"Governança Ágil e Eficiente em Startups: Estruturas para Crescimento, Inovação e Sustentabilidade"
Por Robson Liz
A percepção que tenho, é que o mercado é um excelente e cruel balizador de competitividade nos mundos dos negócios.
De forma geral, podemos perceber que existe muitas empresas no mundo, que começaram com um sonho do fundador, coragem e determinação, fatores chaves de sucesso para o desenvolvimento destas empresas até então.
Generalizando, aqui me permito fazer isto, cresceram e atingiram maturidade e sucesso sem jamais pensar em estruturar um modelo de governança, quiçá, minimamente estruturado. Assim sendo, pergunto se precisamos de fato de estabelecer um modelo de governança nas organizações?
Quais as razões que levam a grande maioria das startups a buscar, ainda em sua fase inicial (semente) buscar desenvolver seus negócios, dentro de um modelo de governança?
A resposta para estas perguntas, está longe de ser simples.
Não podemos retirar o mérito dos empresários, que conduziram as suas empresas, com as ferramentas que tinham e mesmo assim, conseguiram construir impérios e gerar forte impacto na sociedade, gerando emprego, desenvolvimento regional e distribuição de riqueza.
As startups, tem como grande objetivo, principalmente em seus primeiros anos de vida, mostrar para os pretensos investidores, o valor que esta empresa terá no futuro. Assim sendo, estabelecer um base de governança forte, traz ,para os olhos de fora da organização, uma percepção de que, não somente o dono (Founder) acredita no negócio, mas que também estão suportando por pessoas de fora da organização, que também geram credibilidade para o negócio.
Mas, como podemos definir o que é um modelo de governança?
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o modelo de governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e outras organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo a relação entre acionistas, conselho de administração, diretoria e demais partes interessadas. O IBGC destaca que uma boa governança deve assegurar que a organização atue de maneira ética, transparente e responsável, maximizando seu valor de longo prazo.
Os princípios fundamentais, conforme o IBGC, incluem:
1. Transparência: Disponibilizar informações que sejam de interesse dos stakeholders de forma clara e acessível.
2. Equidade: Tratar todos os stakeholders de forma justa, sem privilégios.
3. Prestação de Contas (Accountability): Os gestores e o conselho devem ser responsáveis por seus atos e pelas consequências de suas decisões.
4. Responsabilidade Corporativa: O compromisso com a sustentabilidade, levando em conta o impacto social e ambiental das atividades da organização.
Esses princípios são a base para a criação de valor, a preservação da integridade da empresa e a melhoria contínua da governança corporativa.
Neste processo, o conselheiro tem um papel fundamental para o estabelecimento de um bom modelo de governança e gerar credibilidade ao mercado, sobre a atual gestão da empresa e que também a sua base de crescimento ( modelo de negócio) esteja bem definida e que o seu plano de negócio sustente o seu tão almejado crescimento.
Para aprofundar os aspectos do modelo de governança em startups eficientes, é importante explorar cada elemento com maior detalhe, considerando as características específicas de startups em seus diferentes estágios de desenvolvimento. Vamos aprofundar os pontos mencionados:
1. Estrutura Simples, Mas Funcional
- Fase inicial: Durante os primeiros meses ou anos, a estrutura de governança tende a ser bastante informal. Os fundadores geralmente assumem múltiplas funções, e decisões são tomadas rapidamente. No entanto, mesmo em um estágio inicial, é vital definir papéis e responsabilidades de forma clara, ainda que a equipe seja pequena. Isso pode evitar conflitos de interesse e garantir que as funções estratégicas (desenvolvimento de produto, marketing, vendas e finanças) sejam bem cobertas.
- Fase de crescimento: À medida que a startup cresce, uma estrutura mais formal se torna necessária. Isso inclui a criação de um conselho consultivo para oferecer orientações e preparar a empresa para as demandas de escalabilidade. A governança eficiente deve evoluir junto com a organização, incorporando especialistas em áreas estratégicas e adicionando membros externos com experiências complementares.
2. Conselho Consultivo/Administrativo Enxuto
- Composição do conselho: Em startups, é comum ter um conselho menor, muitas vezes formado por 3 a 5 pessoas. O foco deve ser trazer indivíduos que, além de investidores, o chamado “smart money,”,sejam capazes de oferecer expertise prática em áreas como tecnologia, marketing digital, desenvolvimento de produto, operações e finanças. A ideia é ter conselheiros que possam acelerar o crescimento e trazer insights externos relevantes.
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- Papel do conselho: Mais do que simplesmente aprovar decisões, o conselho deve atuar como parceiro estratégico. Ele deve ser consultado regularmente, mas sem impor burocracia excessiva, permitindo que a equipe executiva continue ágil. O conselho é um recurso para debater decisões críticas de produto, expansão de mercado e captação de recursos, e para garantir que a startup esteja preparada para as próximas fases de desenvolvimento.
3. Alinhamento Entre Fundadores e Investidores
- Expectativas claras: Um dos aspectos mais críticos da governança em startups é o alinhamento de interesses entre fundadores e investidores. É essencial definir, logo no início, quais são as expectativas em termos de retorno sobre investimento, horizonte de tempo, e, principalmente, o equilíbrio entre controle e crescimento. Investidores anjos e fundos de venture capital podem ter expectativas distintas sobre o tempo de retorno, o que impacta a dinâmica de governança.
- Mecanismos de controle: Muitas startups enfrentam desafios relacionados à perda de controle por parte dos fundadores após rodadas de investimento. Governança eficiente implica estabelecer cláusulas contratuais que protejam os fundadores de diluições excessivas e assegurem seu papel no controle estratégico da empresa, enquanto equilibram as demandas dos investidores por resultados.
4. Foco em Inovação e Agilidade
- Processo decisório ágil: Startups operam em mercados dinâmicos e, para serem competitivas, precisam de um processo de governança que facilite decisões rápidas. Para isso, devem contar com processos claros de aprovação de projetos e alocação de recursos, que envolvam os principais stakeholders (fundadores, conselho e líderes de áreas críticas) sem tornar a organização lenta ou burocrática.
- Cultura de experimentação: A cultura de inovação é essencial, e a governança deve apoiar isso. Isso significa encorajar a equipe a experimentar novas ideias, mesmo correndo riscos calculados. Para startups, o fracasso em pequenas experimentações é uma fonte valiosa de aprendizado, e o conselho deve estar alinhado com essa visão, em vez de punir os erros.
5. Transparência e Comunicação Eficaz
- Relatórios regulares: Governança transparente implica relatórios financeiros claros e regulares. Mesmo que a startup ainda não tenha um sistema sofisticado de contabilidade, é crucial fornecer visibilidade sobre fluxos de caixa, resultados de projetos e indicadores de performance-chave (KPIs). Isso ajuda a construir confiança com investidores e garante que todos estejam alinhados com a situação real da empresa.
- Comunicação interna e externa: A startup deve cultivar uma cultura de comunicação aberta, tanto internamente (com a equipe) quanto externamente (com investidores e stakeholders). Isso pode incluir reuniões regulares com o conselho e atualizações frequentes sobre progresso e desafios.
6. Cultura de Governança Evolutiva
- Governança escalável: Uma startup eficiente precisa de um modelo de governança que evolua com o crescimento da empresa. No início, isso pode significar reuniões informais entre fundadores e investidores. Com o tempo, a governança deve se tornar mais estruturada, com a implementação de políticas e processos que garantam que a tomada de decisão acompanhe o crescimento sem perder a agilidade.
- Fases de desenvolvimento: Durante a fase de crescimento, a startup pode precisar diversificar sua governança com a inclusão de comitês especializados, como comitês de auditoria, compliance ou de inovação. Esses comitês podem ser temporários ou permanentes, dependendo das necessidades estratégicas.
7. Gestão de Riscos Proativa
-Identificação de riscos: Governança eficiente implica a capacidade de prever e mitigar riscos. Isso inclui tanto riscos financeiros (fluxo de caixa, endividamento, captação de recursos) quanto riscos operacionais (problemas de escala, falhas no produto, disputas trabalhistas). Startups, por natureza, operam em ambientes de risco elevado, e a governança deve incluir uma abordagem estruturada para mapear e mitigar esses riscos sem impedir a inovação.
- Riscos regulatórios: À medida que as startups crescem, muitas vezes entram em mercados mais regulados, o que exige conformidade com leis e normas. Governança eficiente deve incluir a adaptação a novos requisitos regulatórios e a proteção de ativos estratégicos, como propriedade intelectual.
8. Sustentabilidade e Responsabilidade Social
- Incorporação de práticas sustentáveis: Mesmo em seus primeiros estágios, startups modernas podem se beneficiar de integrar práticas sustentáveis e socialmente responsáveis desde o início. Isso não só melhora a reputação da empresa como atrai investidores que priorizam ESG (Environmental, Social, and Governance). A governança pode orientar como incorporar esses princípios em decisões de produto, gestão de equipe e impacto social.
- Valor de longo prazo: A governança que considera sustentabilidade e impacto social ajuda a criar valor de longo prazo, ao construir uma base de clientes e parceiros que valorizam essas práticas, além de preparar a empresa para atender a padrões mais elevados de responsabilidade corporativa conforme ela cresce.
Conclusão
O modelo de governança das startups mais eficientes é aquele que consegue balancear simplicidade e agilidade com mecanismos de controle e responsabilidade. Ele deve evoluir com a empresa, passando de uma estrutura mais informal e orientada pelos fundadores para um sistema mais formal, com conselhos consultivos ou administrativos. Ao garantir transparência, inovação e gestão proativa de riscos, esse modelo permite que a startup cresça de forma sustentável, mantendo a flexibilidade necessária para se adaptar a mudanças rápidas no mercado.
Why Startups Fail: A New Roadmap for Entrepreneurial Success, by Tom Eisenmann (Currency, 2021)
@BoardAcademy; #FDC
Conselho Consultivo | Gestão Empresarial | Planejamento Estratégico | Governança Corporativa | Investidor de Startups
1 mParabéns pelo texto Robson, tema cada vez mais em voga no mundo corporativo, alcançando as startup's ainda na fase embrionária!
Gerente de Produção e Operações / Gestão de Pessoas / Gestão de Contratos
1 mParabéns Robson Liz de Almeida . Modelo extremamente eficaz, quando conduzido, suportado pela Alta Administração. Vamos em Frente!
GESTOR REDE BRASIL
2 mInteressante
Engenheiro Civil/Segurança do Trabalho
2 mParabéns, Robson.