empresários que já vi trabalhando era judeu e um dos clientes mais habilidosos com quem negociei era judeu, também. Quando você é dono de um raciocínio e de uma lógica precisa é muito difícil haver uma contra-argumentação. Simplesmente, não há defesa a ser feita para um ponto de vista claro e objetivo, mesmo que a praxe de mercado de uma negociação diga o contrário. O judeu consegue visualizar um ponto de vista lógico diferente daquilo que se pratica. É simplesmente fantástico, é aniquilador! Li um livro há uns meses, chamado "O Físico". O livro relata muitos temas das regras e padrões do judaísmo e muitos deles são muito interessantes e didáticos. O ponto é que em uma das histórias a relevância da lógica foi tratada de uma maneira fantástica, olhem só:

Um dos homens mais sábios da aldeia de judeus que Rob Cole havia parado para descansar, em sua viagem à Ispahan, era o melhor amigo do rabino da aldeia, mas um dia os dois discutiram porque em um dos rituais, depois do rabino haver matado uma de suas vacas para consumo da aldeia, esse senhor encontrou na vaca do Rabino uma mancha interior e disse que a vaca não servia para ser consumida porque tinha um defeito. O Rabino discordou e disse que isso não era relevante para que a vaca não fosse consumida. No final, a vaca foi levada para o açougueiro da cidade e não foi consumida pelos judeus, deixando a relação estremecida e depois do fato, deixaram de se falar. Depois de vários anos, as famílias já não se falavam, um noivado havia se desfeito, ou seja, tudo por causa de uma questão que a maioria de nós cristãos não entendemos... bom, o ritual se repetiu e depois que abriram a vaca, esse mesmo senhor disse: a vaca não serve para o consumo, novamente. A faca que matou a vaca tem um defeito em seu gume... o filho do Rabino, de pronto, se atirou contra o judeu que novamente estava "melando" o ritual de seu pai. Foi então, que veio a sabedoria de um judeu. O rabino se levantou, pediu que seu filho se afastasse e disse: deixe-me ver... ele tem razão, se a faca está com defeito é um defeito nosso, nós que erramos e um erro cometido pelo homem não tem discussão, está errado! Ao contrário do que aconteceu na vez passada, houve uma discussão sobre uma particularidade da natureza do animal que era perfeitamente discutível. Neste caso, está errado! Levem a vaca para o açougueiro da cidade e vamos sacrificar outra vaca com o procedimento correto como a nossa religião permite e assim nos ensinaram. Pois então, sacrificaram outra vaca e dessa vez tudo ocorreu sob a mais perfeita ordem e a aldeia se encheu de alegria! O rabino voltou a falar com o seu velho amigo, seus filhos voltaram a marcar a data do casamento e tudo se saiu bem. Isso porque em uma hora de stress a lógica é fundamental. A sabedoria em tomar uma decisão correta pela lógica através de uma maneira de pensar que passa de geração em geração por mais de milênios é o diferencial para que a solução correta seja encontrada nos mais variados tipos de problemas e pensamentos e na hora correta sem causar maiores prejuízos.

Já morei em 3 países diferentes, Reino Unido, Espanha e Brasil e em três grandes cidades, Londres, Madri e São Paulo. Bom, a principal diferença que notei é que em São Paulo há vários procedimentos, nos quais é muito difícil encontrar uma lógica. Muitas vezes, não existe bom senso na hora de proceder. Logo que cheguei da Espanha, abri um comércio e no começo não entendia nada dos tributos, taxas e muito menos da precificação realizada no mercado brasileiro. Não tinha ideia do que deveria ser pago ou não. Começaram a chegar vários impostos e taxas que não tinha ideia do que era. Claro, o único imposto que conhecia, na Espanha, era o I.V.A. (Impuesto de Valor Agregado). Um imposto comum europeu atribuído para cada tipo de serviço ou fabricação que você realizava e pagava de acordo com o ramo da atividade que você exercia. E claro, você cobrava o IVA do consumidor final, mas também, descontava daquilo que você pagava. Ou seja, a carga tributária que girava no mercado fazia muito mais sentido para mim do que a que se praticava aqui.

Começaram a me cobrar impostos, taxas sindicais de sindicatos que nem sabia que existiam, taxas por veiculação de placas fora do estabelecimento, ou melhor, placa da minha logomarca na parede do meu estabelecimento... Enfim, um monte de atribuições e deveres que por mais que tentasse encontrar uma lógica para todo aquela carga, não conseguia nem sequer encontrar uma lógica para ter e manter um negócio aberto. Muitas vezes aqui no Brasil, existem empregados que ganham mais que os próprios proprietários e isso por que? Qual a lógica disso? O porque posso até tentar dar a minha explicação, acredito que o peso e o risco de um negócio consomem todo o lucro que o empresário imagina que vai conseguir e às vezes, ele até consegue um bom market up e acumula um certo lucro... até vir a primeira onda e levar todas as suas reservas embora. Bom, é aí que entra o raciocínio do meu texto, gostaria de ter a lógica de um judeu. Quando você tem uma lógica correta, pensa da maneira correta e mais que isso, desenvolve pensamentos com a lógica correta, tudo funciona bem! Onde quer que você esteja, os cenários são montados de maneira lógica e é muito difícil que existam desvios muito acentuados da reta que você traçou...

Bom, esse texto fiz porque sempre admirei a forma com que os judeus fazem negócio e notei que eles não aprendem a fazer negócio, eles já nascem com isso na veia, é fantástico! Sou cristão, amo Jesus Cristo, mas a sabedoria de um judeu é algo sublime...

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